Era isso, havia devorado o livro “Lua Vermelha” completamente e estava bastante chocado com o final. Se eu pedisse a continuação para Eric, seria estranho? Estava com vergonha de ele achar que estava aceitando o fato de poder ser gay, mas a curiosidade e vontade de ler o próximo eram maiores.
Decidi tomar um demorado banho. Sempre conseguia pensar melhor embaixo do chuveiro, sentindo a água cair sobre meu corpo. Então passei um bom tempo lá embaixo. Dificilmente Eric se irritaria com o valor das contas de água e eletricidade.
A forma que me sentia com Eric me tocando não era normal. Por que estava negando a mim mesmo o fato de ser gay? Não era algo errado. Não era isso. Eu nunca tive preconceito. O problema era a forma que descobri e com quem: alguém que havia me comprado e sentia-se meu dono. Eu só podia estar louco.
Ao sair do banho, percebi o quanto estava nervoso e ansioso para a noite. Agora não tinha tanta certeza assim se era uma boa testar Eric. Ele podia me surpreender e agir de forma inesperada, mas minha mente não parava de questionar suas verdadeiras intenções. Eu simplesmente precisava saber o que ele sentia por mim. Se me tratava carinhosamente às vezes porque gostava de mim, ou se, na verdade, sempre me viu como um brinquedo.
Negar sexo a ele não era suficiente. Ele já havia demonstrado se irritar quando recebia “não” como resposta. Precisava ser mais direto. Fazer perguntas das quais precisava ouvir as respostas.
Claro que havia a chance dele mentir para mim. Dizer o que eu queria ouvir. Mas por que faria isso? Eu lhe pertencia agora e ele tinha total controle sobre mim. Então a probabilidade de me contar a verdade era maior.
Aguardei sentado no colchão, o que pareceu uma eternidade, esperando que a porta fosse aberta por ele. Até que finalmente Eric chegou. Encarou-me durante alguns momentos e abriu um sorriso. Em sua mão estava uma sacola. Será que havia comprado mais roupas? Se fosse para mim e fossem brancas, jurava que podia fazê-lo engolir. Cor detestável.
- Não vai me dar um beijo de boas-vindas? – ele perguntou, aproximando-se. Não respondi nada, ele então se sentou ao meu lado para me beijar. Deixei que usasse meus lábios. Agora não parecia tão ruim em relação às outras coisas que havia feito comigo. Talvez um beijo não fosse tão íntimo para ele, quanto era para mim – Você está bem? – perguntou, assim que separou nossas bocas.
- Estou sim, por quê? – questionei.
- Está quieto... E isso é estranho.
- Só estou entediado – menti. A verdade era que eu estava ansioso e nervoso para testá-lo.
- Então vem comigo, que darei algo para você se divertir – Eric falou levantando-se e me puxou pelo braço, até seu quarto.
Assim que chegamos ele tirou minha camisa, e jogou-a no chão para então me empurrar, fazendo-me cair deitado sobre sua cama. Ele pegou uma caixa de dentro da sacola que carregava, e assim que a abriu tirou de lá um frasco de perfume muito bonito. Eric subiu sobre mim com ele na mão.
- Eu amo este perfume e adoraria senti-lo em você – falou e espirrou a fragrância em meu peito e pescoço, para depois cheirar minha pele alva com vontade – Maravilhoso! – comentou e largou o frasco no chão em seguida.
- De quem era esse perfume? – perguntei.
- Como assim? – ele questionou surpreso pela minha pergunta.
- Para você gostar tanto assim, suponho que uma pessoa que gostasse o usava também – respondi. Era o pontapé perfeito para chegar até as perguntas que queria fazer. Ele ficou calado durante alguns momentos, estático. Aparentemente a pergunta o havia afetado.

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Garoto a venda
RomanceEm um planeta fictício semelhante a Terra, no país de Alendor, as pessoas são divididas por castas e vigoram leis rígidas contra a criminalidade. lanto pertence a uma das mais baixas dessas castas, e em um momento de desespero tenta roubar comida pa...