capítulo 2

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Todos os homens ali começaram a se aproximar do palco, e continuavam a cobrir os lances dos outros, por um tempo. Até que somente dois permaneceram dando lances que já superavam 700 mil dizus, um valor inacreditável. Nem se eu trabalhasse a vida inteira conseguiria metade disso.

Os dois homens que restaram na competição para me comprar eram bem atraentes, e se encaravam constantemente, assumindo posturas competitivas para com o outro. Ambos pareciam ser jovens por volta dos 25 anos e ainda seguravam suas bebidas na mão.

Um era moreno de rosto quadrado, com uma rala barba. Fisicamente, era grande e aparentava ter muitos músculos por baixo de seu terno. Seus cabelos negros eram curtos. Seus dentes eram perfeitos e completamente brancos, mas o que mais me chamava atenção nele eram seus belos olhos esverdeados. O outro era tão bonito quanto. Louro com um rosto de traços mais suaves e olhos azuis. Também parecia ter um corpo em forma, mas era menos que o outro. Enquanto o moreno exalava masculinidade e imponência, ele aparentava ser alguém mais gentil.

Eu estava me sentindo completamente estranho sendo vendido como se fosse um objeto. O que eles iriam fazer comigo depois que me comprassem? O homem de terno que havia me levado até ali parecia completamente animado com as ofertas que recebia por mim.

- 800 mil – ofereceu o moreno, provocando o loiro com o olhar.

- Antes de eu dar outro lance, Sr. Laurel, tem certeza que o garoto é virgem? – questionou o louro para o homem de terno, ao meu lado. Finalmente descobri como se chamava.

- Sem dúvidas, Sr. Paulo. Fizemos testes que o apontaram como virgem, e em conversa ele assumiu nunca ter se relacionado com outra pessoa. Sem dúvidas, esse garoto vale o investimento. Veja essa bunda! – respondeu Laurel, fazendo-me virar – Olha só como é branquinha, redonda e lisinha – ele abriu as minhas nádegas, para me expor mais – Olhem esse bunda. Encontrar garotos virgens e tão lindos assim está difícil, hoje em dia – acrescentou o homem.

Meu rosto queimava de vergonha e humilhação, sentia vontade de chorar. Toda aquela exposição era horrível. Ele então me fez virar novamente, para que ficasse de frente para aqueles homens que agora já conheciam todo o meu corpo. Eles pareciam ainda mais animados. Alguns até mordiam seus lábios ao me observarem, provavelmente fantasiando coisas comigo.

- 850 mil dizus – ofereceu o louro convencido.

- 900 mil – cobriu o moreno.

- Eric, tem certeza que quer gastar todo esse dinheiro com o garoto? Você jamais participou de lances, em todos esses meses que frequentamos. Podem surgir outros garotos melhores em alguma festa futura – questionou Paulo.

- Eu tenho certeza do que eu faço e quero, Paulo. 900 mil no garoto, e não é meu último lance, se necessário – respondeu o moreno, encarando-o. O outro pareceu hesitar por um momento, e bebeu mais um gole de sua bebida.

- 950 mil – ele gritou, encarando o outro.

- 1 milhão – cobriu o outro sem hesitar e tirar os olhos dele.

- Tudo bem, eu paro por aqui – disse o louro, levantando as mãos, em forma de derrota.

- Alguém cobre? Alguém cobre? – gritou o homem ao meu lado, animado. Ao ver que ninguém ia dar um novo lance, ele voltou a se pronunciar – Então, Ianto é de Eric Pitz, por um milhão de dizus! Já pode levá-lo. O pagamento será solicitado durante a semana.

O homem então veio até a escadinha do palco improvisado. Laurel entregou a corrente de minha coleira para ele, que apenas me encarou sério e calado, e logo começou a me puxar para que o seguisse. Todos os olhares estavam sobre nós.

Garoto a vendaOnde histórias criam vida. Descubra agora