Acordei com Eric me chamando. Devido à noite anterior, ainda estava muito cansado. Ao encarar seu rosto, senti o meu ruborizar. Estava completamente envergonhado. Ele, pelo contrário, sorria de orelha a orelha. Já estava vestido com seu terno de trabalho.
- Vamos tomar café, Ianto! – falou.
- Tudo bem. Posso ir ao banheiro antes? – questionei.
- Sim, estarei lhe aguardando na cozinha – respondeu.
Estranhei o fato de ele me permitir que andasse pela casa sem sua presença, mas não comentei nada. Fui até o banheiro urinar e lavar meu rosto. Já vestia roupas que ele havia comprado para mim. Ele também implicava no branco. Calças e camisas brancas não eram divertidas. Na primeira oportunidade, se encontrasse algo para tingi-las, iria colorir essas malditas peças brancas.
No caminho para a cozinha, tentei ver se havia algum telefone ou algo semelhante, mas não tinha. Eric devia ter tirado todos. Quando cheguei à cozinha, a mesa já estava preparada. Ele me aguardava sentado, sem comer, com o enorme sorriso ainda estampado em seu rosto.
- Está tudo bem contigo? – perguntei, estranhando seu jeito.
- Ótimo. Você me proporcionou uma excelente noite, ontem. Estou muito contente. Temos muita química na cama – respondeu.
- Química?
- Claro. A forma que você se entregou a mim foi incrível.
- Se você acha... – comentei, irônico.
- Enfim, vamos comer logo. Preciso ir trabalhar – ele disse, não parecendo notar minha ironia.
Tentei evitar ao máximo não gritar para Eric: “Só me entreguei para você ontem, porque queria que ajudasse minha família e estava morrendo de medo que você me batesse, se não o fizesse!’’.
Ainda bem que consegui me segurar.
Não ia me levar a caminho nenhum discutir com ele. Quer dizer, nenhum muito agradável. Pelo menos ele parecia calmo e feliz agora. Tomamos nosso café sem nos falarmos muito. Eu ainda não me sentia muito confortável com sua presença. Não sabia o que conversar. Tínhamos poucas coisas em comum. Quando finalmente terminamos, ele me levou de volta ao quarto e disse o que eu tanto queria ouvir.- Preciso do endereço de seus pais – informou, retirando um pequeno bloco de notas e uma caneta de seu bolso, entregando-os a mim.
- Tudo bem.
Escrevi nele o endereço da casa em que um dia morei. A cada letra e número a mais que escrevia no papel em branco, mais meu peito doía. Estava morrendo de saudades de todos eles. O jeito brincalhão de meu pai, o superprotetor de minha mãe e de meu irmãozinho, que era muito inteligente.
- Vou passar lá, antes da hora do almoço – informou Eric, guardando o bloco e caneta.
- Sério? – questionei, desconfiado. Ele podia muito bem ter blefado no acordo para conseguir o que queria.
- Sim, eu prometo – respondeu.
- Obrigado – disse, sorrindo para ele. Por mais que o que ele estivesse fazendo comigo fosse imperdoável, ele não precisava ajudar minha família, então, nisso, ele estava sendo legal.
- Vou lá, até mais – falou e se aproximou de mim. Encarei-o sem entender, quando fui surpreendido. Ele se curvou e me deu um selinho num beijo de despedida. Fiquei estático sem saber o que fazer. Ele, pelo contrário, sorriu para mim, antes de trancar a porta.
Joguei-me sobre o colchão respirando fundo e tentando entender. Na noite anterior havíamos transado, mas em nenhum momento ele me beijou. Fiquei um pouco surpreso. Após ser obrigado a fazer sexo com ele, por algum motivo, o beijo pareceu muito mais íntimo.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Garoto a venda
Любовные романыEm um planeta fictício semelhante a Terra, no país de Alendor, as pessoas são divididas por castas e vigoram leis rígidas contra a criminalidade. lanto pertence a uma das mais baixas dessas castas, e em um momento de desespero tenta roubar comida pa...