𝖢𝗈𝗇𝖼𝗅𝗎𝗂𝖽𝖺 › 𝖺𝖻𝗈
❝𝐋ee Félix é um ômega solitário que luta para sobreviver a cada inverno em sua alcatéia, trabalhando arduamente na confeitaria de Seo Changbin para poder bancar a família e sobreviver. Ansiosamente, ele espera para co...
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A VIDA não era um mar de rosas, disso Félix sabia bem, mas mesmo assim, a esperança de um dia ser melhor o guiava durante esses dias, até o inevitável acontecer. Ser rejeitado não pesou tanto em si, mas a falta de esperança sim. Seu alfa era sua última esperança, seu último recurso, e este quando foi embora, levou tudo que ele queria. Uma família, filhotes, amor...
Dois dias depois de descer a montanha, se encontrava numa mesa da confeitaria de Changbin — o mais velho não aguentou ficar uma semana em casa, sendo que o próprio companheiro tinha que enfrentar reuniões durante a lua de mel —, aguardando o chá que o castanho fazia.
Fazia dois meses que a aquela merda toda havia acontecido e o inverno já estava indo embora, infelizmente, ele não tinha um dia certo, mas sabia que não veria as flores, apenas quando se entregasse ao seu ômega e seus filhotes naquela cabana. Nem os conhecia e já sentia a falta deles. A ligação entre Félix e o ômega se fortaleceu, mas não era suficiente para salvar-se. Enquanto olhava janela à fora, Changbin se aproximou receoso, pensando em várias coisas ao mesmo tempo.
— Lixie... — despertou o mais novo. — Você está bem? Eu sinto você meio perdido...
— Sim, Binnie, me desculpe preocupa-lo... — pediu Lee com a voz um pouco baixa, pigarreando antes de se lembrar do porquê estava ali. — Me perdoe por falhar com você, eu não pude abrir a loja esses dias...
— Félix, isso é o de menos, você também precisava de umas folgas, foi egoísmo da minha parte pedir aquilo... — disse o mais velho sorrindo em compadecimento.
— Mas Changbin. — interrompeu ele um pouco nervoso consigo mesmo. — Eu me comprometi a vir, só que...
— Só que...? — estimulou o ômega curioso, mas amigável.
— Eu não posso mais... — soltou, segurando as lágrimas para se manter firme. Tinha chorado muito por aquilo durante dois meses, já deveria ter se conformado.
— O que? Você quer ir embora? — perguntou o ômega castanho assustado. — Eu fiz algo que não gostou? ‘Tá insatisfeito com o trabalho? Por favor, me diga, eu posso dar um jeito...
— Eu estou morrendo. — interrompeu Félix novamente, sentindo o peso das palavras atordoando o mais velho. — Eu adoraria continuar aqui, eu amo este lugar, de verdade, mas você vai ter que arranjar outro ajudante...
O silêncio pairou no ar e Changbin analisou a expressão do loiro, atento para ver se não era uma pegadinha. Ainda em choque, mas percebendo a veracidade e a sinceridade no rosto do ômega, algumas lágrimas começaram a descer, manchando sua pele. Lee se obrigou a consolá-lo. Aquilo parecia doer mais nele do que em si, mas aquilo não devia ser verdade. Ninguém sente mais do que ele e ninguém sofre mais do que ele.
