Capítulo Um - O Reencontro.

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Por mais que estivesse em constante ascensão na sua vida profissional, com a sua empresa crescendo a cada ano que passava, Rafaela não era uma pessoa totalmente feliz e realizada.

Há três anos perdia a sua companheira, sua melhor amiga, Ana Helena, sua mãe, para uma doença degenerativa sem cura. E, ao mesmo tempo, descobrira um grande esquema de traição que sua ex-esposa, Isabele, tinha pelas suas costas. Além da mulher ter se encontrado com inúmeras mulheres por noites a fora, também estava desviando dinheiro da empresa, afinal, era gerente geral do setor financeiro.

Rafaela recebeu apoio de todos os lados, fosse da família, amigos, e até mesmo os funcionários da empresa. Todos mostraram-se solidários com tudo o que ela estava passando no momento. E por mais que Rafaela estivesse recebendo todo apoio, e não estava nem um pouco desamparada, ainda se sentia sozinha. Vazia. Com um buraco em seu peito.

Como tudo tinha acontecido ao mesmo tempo com pouquíssimos meses de distância entre cada evento, Rafaela por ser uma mulher muito fechada e reservada, guardou tudo o que sentia para si e sustentou uma ótima pose de superação para todo mundo. Mas isso mudava quando ficava só. Afundava-se em bebidas, anestésicos e cigarros, quanto mais fora de órbita ela ficava, melhor. O mundo ficou cinza para ela de repente, não via mais graça, e nem sentido em viver, perdeu o grande amor da sua vida, sua amada mãe, e a mulher que lhe fez juras de amor até horas antes de descobrir todo o grande esquema. Precisava fugir para algum lugar, mas não tinha coragem o suficiente para acabar com toda aquela dor de uma vez, e trazer mais sofrimento para a sua família.

Passou um tempo em reabilitação quando sua irmã mais nova a encontrou desacordada no chão da cozinha quando chegou de surpresa para fazer uma visita. Depois desse acontecimento, ninguém da família ousou deixar com que Rafaela ficasse sozinha outra vez, isso significava que seu pai, seus avós e sua irmã, mudaram-se para a sua casa por tempo indeterminado. Mesmo que não conseguisse expressar com palavras, sua evolução e ação disseram por si só. E agora, três anos depois, Rafaela estava completamente revigorada e restaurada, com cicatrizes, mas sem feridas.

— Chefe, ouvi dizer que abriu uma nova floricultura na rua de trás— Júlia comentou.

— É mesmo?... Que legal— Rafaela soltou baixo um tanto distraída olhando para a tela do monitor do computador.

— Nós podíamos dar uma passada lá mais tarde, que tal?— Júlia sugeriu um tanto animada.

— O que é que eu vou fazer em uma floricultura, Júlia? — Rafaela perguntou um tanto entediada.

— A senhorita tinha comentado ontem que... que semana que vem é aniversário da sua mãe, então eu pensei que... Sabe...— Júlia falou baixo, um pouco amuada. Morria de medo de fazer a chefe ficar irritada.

— Ah, é verdade, eu me esqueci por um momento— Rafaela lembrou— Arh, estou abarrotada de coisa pra fazer— Suspirou pesado apertando os olhos com a ponta dos dedos.

— Vamos dar uma passada lá depois do expediente, coisa de dez minutinhos, se a senhorita não gostar, não voltamos mais para lá— Júlia falou.

— Sim, vamos até lá, mas acho que será difícil encontrarmos as rosas que a mamãe gostava— Rafaela comentou a olhando.

— Eram aquelas rosas turcas, não é? A Rosas Pretas— Júlia perguntou.

— Sim, ela por algum motivo era muito obcecada por aquelas rosas, e tínhamos até um fornecedor direto para tê-las sempre. Mas logo depois que ela faleceu, o fornecedor também faleceu, sofreu um acidente feio, e desde então não consegui achar mais nenhum fornecedor que tivesse rosas turcas— Rafaela explicou.

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