Capítulo Três. - O Colapso.

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Mais uma semana tinha se passado. Mas essa foi se arrastando como uma tartaruga. Por mais que tivesse muitas coisas para fazer e sua vida profissional estivesse uma correria ultimamente, Rafaela todos os dias ia até a floricultura, mas não chegava a entrar, se sentava na cafeteria do outro lado da rua e ficava olhando.

Se olhassem pelo lado negativo da coisa, parecia mais uma stalker obcecada. Mas, na verdade, Rafaela só estava tentando tomar coragem para olhar Iolanda nos olhos mais uma vez e convidá-la para sair. Já tinha aceitado que a resposta era não, mas isso é o que o seu cérebro e pessimista estão lhe falando. Vai que, por algum motivo, a mulher da floricultura aceitasse, não é?

— Olá, querida, boa tarde, tudo bem?... Pode me ver um café com leite sem açúcar 500ml, e um pedaço desse cheesecake, por favor— Iolanda pediu ao chegar no balcão.

— Boa tarde, senhorita. Café com leite sem açúcar e cheesecake?— Perguntou a atendente tocando a tela do monitor.

— Isso mesmo— Iolanda confirmou.

— Ok, tudo deu trinta reais— A atendente informou.

— Cartão de débito, por favor— Iolanda o tirou da carteira.

— Landa, querida, as orquídeas já chegaram?— Alexandre, um dos atendentes perguntou se aproximando.

— Sim, chegaram ontem à tarde. Você quer que eu separe algumas?— Iolanda perguntou.

— Sim, duas, por favor. Meu expediente acaba daqui a pouco, aí passo lá na loja pra fechar direitinho— Alexandre avisou.

— Sim, tudo bem, então, vou deixar separadas— Iolanda assentiu, viu a máquina acender a tela e aproximou o seu cartão ali.

— Aquela mulher ali aparece todo dia aqui e fica olhando lá pra sua loja— Alexandre sussurrou discretamente apontando.

Iolanda olhou na direção, e viu Rafaela sentada em uma mesa de frente para a grande parede de vidro que tinha na cafeteira. Tinha o notebook aberto sobre a mesa, alguns papéis, canetas, celular, um grande copo de café pela metade e um prato de sobremesa vazio. Parecia que estava ali por um bom tempo.

— Vou dar um jeito nisso— Iolanda sussurrou.

Pegou o seu pedido com a atendente, agradeceu os dois e foi caminhando para o fundo da loja. Rafaela olhou para o balcão onde Iolanda estava a segundos atrás, mas viu que a mulher não estava mais ali. Olhou para o lado de fora da loja e nenhum sinal que ela tenha saído, então virou-se brevemente para trás, também não vendo ninguém ali, apenas alguns outros poucos clientes. Juntou as sobrancelhas numa expressão confusa e voltou a atenção para o seu notebook.

— Será que eu devo chamar a polícia?

O sussurro repentino no pé do ouvido de Rafaela a fez saltar para o lado dando uma forte joelhada na mesa. Rafaela olhou rapidamente para o lado e Iolanda estava em pé ao seu lado com aquela inexpressividade irritante cobrindo seu rosto, um copo de café na mão e um prato de sobremesa na outra. O coração de Rafaela estava acelerado, seus olhos arregalados e a cabeça a mil.

— Cha-Chamar a polícia?— Rafaela gaguejou confusa a olhando.

— Você está batendo ponto na cafeteria todo dia e fica me olhando do outro lado da rua como uma psicopata esquisita, já falei que fico desconfortável com isso— Iolanda falou baixo apontando para o outro lado. Rafaela sentiu todo o seu rosto esquentar em vergonha, tinha sido pega— Se continuar com o stalking desse jeito, acionarei a polícia— Avisou.

— Stalking? O que você-Eu não posso mais vir até a cafeteria e trabalhar aqui? Esse é um espaço de co-working também, que eu saiba— Rafaela se recompôs, fingindo que aquilo não a abalava.

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