Capítulo 5.

39 7 1
                                    

Medo.

O medo, refere-se a algum tipo de inquietação diante da noção de exposição a qualquer tipo de perigo, seja ele real ou não.

Contudo, o que diversos  gananciosos e levianos não sabem, é que, além do medo por nossa segurança, muitas das vezes esse sentimento é também pela segurança das pessoas que amamos.

Jisung estava aflito. Sentia uma urgência em si, como um grito preso na garganta. Caminhou a passos rápidos, mas, em contrapartida, em passadas não tão lentas até o subsolo.

Virou por um corredor, mais outro e outro, descendo vários degraus. Bufando, teve a visão do corredor em que estava confinado o monstro. Vislumbrou um padoque¹ aberto, não havia ninguém lá.

Continuou a vasculhar, seguiu o caminho até chegar em um corredor sem saída. Talvez, assistir um leão fazer malabarismo seria mais chocante do que isso que acabou de ver, parado onde se encontrava.

Sunwoo, estava agachado enquanto aquele mesmo monstro, observava ele minuciosamente, sem fazer absolutamente nada. Aparentava ser calmo.

A intenção de Jisung era pegar um de seus Walkie Talkies para chamar por uma equipe de segurança e retirar o monstro dali sem qualquer escândalo.

O Walkie Talkie chiou, no entanto, para a infelicidade do Han, aconteceu o que ele menos queria naquele exato momento.

Avistou aquelas pupilas dilatadas, sanguinárias, olhando diretamente para si. Guardou o rádio comunicador lentamente, do mesmo jeito, fez uma posição de ataque, tirando a sua arma do coldre², presa em sua calça. Já sabia o que iria acontecer nos minutos seguintes.

Apesar de Jisung estar uma pilha de nervos, naquele momento, deveria manter a calma, fora treinado para isso. Se fizesse uma ação precipitada acarretaria em consequências drásticas. Mesmo que Han tenha feito um abrigo para monstros, ele também mata alguns, eles são do mau. Acontece a mesma coisa com os humanos, alguns são bons, outros são condenados à morte por serem ruins para os outros. Todavia, sempre é bom ser justo.

— Sunnie, me escuta, preciso que você corra lá para cima... — Tentou chamar o filhote, porém, não deu em nada, Sunwoo estava todo encolhido, como um pacotinho.

Visto que não daria para chamar o filho, iria protegê-lo das garras daquela coisa.

Levantou seu olhar para o monstro, assim que percebeu uma movimentação do mesmo, ele estava vindo em sua direção, devagar, mas rápido o suficiente para alcançar em pouco tempo.

Um tiro, não fez diferença, acertou a barriga.

Conhecia como eles podiam morrer, um tiro na cabeça.

— Aah! — Grito de Sunwoo.

Acabou que o barulho da arma despertou a atenção dos demais monstros, e, claro, começaram a bater na contenção³, tanto nas paredes, quanto nas portas das celas, fazendo um estrondo.

Jisung olhou nervoso para seu filho, depois para as celas barulhentas,  em seguida para o monstro. Teria que matar aquela criatura naquele instante. Respirou fundo, porém,  percebeu um peso estranho em cima de seu corpo, fazendo-o cair sob o chão, sentindo uma dor aguda ao lado das costelas.

— Argh!! Desgraça... — Grunhiu

Olhou alarmado para o ser repugnante em cima de si, atirou bem na cabeça,  acabou de estourar a cabeça de um monstro.

— Puta que pariu. — Sussurrou nojento, vendo o sangue e o resto de... Cérebro, na sua roupa.

Tirou o corpo gordo em cima de si, podendo respirar fundo.

— Sunwoo! Meu amor, vem cá. – Correu tão rápido em direção ao pequenino que jurou ter passado apenas milissegundos.

Sunwoo finalmente encarou o mais velho, com os olhos pequeninos marejados e assustados.

— Papai! — Se jogou com tudo no colo do seu papai, Sunwoo chorou, chorou, chorou mais e mais um pouco.

— Vamos, filhote, você precisa comer... — Levando uma colher, com uma porção de carne e arroz na boca do garotinho que se recusava a comer desde o tal acontecimento.

— Eu não quelo! — Cruzou os braços, birrento mas triste.

Triste e aterrorizado, até agora, por conta do monstro.

— Meu Deus, mas é besta! Tudo bem, pelo menos você comeu um pouco. Amanhã irei te dar alimento em dobro, para ver se compensa. — Jisung se deu por vencido, finalmente, foi até a pia, jogou fora  as sobras e lavou a louça.

— Vamos! Você precisa descansar. — Chamou Sunwoo para que ele segurasse a sua mão.

Assim foi feito, subiram as escadas, caminhando na direção do quarto do pequenino, este que não era distante. Era um quarto meio acabado, mas, de longe, uma pessoa conseguia perceber que era de uma criança: Cortinas de dinossauros, estrelas brilhantes no teto combinando com a cama com o tema do desenho Bluey.

Sunwoo já havia tomado banho, antes do jantar.

— Vamos, bebê, deita ali — Apontou para a cama e o pequeno, sem contestar, deitou na cama.

— Jisunggie, aquele monstlo vem atrás de mim... de novo? — Demoraria até o medo dissipar.

— É claro que não, eu não vou deixar! Assim como hoje, eu vou lhe  proteger — Se sentando na cama, ao lado do pequeno, Jisung passou a mão nos cabelos macios.

— Você me promete?

— É claro que sim! Por você eu dou a minha vida. — Riu reconfortante.

Fechou a porta do quarto.

01:23

Havia acabado de fazer Sunwoo dormir, esperou pelo momento em que ele caísse no sono para averiguar uma coisa.

Indo em direção ao seu quarto, fechando a porta, a janela, a cortina, ligou a luz e tirou a blusa.

Na frente do espelho, observou o machucado feito em sua costela. Não estava tão feio, mas não era motivo de se orgulhar.

— Monstro maldito! — Pegou uma atadura que estava em sua gaveta e enrolou em volta de seu abdômen de um jeito desleixado. Não se importava com aquilo, não naquele momento, tinham coisas mais importantes.

Contorceu uma cara de dor, depois de ter passado a atadura por cima do machucado, em seguida prendendo com um esparadrapo.

— É... 'Dá pro gasto.

Vestiu a roupa novamente e finalmente se deitou.

Teria bons sonhos... Talvez.

Padoque: cela.

Coldre: uma bainha que serve de suporte para carregar armas de fogo curtas, como pistolas e revólveres, ou até mesmo armas de eletrochoque.

Até!

Que monstro te mordeu?' ( Hiatus )Onde histórias criam vida. Descubra agora