VISITA DO PAPA - 06

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ROBERTO NASCIMENTO.

Piloto minha BMW-S1000RR por todo o trajeto até meu apartamento, em alta velocidade. Durante todo o caminho, a desgraçada não saia da minha cabeça. A lembrança de Lídia sobre mim e logo em seguida lambendo minha boca, insistia em me atormentar. A pirralha, sabe como me provocar. Travo meu maxilar e tento focar meu pensamento na missão de hoje.

Daqui à três meses o papa irá visitar o Rio de Janeiro, e irá dormir na casa do arcebispo, que fica no morro do Turano. E é claro que o BOPE ficou responsável por assegurar o sono da santidade. Eu sei que o papa não tem culpa dos meus problemas, mas ele já tinha vindo ao Rio de Janeiro duas vezes. Não é possível que ele não saiba como a banda toca aqui. É claro que político nenhum quer ver o papa baleado na sua cidade. Se o papa quer ficar perto de uma favela, o governador liga para o BOPE.

Nossa primeira missão para a segurança do sumo pontífice é aprender os fuzis da favela. E nós vamos agir hoje, pelo beco, da entrada 117.

Dirijo mais um pouco pela cidade do Cristo redentor e logo chego em meu destino. Adentro meu apartamento e em seguida caminho até minha cozinha, abro a geladeira e pego uma lata de cerveja. Me sento sobre meu desconfortável sofá e ligo a televisão, abro a bebida alcoólica e bebo o líquido da lata. Só uma cerveja para engolir essa manhã.

Volto a cozinha e esquento a janta do dia anterior, almoço o que preparei, enquanto repasso em minha mente o plano de hoje a noite. Seguidamente me dirijo até o banheiro, retiro minha roupa e tomo uma ducha quente.

A água que cai sobre meu corpo, alivia cada ponto de tensão em meus músculos. Encaro o local ao meu redor e me lembro da noite em que Lídia estava bêbada, sua calcinha de renda...porra! Balanço minha cabeça de um lado para o outro, afim de negar esse pensamento.

Não demoro muito e logo saio do meu banho. Me desloco até o quarto e visto apenas uma bermuda preta. Deito sobre minha cama e cochilo por mais ou menos uma hora.

Acordo no horário esperado e visto minha farda preta, minha boina do mesmo tom e meu colete a prova de balas. Calço meu cotuno tático e coloco meu relógio no pulso. Me ajoelho sobre o chão e como de costume antes de toda missão, faço uma oração.

Pego meus devidos pertences, verifico meu fardamento e me desloco até minha moto. Dou partida em meu veículo e dirijo rumo ao batalhão.

Assim que chego no local destinado, preparo minha equipe e oriento a cada um, sua devida função.

- Todo mundo vai convergir no Largo do Arraia, no centro do complexo. Entendido? - Ordeno ao pelotão.

- Sim, senhor! - Gritam em uníssono.

Vou até o lugar onde estão estacionadas as viaturas e entro na qual me foi designada. Em poucos minutos eu e minha equipe chegamos no morro do Turano, saio da viatura e subo a favela disfarçadamente. Me escondendo entre as paredes, os postes e até mesmo dentro de algumas aberturas no chão.

Meus companheiros e eu escutamos uma movimentação, um ponto de tráfico na entrada 117. Os policiais a espreita observaram quatro desgraçados armados, cada um com um fuzil, sem perder tempo, faço um sinal a minha equipe. Os polícias entendem o recado e matam cada um dos filhos da puta armados, invadimos o ponto e a gritaria se iniciou.

- Recolham os fuzis. - Mando aos homens de preto.

- Quem tava com a carga? - Grito para geral que estava reunido.

Nenhuma resposta. Apenas ouço o som do choro e do desespero.

- Quem é o filho da puta que tava com a carga? Responde caralho. - Incentivo aos drogados.

Na Mira do Perigo - Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora