"Ninguém pode explicar o amor
Nem as coisas loucas que ele faz" Dias atrás - Claudinho Brasil, Samantha Machado
Chapter Ten:
Draco não mentiu quando disse que queria me prender e tê-lo só para ele, e que talvez não demore muito para termos pequenos bebes pela casa. A neve estava derretendo lentamente, mas o frio continuava e o medo de Draco me deixar para voltar para sua família me corroía por dentro todos os dias. Encaro o perfil de seu rosto adormecido, Draco está deitado ao meu lado, seu braço me mantém preso contra ele impedindo que eu escape enquanto ele dorme, sua respiração é constante e lenta, indicando que ele realmente estava dormindo ao meu lado.
Draco é bonito, um alfa que provavelmente muitos ômegas gostariam. Draco é diferente de tudo que eu havia planejado para minha vida, eu não conseguia imaginar que o salvando eu estaria deitado ao seu lado e com sua marca em meu pescoço. Draco era diferente de todos os Alfas que eu conheci e me deitei, ele havia conseguido o que mais nenhum havia, meu coração em menos de semanas. Quando a neve derreter completamente penso se ele vai se lembrar de onde veio, quem realmente era e o que fazia, o medo enchia minhas entranhas ao me imaginar sendo abandonado por ele, em tão pouco tempo ele havia conseguido tudo de mim e não conseguia ver uma vida sem ele.
Meus dedos traçam sua mandíbula com carinho gravando sua face como se esse fosse nossos últimos momentos juntos, como se a qualquer momento, quando abrisse meus olhos eu não iria encontrar com seus olhos amorosos me olhando enquanto durmo, com seu sorriso que age como um aquecedor e me aquece, com seus braços me puxando em um abraço demorado e sua voz dizendo que eu era o ômega mais bonito que ele já viu na vida.
Acho que realmente o sortudo era eu, em tê-lo encontrado naquela estrada e ter feito o que ninguém teria feito para um desconhecido.
"Se continuar me olhando assim, eu vou querer te comer" sua voz soa sonolenta e rouca.
"Bem..., talvez eu queria ser comido" provoco.
Ele ri e sua risada vibra através de mim, me fazendo perceber que era ele..., aquele com quem eu queria passar o resto da minha vida. Mesmo que ele não queira estar comigo.
"Eu te amo" seus olhos se arregalam e por um momento penso se ele sente o mesmo por mim.
"...Você me ama?" sua pergunta sai tremula.
"Eu quero passar o resto da minha vida com você! Então quando você se lembrar quem você realmente é... por favor não me deixe" eu sinto meus olhos quentes.
"isso..." ele demora e eu vejo incerteza em seus olhos e isso me quebra, talvez tenha sido cedo demais.
"Não precisa me responder agora Draco. Eu só precisava falar" eu digo.
"Harry eu..." o interrompo com um beijo leve, sem malicia, com medo de sua resposta.
"Eu vou esperar por sua resposta" digo fraco, me encolhendo em seus braços.
DRARRY
"Pegue isso" digo entregando para ele algumas roupas "algumas são dos meus pais, espero que não se importe" murmuro vasculhando mais algumas caixas.
"Obrigada" é tudo que Draco diz e eu me encolho inconsciente.
"O natal está chegando, você vai comigo?" pergunto enquanto jogo mais algumas coisas na pilha de itens que está em suas mãos "Não vamos ter problemas no caminho e você pode tentar contatar alguém, se você se lembrar de algum número de telefone" aponto para o obvio, desviando o assunto original.
Apesar de ser maravilhoso esse mundo para os ômegas, não mudava o fato de que havia muitos casos de abandono após a união de um casal. A marca era para sempre, apesar de tudo, quem mais sofria com as consequências éramos nós ômegas. Eu não estava tão surpreso com a mudança brusca de Draco, ele tinha uma vida e talvez até um namorado ou namorada, talvez ele fosse até mesmo casado e tivesse filhos também. Era obvio que ele havia mudado de ideia, ele podia sentir a obrigação de estar comigo agora, mas em breve eu teria que me acostumar em não o ter perto de mim. Eu viveria com uma marca permanente, mas sem um alfa, e junto com isso a consequência de que eu nunca teria filhos com ninguém além daquele que havia me marcado.
Eu começaria a sobreviver e então algum dia, com o fardo de ser abandonado eu tiraria minha própria vida, mas eu sabia de uma coisa, eu não me arrependeria desses sentimentos genuínos que eu sentia por ele.
"Vamos, eu vou lava-los para que fiquem confortáveis de usar" aponto para pilha de tecidos em seus braços.
Ele não diz nada e apenas me segue e a cada passo é difícil para mim, estar tão perto mais ao mesmo tempo tão longe. Meus padrinhos sempre me disseram que quando eu encontrasse a pessoa certa, eu saberia, e que seria o sentimento mais genuíno que eu poderia sentir, mas não haviam me contado que somente uma parte iria se sentir desse jeito.
Meu corpo treme e sinto vontade de chorar e gritar, dizer que ele deveria largar tudo que ele não se lembrava e ficar comigo, que se ele fosse embora eu iria morrer lentamente. Mas eu sabia que nunca seria capaz de falar nada do tipo, eu sabia que era egoísta da minha parte querer que ele sentisse por mim o mesmo que eu sentia por ele, mesmo que fosse mentira. Eu queria que ele ficasse.
"Em algumas horas vão estar sequinhas e cheirosas" digo ainda sem o olhar, com medo de olhar em seus olhos e perceber o que tanto evitava "eu vou ver alguma coisa na TV" murmuro passando rapidamente por ele, me empoleirando na cama improvisada, ligando a TV e colocando em algum programa infantil.
"Harry nós..."
"Essa é a melhor parte" interrompo-o rapidamente.
"Har-"
"Eu estou com fome, vou ir fazer algumas pipocas" murmuro rapidamente enquanto deixo o local, fugindo do que ele queria me dizer.
Sei que é errado fugir e ignorar todos os sinais e tentativas de conversa que ele tenta iniciar, mas o medo se contorce dentro de mim. Sempre julguei aqueles personagens que não conversavam, ou tiravam conclusões precipitadas e que tudo ficava uma bola de neve, bem... agora eu não os julgava tanto assim, sabendo que não era porque eles estavam confusos ou paranoicos e sim pelo medo que sentiam de enfrentar e ouvir a confirmação daquilo que temiam tanto saber.
Respiro fundo, me encostando no balcão da cozinha e cruzando os braços, enquanto o milho da pipoca estoura dentro do micro-ondas, pipoca que eu não sentia a mínima vontade comer. Tudo o que eu ansiava era me enrolar como uma bola e chorar, liberar minhas frustações e medos, longe de tudo e todos.
"Harry! Você tem que me escutar, agora!"
Ômegas quando o medo os dominava, tinham a tendência de se transformarem em suas formas animais e fugir. Algo que havia sido ensinado na escola, mas que provavelmente um Alfa com amnesia não se lembrava.
________________________________________________Notas:
Boa noite meus amores, peço desculpas pela demasiada demora em postar novos capítulos. Mas eu fiquei com um bloqueio criativo e também o fato das aulas da faculdade estarem uma bagunça, toda a minha rotina também bagunçou. Claro que agora me sinto mais inspirada, depois que cancelei umas oitos matérias, mas semana que vem já é semana de prova novamente e eu sinto vontade de me jogar na frente de um carro todos os dias.
Espero que me perdoem e que tenham uma boa leitura.

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FU - DRARRY
FanfictionQuando Harry Potter encontra Draco Malfoy caído na estrada de sua propriedade, agindo contra sua própria segurança, Harry não pensa duas vezes em ajuda-lo. Ele só não esperava que as coisas iriam sair totalmente de seu controle, com seu cio batendo...