MEU PADRASTO

MP- 3

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"Decisões nas encruzilhadas,
Caminhos que se bifurcam,
Um passo em falso, um risco,
E a falência pode ser um destino."

Observo as pessoas conversando em meio ao salão luxuoso, onde lustres de cristal pendem do teto, lançando um brilho reluzente sobre os rostos bem maquiados, trajes finos e formais . O murmúrio das vozes se mistura ao suave toque de piano ao fundo, criando uma atmosfera encantadora quanto enganadora.

Se fosse por decisão minha, metade dessas almas de falsa índole nem estariam aqui. Os sorrisos que trocam são como máscaras cuidadosamente elaboradas, ocultando a ambição e a rivalidade que permeiam o ar. Cada cumprimento é uma dança ensaiada, um jogo de interesses disfarçado em cordialidade. Sinto um certo desdém por essa farsa, um desejo de que a autenticidade prevalecesse em meio a tanta ostentação. A beleza deste lugar contrasta com a feiura das intenções que nele se escondem. Ao mesmo tempo, não posso deixar de me perguntar: quem sou eu para julgar? Afinal, todos nós temos nossos próprios segredos.

Mas, pelo que pude observar, minha futura esposa é movida por status, uma realidade inevitável em nossa posição social. Ela está sempre cercada por pessoas que, na busca por um pouco de visibilidade, se comportam como sombras, tentando se aproximar dela com um fervor quase servil. As damas que a rodeiam a veneram, lambendo o chão que ela pisa, mas há algo que me inquieta. Por mais que o brilho do salão e o elogio constante pareçam alimentá-la, não pude deixar de notar o quanto está cabisbaixa. Seu sorriso, embora polido, parece faltar em autenticidade, como se estivesse presa em um papel falso. A opulência ao nosso redor, com suas luzes cintilantes e risos ensaiados, contrasta com a tristeza que exalar em cada célula do seu rosto.

— Pelo visto, seu enteadinho não compareceu...

— Não, ainda não. — afirmo, olhando em volta. —  Creio que esteja ocupado. Fora que não há necessidade para tanto alvoroço.

— Vocês vão se casar daqui duas semanas, Jeon. O normal seria estar arrancando os cabelos. — sorri em Tom de sarcasmo, com uma expressão tranquila — Sinceramente, nem parece um homem apaixonado.

— Às vezes, sua hipocrisia me cativa, caro titio. — Nunca vi alguém tão cara de pau! — Eu sei que esse pirralho vai aparecer a qualquer momento, só precisamos ter paciência.

— Eu tenho filho, eu tenho.

— Hoseok chegou?

— Sim. Possivelmente comendo algum funcionário por aí. — Ele mantém distância gradativamente, enquanto os passos da mulher se tornam cada vez mais audíveis em minha direção.

— Querida! — selo seus lábios brevemente, sentindo a suavidade da carne. — Posso saber o motivo de tanta tristeza? Este deveria ser um momento feliz, não é?

— Está sendo querido. — força um sorriso, tentando disfarçar a tristeza evidente. — E outra coisa que está me chateando, mas nada que deva ser motivo de preocupação.

— Mas é claro que deve, meu bem. Daqui a alguns dias estaremos casados, e devemos dividir desconfortos e preocupações.— digo, esfregando meus polegares suavemente em suas bochechas. — Vamos, me conte, o que tanto te aflige?

— Meu filho... — suspira lentamente, a voz carregada de tristeza. — Ele não aceitou muito bem a notícia do casamento. Eu achei que fosse apenas a raiva do momento, mas, ele não está aqui hoje. Tenho medo de que no dia realmente importante, ele ainda não esteja ao meu lado.