Protegida

Ursinho carinhoso

A dois anos quando eu estava prestes a aniquilar outro dos insignificantes ladrões da cidade, eu fiquei paralisado, uma voz doce e confusa conversando em minha mente como se estivesse conversando com um ursinho. Foi o primeiro contato que tive com ela. Minha menina perfeita. No momento em que percebi que podia não só escutar, mas responde-la foi algo realmente gratificante. Nem por um segundo pensei que seria uma armação. Seus pensamentos bobos de criança me fizeram rir por dias, ela era leve, tão doce e imaculada. 

Com o passar dos anos pude ver que ela não se importava com certo e errado, mas sim com a diversão. Para ela tudo bem jogar alguém no oceano, era divertido ver seus gritos de desespero e o som de seus ossos quebrando ao colidir com a água, ou um dos raios dela. Foram centenas de homens ''ruins'' que ela achou diversas maneiras de aniquilar. Todas elas arrancando gargalhadas da menina como se estivesse vendo desenho animado. 

Foi nesse dia que eu vi o quão perfeita ela era, visivelmente inofensiva. Mas não passava disso, uma imagem, pois Ursa pode ser tudo neste mundo, linda, perfeita, meiga e fofa. Mas algo que ela nunca foi e nunca será é inofensiva. 

-Mãe eu já disse que ele não me vê assim. -ouço minha menina sussurrar para a idosa do outro lado da casa. -Ele sempre vai me ver como uma menininha que não sabe se controlar, ele não me vê como mulher. 

-Você deveria ver o jeito que ele te olha. -a velha fala baixinho. -Ele é um homem experiente, e poderoso. Não se iluda. -mas que porra essa velha está falando ? ela me chamou de velho? 

-Não vou mamãe, ele nem sabe da minha doença, não quero que ele ache que eu sou uma aberração. -sussurra quase chorando. -Ele já deve ter chegado, vamos parar de falar disso.

-Não esqueça oque eu te disse. -a velha avisa entrando em casa e dando de cara comigo sentado ao lado do seu marido no sofá da sala. -Falando no diabo. 

-Gentil como sempre Adelide. -brinco me levantando. -Vim buscar ela, o apartamento dela na torre já está pronto.- comento indo até minha menina que estava parada na porta me olhando com aqueles olhinhos perfeitamente azuis como o mar. 

-Não sei o porque dessa implicância de vocês. -bufa  esticando os braços e me abraçando forte. -Está cheiroso, trocou de perfume?

-Gostou? -pergunto sentindo meu coração quentinho. -Eu queria testar uma coisa nova. 

-É muito bom. -fala respirando fundo. -Minhas malas já estão prontas, eu já me despedi dos meus pais. 

-Sempre impecável. -elogio dando um pequeno beijo em sua testa. -Vai pegar suas coisas, quero conversar com seus pais. 

-Já volto. -fala indo animada para o segundo andar da casa. 

-Ela vai estar comigo, nada e nem ninguém vai machuca-la, eu vou protege-la não se preocupem. -falo me virando para o par de velhinhos na  minha frente. 

-Quem vai protege-la de você? -a velha chata pergunta me fazendo revirar os olhos. 

-Eu nunca vou machuca-la. -falo respirando fundo. -Ursa é minha prioridade, nunca duvidem disso. -falo sentindo meus olhos esquentarem. 

-Eu preciso fazer compras. -Ursa resmunga voltando para a sala carregando seis malas como se não fossem nada. -E você também, sabe que prefiro você com roupas normais. 

-É meu uniforme, nós já conversamos sobre isso ursinha. -resmungo indo até ela e pegando suas malas. -O motorista está lá fora, vou deixar suas no carro. -falo saindo da casa indo em direção ao carro preto. -Ela ainda acha que precisa de compras. -brinco com o motorista que solta uma risada contagiosa. -Pode deixar as coisas no meu apartamento na torre, tira o resto da semana de folga depois. 

-Obrigada capitão. -agradece entrando no carro depois de colocar todas as malas nele e saindo em direção a estrada. 

-Eu posso ir no colo? Tô com um pouco de sono. -Ursa diz manhosa me fazendo sorrir esticando os braços para ela. -Meus pais vão ficar bem né? -pergunta vindo até mim e enlaçando suas pernas em minha cintura passando os braços pelo meu pescoço de frente para mim. 

-Vão sim, eles estão seguros aqui. -garanto beijando suas madeixas douradas. -Você vai poder vir visita-los sempre que quiser. E eu vou estar sempre com você, nunca vai ficar sozinha. 

-Eu amo você. -fala beijando minha bochecha antes de escorar a cabeça em meu ombro respirando fundo. 

-Eu amo mais. -falo baixinho antes de apertar ela contra mim e começar a voar em direção a Torre. 

                                                          ....

-Ursa chegamos. -falo pousando na varanda do meu apartamento a colocando no sofá ainda meio sonolenta. -Está tarde, amanhã eu te apresento o pessoal e as instalações. -falo beijando sua testa. 

-Eu não quero dormir sozinha. -pede manhosa. -Posso dormir com você hoje? 

-Como se você pudesse dormir longe de mim. -falo passando meu nariz no seu. -Eu amo você. -falo a vendo arregalar os olhos assustada. 

-Eu amo você. -sussurra antes de selar nossos lábios em um selinho demorado.  -Você me ama assim?- pergunta se afastando um pouco de mim e pude vê-la completamente vermelha. 

-Eu amo você. -sussurro me inclinando em sua direção a beijando. -Você foi feita para mim, não teria como não ama-la. 

-Acho bom mesmo. -brinca passando os braços pelo meu pescoço me puxando para deitar ao lado dela no sofá. -Porque se você não for meu, não vai ser de mais ninguém. 

-É mesmo? -beijo seu pescoço o mordendo forte. -Você é a minha ursinha perfeita. -assim que falo isso sinto ela travar e me empurrar para longe. -Ursinha? -pergunto meio confuso por agora estar do outro lado da sala.

-Eu não sou perfeita. -fala baixinho e pude ver seus olhos encherem de lágrimas. -Eu sou defeituosa, eu não sou a sua ursinha perfeita.

-Claro que é. -falo indo até ela devagar. -O que te faz pensar que não é perfeita? 

-Eu sou doente.... uma aberração. -chora baixinho abraçando seu próprio corpo. 

-Mas que merda você está falando? Você é minha ursinha perfeita, oque te faz pensar o contrário?

-Eu produzo leite, igual uma vaca. -fala e sinto meu corpo travar. -Começou junto com meus poderes, o médico disse que os remédios não funcionam em mim, e nem adiantaria fazer uma cirurgia pois a faca não penetra minha pele. -chora baixinho. -Eu sou uma aberração. 

-Cala a boca. -falo indo até ela e a puxando para o meu colo. -Você é a minha ursinha perfeita.- me ajeito no sofá trazendo seu rosto para perto de mim. -Você é perfeita, minha ursinha perfeita que foi feita para mim. -a beijo devagar. -Não ouse pensar o contrário. 

-Você me ama? -pergunta levantando a cabeça me dando acesso ao seu lindo e claro pescoço.

-Você não imagina o quanto. -falo antes de voltar a beija-la de forma mais bruta. -Quando você for apresentada para o público, não vai ser apenas a nova participante dos sete. -a afasto de mim a olhando firme. -Vai ser apresentada como a minha noiva

-Nós vamos casar? -pergunta com os olhos cheios de lágrimas de novo. -Você quer casar comigo?

-Eu não ousaria chegar nem perto de outra pessoa. -falo voltando  a beija-la. -Você foi feita para mim ursinha, nunca duvide disso.

-Nunca mais. -sussurra mordiscando minha orelha. -Eu sou a sua ursinha e você é meu ursinho carinhoso.

-Eu vou te mostrar o ursinho carinhoso. -falo a levando rápido com ela em meu colo a levando em direção ao quarto. -Você vai adorar brincar com o seu ursinho....