I. Máquina de Pinball

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O alarme tocou cedo, arrancando-me de um sono inquieto. Suspirei, desligando o despertador e sentando-me na beira da cama. O primeiro dia de aula em uma nova escola. Tentei me convencer de que seria apenas mais um dia, mas a ansiedade pulsava em meu peito.

Depois de um rápido banho e de vestir meu uniforme, desci para a cozinha. Dave estava preparando o café da manhã, e minha mãe já estava sentada à mesa, lendo o jornal.

— Bom dia, querida. — ela sorriu ao me ver, mas havia um leve traço de preocupação em seus olhos. — Preparada para hoje?

— Acho que sim. — murmurei, sentando-me à mesa e pegando uma torrada.

— Vai dar tudo certo. — Dave disse, colocando um prato de panquecas na minha frente. — E se precisar de algo, é só ligar, meu restaurante fica próximo ao seu colégio. — ele bagunçou meus cabelos e se sentou ao lado da minha mãe.

Agradeci com um sorriso tímido e terminei de comer em silêncio. Pouco depois, já estava na porta, com a mochila nos ombros. Senti a presença de Dave se aproximando por trás de mim.

— Quer que eu te leve? — Dave perguntou novamente, já sabendo a resposta.

— Não, eu vou andando "sozinha". Obrigada. — respondi, tentando soar confiante.

Caminhar até a escola me daria algum tempo para organizar meus pensamentos. As ruas ainda eram desconhecidas, mas o mapa mental que havia criado durante as primeiras caminhadas com minha mãe ajudava.

Decidi fazer um desvio e parar na loja de conveniência para comprar alguns cigarros. Era um hábito que eu sabia que precisava largar, mas a ansiedade do dia tornava difícil resistir.

A loja de conveniência estava a apenas alguns quarteirões de casa. Quando entrei, fui recebida pelo som familiar do sino acima da porta. A loja era pequena e desordenada, com prateleiras cheias de lanches, bebidas e revistas. Caminhei até o balcão, onde uma mulher de meia-idade estava atendendo.

— Bom dia. — ela disse, lançando-me um olhar avaliador.

— Bom dia. Um maço de cigarros, por favor. — pedi, tentando não parecer nervosa.

De repente, um barulho alto chamou minha atenção aos fundos da loja, um som semelhante ao de uma máquina de fliperama seguido por pancadas.

— Senhor Hopper! A máquina não é saco de pancadas! — A mulher gritou, chamando minha atenção para o fundo da loja. Estiquei a cabeça e consegui observar um garoto, provavelmente da minha idade e possivelmente gazeando aula, chutando a máquina de fliperama à sua frente.

— Cala boca, porra! — Ele gritou. — Como se eu não soubesse disso... Puta. — Ele voltou a atenção para o jogo.

A mulher à minha frente suspirou e me entregou o maço de cigarros.

— Aqui está. — Disse ela, parecendo aliviada por se afastar do tumulto causado pelo garoto

Agradeci rapidamente e saí da loja, sentindo o olhar curioso da mulher ainda sobre mim. Coloquei os cigarros na mochila e continuei meu caminho até a escola, o incidente na loja de conveniência permanecendo na minha mente.

Aquele garoto era extremamente mal educado. Definitivamente, eu não queria me colocar no caminho dele. Já tinha problemas suficientes. Melhor esquecer isso, [Nome].

Ao virar a esquina, a escola finalmente apareceu à vista. O prédio era grande e moderno, com janelas amplas e uma fachada de tijolos vermelhos. Um fluxo constante de alunos entrava pelos portões, e minha ansiedade voltou com força total.

Entrar naquele prédio cheio de rostos desconhecidos era assustador. Respirei fundo e segui em frente, tentando ignorar os olhares curiosos.

Por ser uma cidade pequena, a escola não era lá essas coisas. Não estava acostumada com o fato de os corredores serem tão curtos. Nova York parecia uma realidade tão distante de Denver.

𝐏𝐨𝐧𝐭𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐕𝐢𝐫𝐚𝐝𝐚 - Vance Hopper x ReaderOnde histórias criam vida. Descubra agora