rotten magic

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Isso está me atormentando a dias, eu não durmo, não como. Tudo parece uma depressão.

Durante o dia, eu tentava me concentrar nas minhas tarefas, mas a imagem de Billie sempre voltava à minha mente.

A noite chegava, e com ela, a promessa de novos sonhos com Billie. A noites eu me deitava na cama com um misto de ansiedade e expectativa, sabendo que, em breve, estaria novamente sonhando com ela.

A bruxaria macabra dela está grudada em mim como uma praga, meu estômago dói ao imaginar tudo que o que envolve ela. A forma como ela morreu e como ressuscitou.

Eu não sou cristã e nunca busquei a Cristo em minhas orações, ou se quer orei. Mas ela desperta em mim um medo intenso, intragável. Sinto meus ossos roçando uns nos outros quando estou sozinha, me sinto observada, vigiada o tempo inteiro.

No trabalho, os mortos olham pra mim, pálidos, sem vida e com seus olhos abertos me encarando enquanto coleto suas digitais.

Ela veio como uma praga.

Peguei a chaves do meu carro e o guarda chuva pra me proteger da chuva fina que caia e molhava meu carro. A decisão de ir passar o fim de semana na casa da minha irmã era o mais sensato a se fazer, se eu ficasse sozinha aqui provavelmente enlouqueceria ou ela me acharia.

O tamborilar da chuva contra o para-brisa do carro ecoava em meus ouvidos como um ritmo fúnebre. Cada gota era um lembrete cruel da minha situação: sozinha e com medo. As memórias dos últimos eventos me assombravam como fantasmas em um pesadelo, imagens distorcidas de Billie ecoavam em minha mente.

Apertei o volante com força, meus nós dos dedos brancos sob a pressão. A estrada escura se estendia diante de mim como uma cobra prestes a atacar. A chuva forte tornava a visibilidade quase nula, e os faróis do meu carro pareciam inúteis contra a cortina d'água. Anoiteceu rápido demais, o experiente hoje foi maior do que eu queria.

De repente, um vulto surgiu na pista. Um cervo, seus olhos arregalados de terror, congelou no meio do caminho. Tentei frear, mas o carro deslizou descontroladamente na pista molhada. O tempo pareceu desacelerar enquanto eu me aproximava da criatura indefesa.

Um grito de desespero saiu de mim, implorando para que ele corresse e se salvasse.

Um impacto violento sacudiu o carro, seguido por um silêncio ensurdecedor. O airbag estourou em minha cara, me cegando por um instante. Quando a poeira baixou, eu abri os olhos, desorientada e tonta.

Meu corpo doía, cada músculo protestando contra o impacto. Olhei ao redor, tentando entender o que havia acontecido. O carro estava parado no acostamento, a frente amassada contra um poste de luz.

Um tremor percorreu meu corpo quando a realidade me atingiu. Eu poderia ter morrido. Por pouco, não escapei da fúria da chuva e da imprudência de um animal selvagem.

O servo não estava em lugar, mas Billie, como um espírito se materializou a frente do meu carro. Como no necrotério.

Mas o medo não era apenas da morte naquele momento  erade Billie também, ela fez isso?

Lágrimas brotaram em meus olhos, quentes e salgadas. Eu me sentia fraca, vulnerável e completamente sozinha. A chuva continuava a cair, implacável, como se estivesse zombando da minha miséria.

Sai do carro que estava perdido, e determinada a fugir dela eu corri em meio às gotas geladas e pesadas de chuva, que encharcava minhas roupas, mas eu não me importava, tentando me acostumar com a ideia de que ela não viria atrás de mim, e novamente eu falhei. A corrida fracassada na chuva não duraria muito tempo, meus pés escorregavam e ela parecia ser mais rápido do que eu imaginaria.

IMAGINES BILLIE EILISHOnde histórias criam vida. Descubra agora