A dor latejava na minha cabeça como um tambor tribal, ecoando pelo vazio da minha mente. Meus olhos se abriram lentamente, lutando contra a névoa que os envolvia. A luz fraca que entrava por uma fresta minúscula me fez piscar, os olhos ardendo com a súbita claridade.
Tentei me mover, mas algo me impedia. Olhei para baixo e vi meus pulsos presos a uma superfície fria e áspera. Pânico subiu pela minha garganta como um ácido, sufocando meus pensamentos. Onde eu estava? O que tinha acontecido?
Memórias fragmentadas voltaram à minha mente como flashes: a mulher morta avançando sobre mim e golpeando minha cabeça, a sensação de cair em um abismo sem fim...
Levantei a cabeça, os olhos varrendo a escuridão em busca de respostas. O local era úmido e empoeirado, com o cheiro de mofo impregnado no ar. Era uma cada antiga e velha , teias de aranha se pendiam as cortinas fantasmagóricas.
Um calafrio percorreu meu corpo quando percebi que não estava sozinha. Duas silhuetas femininas se destacavam na penumbra, seus rostos ocultos pelo escuro, mas eu sabia que era ela. Elas se aproximaram lentamente, seus passos ecoando no silêncio opressivo.
–O que querem comigo?
Uma delas se inclinou para frente, revelando um par de olhos castanhos cheios de apreensão. Era a mulher mais vela que aparecerá para mim.
–Queremos conversar.
–Por que me sequestraram? –indaguei, a raiva e o terror se misturando em minha voz –Suas loucas, me soltem.
–Não foi a intenção –a outra mulher se manifestou, sua voz profunda e rouca –As coisas saíram do controle. Precisamos te explicar.
Explicar? O que elas poderiam explicar que justificasse esse pesadelo? Eu era apenas uma pessoa comum, levando uma vida normal. Por que eu? Ela estava morta a algumas horas atrás, eu vi o corpo dela no necrotério, eu assinei a ficha dela.
A confusão e o medo me dominavam. Meus pensamentos eram um turbilhão de perguntas sem respostas, e a cada segundo que passava, a sensação de pânico aumentava.
–Você está morta.
–Eu estava morta, tenho meu coração de novo em mim agora –ela disse mostrando a cicatriz no peito –O ritual está completo agora.
Eu precisava sair dali. Precisava me livrar daquelas mulheres malucas, escapar daquele lugar horrível e voltar para a realidade.
–Isso é impossível, você morreu!
–Eu estava apenas esperando o tempo certo, você minha querida, precisa me ouvir.
–Tudo bem –disse, forçando um tom de calma na minha voz –Ouço o que vocês têm a dizer, mas me soltem!
As mulheres trocaram olhares hesitantes, mas assentiram. A raiva libertou meus pulsos do aperto e me ajudou a ficar de pé.
–Sente-se, irei lhe preparar um chá– mulher mais velha disse e eu me sentei numa cadeira que ficava de frente a lareira presente naquele local.
–Eu não quero chá.
–Preciso que se lembre de quem sou eu –a mulher loira falou.
–Eu não faço ideia de quem é você e do por que eu estou aqui, vocês querem dinheiro?
–Não quero nada disso, quero que se lembre –ela se sentou a minha frente, ponderando suas palavras enquanto mexia em seus dedos –Eu voltei pra te buscar, se lembra?
–O que é você? Você estava morta, eu vi com meus próprios olhos.
–Você viu meu corpo, não a minha alma.
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IMAGINES BILLIE EILISH
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