ix.

78 12 5
                                    

 Maelie sempre imaginou como seria ser um pássaro para sobrevoar os céus e ver tudo de um ponto de vista diferente, mas naquele momento, ela só queria deixar aquele grifo e tornar-se uma minhoca, para então enfiar-se sob a terra e ignorar aquela v...

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

 Maelie sempre imaginou como seria ser um pássaro para sobrevoar os céus e ver tudo de um ponto de vista diferente, mas naquele momento, ela só queria deixar aquele grifo e tornar-se uma minhoca, para então enfiar-se sob a terra e ignorar aquela visão.

 Era quase um cemitério a céu aberto. Um cemitério a céu aberto onde descansavam para sempre seus companheiros e suas tropas. Onde alguns agarravam em silêncio os portões, olhando-os e os lembrando das promessas feitas. Onde estavam aqueles que mais lutaram e mantiveram as esperanças. O assobiar de suas almas parecia ecoar em seu ouvido, e ela sentia suas mãos frias e enfraquecidas agarrando-a desesperadamente, mesmo que nada conseguisse fazê-lo na altura em que se encontrava.

 Seus olhos foram mantidos sobre o pátio do castelo Telmarino, mesmo quando só tornou-se possível ver o telhado de uma das torres.

 Maelie acariciou o grifo que a conduzia pelos céus, passando suas mãos calejadas e arranhadas pelas penas da criatura, mãos aquelas que pareciam amaldiçoar tudo o que tocavam. Suas unhas já estiveram em melhor estado, mas no momento estavam pintadas pelo sangue seco debaixo delas, originado de feridas dos inimigos e suas próprias.

 Não era difícil de acreditar que havia falhado novamente, isso era algo que ela sentia que fazia bem, mas era difícil aceitar. Porque, mais uma vez, seu nome foi um eco de esperança para aquele povo inocente, e mais uma vez essa esperança virou dor. Uma dor muito além da física causada pelas feridas superficiais na pele. Uma dor na alma e na mente.

 A esperança virou um vazio em mais famílias, em corações, um vazio impreenchível em histórias. Foi adicionado um ponto final em histórias que não deveriam nem ter uma vírgula.

 Seus olhos começaram a pesar, e por mais que as vozes em sua cabeça não se calassem, e as faces dos inocentes a olhando com desespero fossem como ferro quente sendo pressionado fortemente contra seu cérebro, Maelie não conseguiu lutar contra o manto do sono, e foi levada para o abismo do nada.

 Já não estava mais escuro quando seus olhos se abriram, e o Monte Aslan já era visível abaixo do grifo, assim como Peter e uma parte que restou de sua tropa.

 Suas sobrancelhas tricotaram-se em confusão quando viu Peter e Caspian pararem frente à frente, e seus olhos se arregalaram quando os viu desembainhar suas espadas um em direção ao outro.

 Seu grifo então parou ao chão, e foi quando o desmontou teimosamente sozinha que notou o quão exausta estava. A única coisa que saiu de si foi uma tosse seca e doente, que quebrou o silêncio pesado instalado no ambiente.

— Ei, parem!

 Olhando para o lado, ela viu Edmund e Glenstorm com um Trumpkin desacordado nos braços. Nervosismo a encheu, e Maelie apoiou-se no grifo que permanecia ao seu lado, com um olhar consciente sobre si.

 Caspian deixou o ambiente, sendo seguido por Nikabrik, e Lucy correu até o outro anão, agora deitado no chão, lançando uma gota de sua poção da flor de fogo sobre os lábios ressecados do amigo.

THE ARCHER | as crônicas de nárnia²Onde histórias criam vida. Descubra agora