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 O amor era um sentimento procurado e almejado por Maelie, ela não podia negar

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 O amor era um sentimento procurado e almejado por Maelie, ela não podia negar. A jovem não era daquelas que não acreditava no amor verdadeiro, que tratava poetas e músicos como lunáticos e autores de fantasias e ficções. Ela acreditava no poder do amor acima de tudo. Contudo, apesar de rodeada de amor por seu tio, e agora por seus amigos, Maelie ainda não sentira aquela força descrita pelos romancistas, aquela que toma o ser e o interior do homem, e o faz querer entregar a vida àquela pessoa, aquela força que parecia estar em falta para seus pais há algum tempo.

 Bem, pelo menos, era o que acreditava. Mas seus amigos pareciam pensar o contrário.

 Ela devia imaginar que teria sido péssima ideia juntar-se a eles para compartilhar seu temor em relação à participação de Peter no plano revelado por príncipe Caspian após uma discussão sobre a presença dos telmarinos no bosque.

— Você se preocupa assim porque gosta dele, oras!

 Maelie tombou a cabeça para o lado, em choque com a afirmação aparentemente muito segura de Lucy, que a fitava com um enorme sorriso. Olhando entre os amigos, ela os notou também a mirando, olhares conscientes em face.

— De onde tirou essa besteira, Lu?

— Acho que a única que não nota é você, Mae. — Susan deu de ombros, parecendo ter se preparado pra essa conversa antes. — Não é de agora que você se preocupa tanto com Peter, e não há outra razão para isso se não seus sentimentos por ele.

— Nem uma razão para querer passar tanto tempo colada a ele. —  Edmund disse.

—  Ou para fitá-lo com esses olhinhos arregalados e brilhantes. — Caspian surgiu por trás de uma árvore, cantarolando, e piscou os olhos de forma exagerada e muito feminina.

 Maelie bufou.

—  Por Aslan!  Vocês ao menos escutam o que estão dizendo? — ela atrapalhou-se com as mãos, não aceitando as palavras dos outros jovens. — Peter é meu melhor amigo, nada mais. Inclusive, estamos no meio de um momento conturbado, não baguncem mais minha cabeça.

— Melhores amigos costumam ter uma grande conexão. — Edmund colocou os dedos sob o queixo, fingindo um olhar distante. Os demais sorriram, murmurando em concordância.

 Maelie revirou os olhos, levantando-se de maneira rápida e brusca.

— Chega. Não vou continuar ouvindo as besteiras de vocês! — disse, emburrada, e então tornou a fitar Edmund. — E você, mocinho, deveria estar se preparando para conversar com Miraz em vez de se preocupar com os relacionamentos alheios.

 Edmund apenas lhe olhou entediado, e também levantou-se de seu lugar, saindo para encontrar os companheiros que o acompanhariam.

— Então existe um relacionamento? 

 Maelie olhou estupefata para Caspian, vendo-o balançar as sobrancelhas com um sorriso brincalhão.

— Tchau.

 Ela deu-lhes as costas, caminhando até o interior do monte e tentando ignorar as risadas dos amigos atrás de si e os próprios pensamentos confusos.

 Peter era seu melhor amigo, a pessoa mais próxima que tinha desde muito tempo. Os dois eram confidentes e companheiros um do outro, e ela sabia que caso tivessem algo não seria ruim.

 Mas não aconteceria, porque ele não gostava dela. E nem ela dele. Ele só era engraçado demais, e simpático demais, e até um pouco charmoso. Peter sabia o que fazer e falar para deixá-la nas nuvens, para tirar o peso de carregar tudo no seus ombros e para deixar sua vida mais leve.

 O rapaz não era como qualquer outro, Maelie sabia disso, e sabia que a relação entre os dois não era como qualquer outra. Mas também não havia nada tão enorme quanto seus amigos gostavam de pintar, não é?

 Ela balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos confusos que a rondavam, e sentou-se sob uma grande árvore, focando no som de suas folhas se movendo ao vento em vez das vozes repetitivas de seus amigos que ressoavam em sua cabeça.

 Não teria porque negar algum sentimento por Peter caso existisse, é claro. Eles eram mais que bons amigos, não tinham porque esconder nada um do outro. Então, se ele sentisse algo por ela, com certeza a diria, não?

 Isso pouco importava a ela, não tinha razão para se preocupar com coisas inexistentes que seus amigos plantaram em sua cabeça. Não havia questionado seus sentimentos até então, não teria porque questionar àquela altura.

 Maelie não foi capaz de disfarçar seu susto quando escutou uma risada divertida vindo de seu lado, batendo com a cabeça no tronco da árvore e causando mais risadas em quem quer que parecesse tão interessado em seu estado atual. Virou-se para ver quem havia se juntado a ela sob a sombra da árvore, e sorriu um sorriso envergonhado quando reconheceu o professor Cornelius a fitando comicamente.

— Está aí a muito tempo? 

 O velho balançou a cabeça, ainda sorrindo.

— Apenas o suficiente para ser ignorado por você. — brincou.

— Oh, desculpe, professor. — Maelie se encolheu envergonhada. — Estava apenas pensando.

— Muito, pelo visto, não? 

 Ela assentiu, suspirando, e recostou a cabeça novamente na madeira da árvore, a dor do baque tendo sido aliviada.

 Cornelius pigarreou.

— Parece que deu certo. — a mais jovem o olhou confusa. — O acordo com Miraz. A luta vai acontecer.

 Maelie sentiu seu peito apertar, e viu a necessidade de fechar as mãos em punhos, arrancando alguns fios de grama do chão.

— Professor. — ele cantarolou. — Você já gostou muito de alguém?

 O barbado riu, parecendo saber de algo.

Todos pareciam saber de algo que ela não sabia.

— Interessante você me questionar isso quando comento algo envolvendo certa pessoa. 

 As bochechas da garota esquentaram.

— Me apaixonei uma vez. — seu tom tornou-se mais baixo. — Uma paixão do tipo que tira tudo de um homem. Não de forma negativa, mas sim das que lhe deixa tão confortável que não há mais nada a fingir, não há máscaras para usar ou rótulos para se importar. Foi uma paixão arrebatadora, e tudo o que conseguia pensar era em amá-la, em vivê-la. 

 Maelie notou as lágrimas que salpicavam os cantos de seus brilhantes olhos, e por um momento, a imagem de velho senhor sábio e sempre preparado escapou. Cornelius era agora um pobre homem apaixonado, tentado pelas mãos do amor, uma marionete da paixão.

— Ela era linda, tudo nela era. Desde seus olhos brilhantes ao som de sua risada desengonçada, tudo nela me encantava. E mesmo quando sua pele empalideceu, quando seus olhos se fecharam e sua risada parou de ecoar, eu continuei a achando a mais bela. Então, querida Maelie, eu já gostei sim muito de alguém, assim como você gosta.

 A jovem piscou para afastar as lágrimas que se formavam em seus olhos, respirando fundo e fitando o senhor que em algum momento havia se movido para estar à sua frente.

 Após ouvir a voz embargada e sonhadora de Cornelius formar tal declaração a alguém que nunca mais veria, ela sabia.

 Maelie gostava de Peter, gostava muito. Ela o queria por perto, mais perto. Ela o amava.

 Maelie vivia Peter, e ela queria que ele a vivesse também.

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⏰ Última atualização: Oct 14 ⏰

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