A água formava pequenas ondas sob seu barco, em um azul radiante debaixo da luz emitida pelos raios solares. Era uma visão quase romântica, que teria aquecido o coração dos presentes se não fosse pela áurea de desconforto que os tomava. O silêncio lhes soava alto, como se sua presença não animasse aos seres que habitavam a floresta ao seu redor, e não era possível ver nem o menor pássaro voando pelo céu livre de nuvens de Nárnia.
O anão narniano havia os explicado sobre um príncipe telmarino que encontraram no meio da noite, quando o capturaram e o mantiveram de refém. Disse sobre como ele tinha a trompa de Susan consigo, e a usara para conseguir ajuda. Por isso, eles agora lá estavam.
— Estão paradas. — Lucy sussurrou.
— São árvores. — respondeu o anão à sua frente, Maelie remexeu-se desconfortavelmente ao lado de Susan. — Você queria o quê?
— Elas dançavam.
O homem rabugento fitou a garotinha, suspirando profundamente antes de focar seu olhar nos profundos bosques que cercavam o rio por onde embarcavam.
— Pouco depois que saíram, os telmarinos invadiram. — começou. — Os sobreviventes se retiraram para os bosques, e as árvores se retiraram para tão dentro de si mesmas que nunca mais as ouvimos falar.
— Eu não entendo. — Lucy franziu suas sobrancelhas. — Como Aslan permitiu isso?
O anão zombou.
— Aslan? Achei que tinha nos abandonado junto com vocês.
O aperto no peito de Maelie aumentou, e ela engoliu em seco quando as palavras lhe foram tiradas. Durante muito tempo, as vozes em sua cabeça foram as únicas a dizê-la como era culpada pelo sofrimento de seres inocentes. Mas agora, um deles lhe apontou o dedo, a lembrando de como seu fracasso com aquele povo permaneceria para sempre em sua memória.
Ela sentiu Susan segurar sua mão com força, acariciando os nós de seus dedos, e suspirou ao colocar sua cabeça sobre o ombro da garota com cuidado.
— Não quisemos abandoná-los. — Peter disse.
— Não faz diferença agora, faz? — indagou o mais velho, melancolicamente.
— Leve-nos até os narnianos. — insistiu, aumentando a velocidade com que remava. — E fará.
Após mais alguns momentos sentados no barco, em um silêncio pesado e desconcertante, eles atingiram terra. Maelie desembarcou, ajudando Susan e Lucy, e logo indo se posicionar para puxar sua embarcação junto dos outros.
— Olá, seu urso. — Lucy exclamou animadamente.
Os quatro que terminavam de posicionar o barco, e o anão próximo a eles, levantaram suas cabeças, encontrando a menina caminhando em direção a um imenso urso negro, que caminhava sobre suas quatro patas e farejava o chão coberto por pequenas pedras.
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THE ARCHER | as crônicas de nárnia²
De Todona qual maelie sente que todos veem através de si fem!oc x p.pevensie book two