viii.

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 Maelie respirou fundo, consertando a fivela teimosa de seu colete de couro, que insistia em mover-se de seu lugar, e passou a mão pelo corpo para ter certeza de que tinha tudo o que precisava

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 Maelie respirou fundo, consertando a fivela teimosa de seu colete de couro, que insistia em mover-se de seu lugar, e passou a mão pelo corpo para ter certeza de que tinha tudo o que precisava. Suas sobrancelhas foram curvadas em surpresa quando não sentiu sua aljava presa às suas costas, e seus olhos passaram pela sala onde estava, não encontrando nenhum sinal do monte de flechas.

 Antes que pudesse estressar-se e sair à procura do objeto que continha tanta importância, alguém coçou audivelmente a garganta na entrada da sala, e quando olhou para o buraco sem uma porta, viu o príncipe de Telmar encostado à parede com um familiar elemento em mãos.

— Oh, — suspirou aliviada, aproximando-se. — obrigada.

 O moreno sorriu, ajeitando sua postura para ficar em pé corretamente, e estendendo cuidadosamente a aljava em sua direção.

— Você deixou na oficina. — Caspian explicou, e Maelie cantarolou em resposta, atrapalhando-se para posicionar o objeto corretamente em suas costas. O príncipe riu. — Espere aí.

 Ele sinalizou para que ficasse de costas, e amarrou a aljava. A garota notou a forma como fazia um grande cuidado para não tocá-la sem necessidade, como se tivesse medo de invadir seu espaço pessoal — principalmente em um momento em que parecia tão cabisbaixa —, e ela estava agradecida por isso.

— Pronto.

 Maelie virou-se novamente para fitar o rapaz, notando a preocupação em sua feição.

— Você conversou com ele desde a reunião?

 Ela suspirou, de repente achando as lascas na parede de pedra ao seu lado muito interessantes. A tensão entre a guia e o grande rei era algo de que todos estavam cientes. Os dois pareciam evitar-se desde a discussão nas escadarias após a declaração de Peter sobre sua decisão de invadir o castelo, sentando-se em lugares separados no café coletivo — o que não lhes era comum —, não praticando juntos como era de costume antes de batalhas, e não trocando olhares além dos rígidos que lançavam um ao outro vez ou outra quando o plano era mencionado. Maelie nem mesmo parecia engajada na reunião que tiveram de manhã para definir as posições e encerrar o planejamento do ataque, preferindo permanecer calada e revirar os olhos sempre que o garoto dizia alguma coisa.

 Eles não eram bons em esconder, mas não era como se já tivessem alguma experiência. Os dois tiveram uma única desavença, que foi resolvida assim que Maelie salvou Lucy de afogamento em um rio em processo de descongelamento. Um desentendimento em meio a um caos, que os dois logo consertaram. Todos sabiam que Maelie e Peter eram uma dupla, e vê-los separados não parecia certo para ninguém.

 Ainda assim, nenhum dos jovens fez esforço algum para consertar isso, optando pela mesquinhez e o rancor.

— Edmund, Susan e Lucy já insistiram para que eu fale com ele, e mantenho o que disse. Se Peter quer se resolver, que me procure.

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