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Segunda, 21 de Setembro.
4:30 da manhã.

[💬]

  A boate estava mais lotada do que deveria, mesmo sendo uma segunda-feira, o começo da semana para muitas pessoas que trabalhavam, essas que pareciam nem se importar com os trabalhos, enchendo a cara de bebidas.
  Os dois se direcionaram até o bar, se sentariam um ao lado do outro nas cadeiras altas, teriam escolhido aquele local por conta de que, na periferia, ninguém ligava para os crimes um do outro.
   Viturino tirou um cigarro, e colocando entre os lábios enquanto o acendia, dando uma longa 'tragada, Filgueira o repreendeu com um olhar.

   —"Por que você fez aquilo? Roubou a loja de um rapaz inocente?

   O bandido levantou uma das sombracelhas, soltando a fumaça para cima, enquanto inclinava as costas para se apoiar no balcão do bar.

   —"Eu não preciso contar pra você. É algo pessoal.
 
  Ele responderia, mudando o olhar do detetive para o resto dos bêbados naquele bar, envolvendo novamente o cigarro entre os lábios. O detetive franziu o cenho, eles literalmente tinham ido ali para conversar.

   —"Mas você-

   —"Que crimes você acha que eles cometeram?

   O ladrao perguntou, claramente tentando mudar o assunto, desviando a atenção do detetive. Filgueira o olhou com certa confusão e irritação, até abrindo a boca para protesta, apenas para ser cortado novamente.

  —"Pois é, é quase impossível você descobrir o que eles fizeram ou fazem pela aparência. Aquele ali.

  Viturino apontou para um cara sentado em uma mesa mais reservada, se vestindo com roupas de marca, tendo uma postura bastante imponente.

  —"Você iria acreditar se eu te contasse que aquele cara matou a própria esposa? E aquele ali, você acreditaria?

   O ladrão continuou, apontando com o olhar para outro rapaz, esse que não tinha uma aparência tão exuberante quanto o outro. Aquele claramente iria atrair olhares assustados e julgativos de muitos. Filgueira apenas estreitou os olhos, que porra que aquele filha da puta estava falando?

   —"Esse não é o ponto, eu quero saber porque você roubou-

   —"Eu sei que você tem muitos outros casos...

   O detetive não conseguia falar, sempre era interrompido, e cada interrupção, ele ficava mais irritado. Ele sabia que Viturino apenas estava tentando mudar o assunto.

   —"Mas... querido... eu posso ser seu favorito?

  O ladrão murmurou, se inclinado para mais perto do outro, uma mão agarrando o banco da cadeira dele como apoio, os olhos do acastanhado se estreitando. Filgueira franziu o cenho, exibindo uma expressão confusa, mas parcialmente envergonhada, ele sabia que Viturino apenas estava tentando o manipular.
   Wilbur se inclinou mais ainda, os olhos focados nos de Quackity, um sorriso convencido aparecendo em seus lábios. Ele sabia que tinha ganhado.

   —"O que caralhos você está falando? Você acha que é fácil assim me seduzir?

   Sim, era fácil assim seduzir o detetive, ainda mais se fosse alguém como Viturino, era sufocante olhar para o rosto daquele cara, a beleza e luxúria que emanava daquele rosto era sufocante, ele nunca se sentiu assim, era desesperador. Filgueira já teria passado por tudo, até mesmo alguns suspeitos que viam sexo como forma de escapar da pena de cadeira. Quackity sentia a respiração ficar cada vez pesada, uma batalha acontecendo dentro de seu corpo, os punhos cerrados por cima do próprio colo.
   Por que ele era tão diferente? Se fosse algum outro suspeito ele já estaria preso a muito tempo atrás, mas porque não conseguia apenas colocá-lo atrás das grades? Viturino soltou a fumaça do cigarro no rosto dr Filgueira, fazendo com que o mesmo devolvesse o olhar.

  Wilbur era os faróis.
Quackity era o cervo.

  Finalmente o detetive iria reagir, usando a mão para afastar o rosto do ladrão, mesmo que uma parte de seu corpo estivesse apenas implorando para puxá-lo para perto. Talvez ter beijá-lo naquele carro tivesse sido um erro.
  Viturino iria agarrar o pulso do outro, ainda mantendo o mesmo sorriso convencido no rosto, uma conversa silenciosa rolando entre os olhares. O ladrão era persistente, e o detetive tinha uma resistência muito baixa.

Talvez ele precisasse de alguém mais velho.

   Quackity balançou a cabeça, ainda empurrando o rosto do outro, negando com todo seu ser a vontade de apenas se deixar levar. Mesmo não tido bebido nada, ele se sentia bêbado naquele bar de boate. Eles ainda se encaravam, o cigarro pendurado nos lábios de Wilbur, esses que atraíram a atenção dos olhos do detetive.
    Ele grunhiu, e finalmente seus esforços valeram a pena, mas não antes de ver o canto dos lábios de Viturino se curvarem para cima. É, ele seria seu favorito.

[❔️]

   Era uma relacionamento estranho, depois daquilo o detetive apenas desistiu e deixou o ladrão fugir, era impossível lidar com ele sozinho. Ele apenas deu uma desculpa fajuta para Foolish, fez um discurso motivacional para Slime como se nada tivesse acontecido. Como se o detetive o ladrão não estivesse dividido um cigarro na madrugada passada.
   Talvez tivesse pisado na bola, um suspiro irritado e frustrado saindo de seus labios enquanto colocava os documentos dentro de uma pasta, a enfiando dentro a gaveta, querendo esquecê-la. Ele não voltou naquela delegacia, talvez fosse errado olhar na cara do filho sabendo o que ele tinha feito com o pai. Ou como se deixou enganar por um rostinho bonito e uma voz calorosa.
  Filgueira não fumava, mas era impossível não sentir uma certa melancolia quando o cheiro de tabaco chegava em seu nariz, foi objetivo mas ele falou objeto, ele faz mais falta do que o Felipe Melo, era paciente, mas tem coisa que ele não espera.
   Era tentador, olhar para a tela do telefone e ver o contato não-salvo de Viturino, já tinham se passado meses, o detetive já tinha se envolvido em outros casos, esses que foram resolvidos rápidos, diferente daquele que ele apenas arquivou e jurou esquecer. Talvez apenas fosse estúpido, estúpido por deixar com sentimentos tomarem conta de seu ser e suas decisões. Por que caralhos aquele cara significava tanto para ele? Eles nem chegaram a se conhecer, só sabiam o primeiro nome um do outro, mas Filgueira sentia um vazio no peito, era estranho, era doentil de alguma forma.
    Talvez Viturino fosse realmente seu favorito, o detetive nunca mais ouviu alguma notícia sobre aquele ladrão, uma preocupação fútil crescia em seu peito, era tudo confuso, porquê ele se sentia assim? Talvez aquilo, talvez isso, porque ele nunca tinham um pensamento certo sobre o outro?
    O som da campanhia soou pela casa, fazendo com que Filgueira saísse dos próprios pensamentos sufocantes, indo atender a porta. E para sua surpresa, lá estava o homem que o detetive passou noites acordado pensando sobre, a única diferença, era que ele estava coberto de sangue, um sorriso nervoso nos lábios.

 E para sua surpresa, lá estava o homem que o detetive passou noites acordado pensando sobre, a única diferença, era que ele estava coberto de sangue, um sorriso nervoso nos lábios

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   Ajeitei algumas partes do capítulo anterior, e decidi mudar um pouco, por isso tirei o capítulo 9 :33

E isso da inicio ao segundo arco

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⏰ Última atualização: Jun 25 ⏰

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𝙎𝙤𝙗 o 𝙨𝙚𝙪 𝙣𝙖𝙧𝙞𝙯 - TNT-DUO Onde histórias criam vida. Descubra agora