Gabrielle nunca foi uma garota que passava despercebida. Na infância, seu sobrenome chamava atenção de todos, bruxos e trouxas. Ora, como não chamaria? É o sobrenome da monarquia brasileira, afinal. Mas a garota gostava da atenção e dos olhares espantados e encantados na mesma intensidade, sabia que era importante e não se preocupava em aparecer. Na adolescência, Elle se tornou o próprio estereótipo da mulher latina: pele sempre bronzeada, cabelos ondulados que iam de encontro até a sua cintura fina, que contrastava perfeitamente com sua bunda e seios grandes; seus cabelos eram castanhos escuros e as pontas cor de mel, resultado das idas diárias à praia de Ipanema. E seus olhos. Meu deus. Seus olhos eram uma mistura de âmbar e castanho e azul e verde. A mesma cor do céu do Rio de Janeiro ao pôr do Sol. Era esperado que todos os garotos fizessem fila pela garota que parecia ser perfeita.Seus pais, Eduardo e Mônica de Orleans e Bragança, eram a luxúria e elegância encarnados. A menina sempre observou os dois, a maneira que se portavam na frente de todos, mas o que mais a chamava atenção era os momentos em família. Pareciam apenas dois jovens apaixonados, como se permitissem ser eles mesmos apenas nestes momentos. E Elle aprendeu a fazer o mesmo. Esbanjava riqueza aos amigos, mas nunca demonstrava seus sentimentos; passou a acreditar que aquela seria sua maior fraqueza.
Numa terça feira qualquer, seus pais a chamaram para o escritório da casa. Então Gabi (confusa pois nunca deixaram a garota entrar) desce as escadas e se direciona ao cômodo. Sente um frio na barriga ao virar a maçaneta mas simplesmente ignora.
- Me chamaram? - sorriu um pouco ao falar
- Sim sim, minha filha. Sente-se, por favor. - Eduardo disse, com uma expressão séria junto a Mônica, o que preocupou Elle.
A garota então se senta em uma poltrona de frente aos seus pais, já ficando nervosa, pois nada disso era comum.
- Filha, sei que provavelmente essa notícia será um baque para você.... Mas por favor, saiba que tudo isso é para o bem de nossa família, ok?
- Gente, vocês estão me assustando. - pigarreia a garota - Só falem de uma vez.
- Ok. Vamos lá. - Eduardo começa - Você sabe que a situação econômica do país não está agradável e meus negócios estão indo à falência. - Gabrielle gela a ouvir as palavras proferidas - Todavia, parece que minhas empresas internacionais estão prosperando. Eu e sua mãe chegamos na decisão de que fecharemos todas as companhias do Brasil e focaremos apenas nas estrangeiras.
- Meu Merlin! - Gabi responde aliviada - Vocês me mataram de susto! Com todo respeito, achei que era algo mais importante, vocês fizeram o maior suspense só para isso, não acredi-
- Nós decidimos que mudaremos para Londres. - Sua mãe interrompe antes que a menina continue.
Elle sente seu queixo cair -literalmente- e fica sem reação. Mudar para Londres???? Seus pais enlouqueceram de vez??? "E minha vida? Minha escola? Meus amigos? Merlin, e Castelobruxo? Terei que parar de praticar magia?" a garota pensa, sendo invadida por milhões de perguntas.
- Já está certo e nos mudaremos dia 13 do mês que vem. Por favor Elle, entenda que estamos fazendo esta mudança por um bem maior, e por você também... - e como se lesse a mente da garota, seu pai acrescenta - Conversei com o diretor de Hogwarts e tem uma vaga esperando por você. Dumbledore a deixou escolher sua casa dentro da escola de magia, direito que nunca foi concedido a nenhum aluno, devido às circunstâncias.
- Pera pera pera. HOGWARTS??? Pai, pelo amor de Deus, por que o senhor não começou por aí? - a menina sente um sorriso se alargar em ser rosto, afinal, estaria de transferência para a maior e melhor escola de bruxaria do mundo.
- Se você não gostar da ideia podemos ver se Beauxbatons teria alguma vaga...
- Está brincando??? Irei para Hogwarts. - Ella diz se levantando animada - Posso arrumar minhas coisas para a mudança ou é cedo ainda?
Seus pais riem e se levantam para abraçar a jovem, que corresponde com um abraço apertado.
- Nós te amamos.
- E eu amo vocês.
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Gabrielle (pov)
Amanhã oficialmente me mudarei para Londres. O mês passou voando, ocupei minha mente arrumando minhas malas e fazendo pesquisas sobre Hogwarts. Merlin, estava tão animada que nesses últimos dias não consegui dormir. Entrarei no quinto ano pela Corvinal. Confesso que fiquei em dúvida quanto qual casa escolher, senti que tinha um pouco de todas dentro de mim. Corajosa e destemida como uma grifinória. Sábia como uma corvina. Amável e gentil como uma lufana. E ambiciosa pra caralho tal qual uma sonserina. No final, senti que a Corvinal me proporcionaria um pouco de tudo, então: por que não?
Decidi aproveitar meu último dia na praia. Não estou preparada pro tempo horrível da Inglaterra, não quando vivi 15 anos no calor acolhedor do Rio de Janeiro. Peguei minha prancha e fui para o Posto 5 da Barra da Tijuca. Não costumo vir aqui, mas admito que é o lugar mais gostoso para se surfar.
Eu vou sentir falta do mar. Do pôr do Sol. Da areia branca e fofinha.
Todos meus pensamentos foram embora quando entrei na água. Parecia que éramos uma só. Surfei como se fosse a última vez -porque era- e senti lágrimas brotarem no canto de meus olhos, que logo se misturaram com a água gelada do mar.
Quando me cansei, fui sentar na areia pra ver um último pôr do Sol carioca. Sentirei tanta falta disso.
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A Garota dos Sonserinos
FanfictionGabrielle de Orleans e Bragança, herdeira da linhagem bruxa brasileira mais tradicional existente, é transferida para Hogwarts após se mudar com seus pais para Londres. A garota carioca logo encanta todos com seu charme, mas chama atenção especifica...