Capítulo 31 • Ira

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Draco (pov)

Escuto o grito de Gabi e acordo no susto. Olho para o lado e a garota está em posição fetal, segurando as pernas e se balançando, como se tentasse se proteger de algo. Instintivamente a abraço e continuo a sacudindo feito um bebê. Pouco a pouco ela vai se acalmando, até que deita de costas para mim. Coloco seu cabelo atrás da orelha e lhe pergunto.

- O que houve, querida?

- Apenas... amanhã. Amanhã conversamos.

- Tem certeza?

Mas ela nao responde. Percebo que havia pego no sono rápido, e faço o mesmo.

Acordo pela manhã, mas minha namorada não está mais na cama. O alarme nem havia tocado ainda, então estranho. Nenhum bilhete, nenhum aviso. Somente seu lado do armário aberto, o que era um indicativo de que estava arrumada e já estava no café da manhã, ou na comunal.

Me arrumo de qualquer jeito, preocupado com tudo isso. Coloco apenas o uniforme comum da sonserina e penteio o cabelo para trás. O único anel que usaria era o que Elle me deu, que nao tirava. Vou até o salão comum e ela não está. Então me dirijo ao grande salão.

Quando chego, a vejo de longe, sozinha com Mattheo, os dois conversando sérios. Vou me aproximando e reparo bolsões e olheiras em seus olhos, sinal de que estava chorando e/ou nao havia dormido mais.

- Mas que diabos, amor? Você me deu um susto.

- Precisamos conversar, Dray. Sobre ontem.

Um arrepio corre pela minha espinha. Me sento ao seu lado e a garota parece prestes a desabar. Leva um momento até ela começar a falar, momento este suficiente para o salão começar a encher. Ela começa, falando baixo.

- Quando vocês foram embora... Não consegui finalizar o ritual. Voldemort - ela engasga ao dizer seu nome - virou tipo uma névoa e apagou a fogueira. E esta noite, quando acordei gritando - ela se vira para mim e olha no fundo dos meus olhos - ele veio até mim em um sonho. Um pesadelo, na verdade. Estava amarrada... E ele ameaçou vocês, minha família. Tudo que amo. Ele disse que eu tenho que trazê-lo de volta a vida.

Sinto que estou mais pálido que o normal. Aquilo nao podia estar acontecendo. Não com Elle, que agora chorava debruçada em mim. Não com meu amor. E o pior, era culpa minha.

Não.

Não era culpa minha.

- Você. - digo a Mattheo. - Você nos convenceu disso tudo, seu animal.

Me desvencilho de Elle e vou até seu encontro do outro lado da mesa. Me sinto com tanta raiva que poderia explodir ali mesmo.

- Draco... Fala sério, eu nao podia prever que isso iria acontecer.

Ele falava numa calmaria surreal. Não via o estado em que Ellie estava?

- ERA ÓBVIO QUE DARIA MERDA! É A PORRA DO VOLDEMORT.

Grito e todo o salão vira para olhar, incluindo todo o corpo docente.

- Dray...

Gabi começa a falar, mas parto para cima de Mattheo, que desvia e fica em cima de mim. Começamos uma briga corpo a corpo e consigo o acertar na boca, mesmo por baixo. Então ele começa a me bater e pedir desculpas ao mesmo tempo. Me desvencilho e ficamos em pé, ambos. Mas quando íamos começar a briga de novo, sinto uma rajada de vento que nos separa e nos levanta no ar.

- CHEGA!

Gabrielle havia nos levantado. Na frente de todos. Havia revelado seu poder para Hogwarts inteira.

Como se percebesse o que fez, ela nos deixa no chão e sai correndo sabe-se la para onde. A única diferença entre os outros é que eu sei para onde.

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Gabrielle (pov)

Chego até a sala de Snape, sabendo que uma hora iria me procurar, já que havia mostrado meus poderes. Sento num canto e me desabo de chorar. Nao culpava ninguém pelo que aconteceu, por Voldemort. Ninguém exceto a mim. Havia me deixado levar, me convencido de que era poderosa o suficiente para nao acontecer nada de errado.

O professor chega depois do que parece ser uma eternidade, e surpreendentemente senta no chão ao meu lado.

- O que fez, Gabrielle?

Conto a ele tudo que aconteceu, mas em nenhum momento mostra-se decepcionado. Se tem algo que parece é que está... Interessado no que digo. Escuta tudo com atenção, e quando termino de falar, ficamos em silêncio durante um período. Em um ato inesperado, ele me abraça e permito mais uma vez as lágrimas rolarem.

- O que iremos fazer é o seguinte Bragança: Esperaremos até a próxima lua cheia. - abro a boca para contestar mas ele continua. - só assim será possível reiniciar o ritual. Até lá, praticaremos oclumência ao invés de nossas aulas habituais. Aquele-que-nao-deve-ser-nomeado não conseguirá acesso a sua cabeça e aos seus sonhos se nao deixarmos. Entendidos?

- Entendidos.

- Agora, senhorita, senhor Malfoy pediu para avisa-la que estaria te esperando na comunal. Cuide-se, criança.

Dou mais um abraço apertado no mesmo, que fica relutante, e saio em direção as masmorras. Todo grupo de adolescentes pelo que eu passo está cochichando sobre mim, e pela primeira vez na vida sei que não são coisas boas. Tento ao máximo não me encolher de vergonha, e acho que consigo, pois minha postura impede que outras pessoas falem ainda mais. Chego na comunal mas nao encontro Draco, então imagino que esteja no nosso quarto.

- Amor? - digo ao bater na porta.

Vejo um buquê de rosas em cima da escrivaninha, e Dray sentado na cama, com olho roxo e mãos inchadas.

- Oi, minha vida. As rosas são para você, obviamente. É meu pedido de desculpas.

Chego perto dele e ponho a mão em sua bochecha, e ele se apoia nela. Faço um carinho e beijo sua testa.

- Não gosto quando você briga. Imagino que saiba disso.

- Sei, minha vida. - ele responde.

- Agora preciso cuidar muito bem de você, não é? Pena que não está merecendo.

Tento me distanciar mas ele me puxa pela cintura, e seu rosto fica na altura de meus seios. Ele levanta lentamente e me dá um beijo carinhoso e ao mesmo tempo feroz nos lábios. Suas mãos passeiam pelas minhas costas e repousam em minha bunda.

- Estou perdoado? - ele faz uma cara de cachorro pidão.

- Vou pensar no seu caso. Enquanto isso, deixe eu te contar o plano de Snape, ok?

Ele sorri. - Ok.

A Garota dos SonserinosOnde histórias criam vida. Descubra agora