What You Want

186 35 0
                                    

De alguma forma, não vi Samanun deixar o clube de tango na noite passada. Não sei como isso aconteceu. Certamente o local estava lotado, mas minha atenção foi desviada da entrada do clube apenas uma ou duas vezes. Normalmente, sou perita quando se trata de rastreamento.

Considerando que apenas rastreei um alvo, creio que esteja indo bem. Então a alvo escapou ao meu radar. Ótimo.

Eu estava precisando de algum espaço para respirar depois de ter ficado tão perto dela, dando voltas pela pista de dança agarrada em seu corpo de forma sugestiva. Eu admito.

Ela havia incendiado minha pele com seu sex appeal. Agora, esfregava meus braços nus enquanto abria caminho entre os dançarinos reunidos entre as negras sombras do clube. Ela aparecia aqui todas as noites após as 23h. Dançava com duas ou três mulheres.

Às vezes, saía do clube sozinha.

Outras vezes, ia embora com uma bela mulher agarrada a ela. O que ela fazia com aquelas mulheres era abominável. Eu a deteria naquela noite. Precisava fazê-la ou jamais seria capaz de encarar o que meu futuro reservava.

O som do bandoneón convidava os dançarinos para a pista. Demorei-me perto da parede de tijolos para aquela dança. Precisava visualizar meu alvo.

Ela se movia pela pista com uma loira mais alta que ela. Mantinha certa distância entre elas, não se comprometendo com a intimidade além do controle da dança.

Gostei daquilo. Se ela iria dançar agarrada a alguém naquela noite, era melhor que esse alguém fosse eu.

Bem, hã... Estritamente como uma condição para a caçada, é claro.

Estendi minha perna direita na direção da pista de dança. Naquela noite, eu usava um vestido justo violeta-escuro cujo decote da frente era tão profundo quanto o das costas.

Algumas lantejoulas ocasionalmente reluziam quando atingidas pelas luzes atenuadas pela fumaça.

Aquilo fazia com que eu me sentisse sexy. Pouquíssimas coisas o faziam ultimamente. Ela passou por mim, e nossos olhares se encontraram por um momento mais longo do que a parceira dela gostaria. A outra passou o braço em torno do pescoço dela e a tocou.

Ela se virou e olhou para a parceira com raiva diante da expressão zangada que ela fez. Com um simples giro, ela tirou sua parceira da pista de dança.

Uma rápida rejeição. Quando a canção seguinte começou, ela veio até mim.

— Agora que você está aqui, não conseguirei me concentrar.

Se isso não foi uma cantada... Ela apertou minha mão, hesitantemente deslizando sua outra mão para cima em minhas costas. Um convite.

Ela não se moveria até que lhe desse um sinal sutil. Arqueei as costas, acomodando meu peito contra o dela.

Havíamos ido além da distância mútua: quanto mais próximas, melhor.

Aquilo dava a mim, que era a caçadora, a vantagem. E ela deu um passo para trás, se apoiando em seu pé esquerdo, para iniciar nosso duelo. Andamos, ela julgava meus movimentos e conduzia com grande conhecimento.

Ela tornava fácil segui-la, tão fácil quanto respirar. Se pelo menos pudesse respirar assim para sempre.

Um deslizar de meu pé entre seus tornozelos a atraiu para mais perto, e novamente ficamos face a face.

Com nossos peitos próximos, eu podia sentir seu coração batendo: uma surpresa. O pulsar do sangue jorrando por suas veias me golpeava por dentro como o som sedutor de um baixo.

Bite MeOnde histórias criam vida. Descubra agora