Vampiros não precisam de muito sono. Normalmente, eu apenas adormecia após uma ótima relação sexual.
Por isso, não fiquei surpresa por ter acordado numa cama estranha.
O perfume de Mon que ainda permanecia na cama acalmava quaisquer apreensões que pudessem vir a surgir. O que realmente me surpreendeu foi a estaca de madeira que se encontrava perto do meu quadril. Levantei rapidamente e agarrei o objeto, manejando-o como se fosse fincá-lo. Mon não estava no quarto, mas já devia ter estado ali.
Será que ela estivera prestes a fincar a estaca em mim? Passei uma das mãos pelo rosto e ergui as pernas por sobre a beirada da cama. Minha calça estava ali perto, e eu a vesti.
Fechei o zíper e a abotoei, mas não me importei com minha camisa.
Um olhar pela janela fez com que eu percebesse que só me restava uma hora
para voltar para casa antes do raiar do sol. Eu poderia tolerar a luz do sol aos poucos e progressivamente. Não era como se eu fosse me consumir em chamas logo da primeira vez em que me expusesse ao sol. Porém, eu me consumia em chamas, e rapidamente.Um choro fez com que eu fosse até a sala. Ela estava sentada perto da janela que ia do chão ao teto, a cabeça recostada contra o vidro. Lágrimas respingavam sobre o vidro como gotas de chuva. Agachei ao lado dela, mas senti que palavras seriam inadequadas.
Coloquei a estaca diante dela.
Ela agarrou o objeto de minhas mãos e o atirou do outro lado da sala.
A estaca se chocou ruidosamente contra a parede oposta.
— Eu iria matá-la, está bem? Você não me
odeia?
— Mas você não me matou.
— Não consegui... Eu... Eu acho que realmente me importo com você.Ambas fomos pegas de surpresa pela confissão.
— Além disso, não posso matá-la. Era para ser algo que me fizesse sentir melhor, que me permitisse recobrar o controle antes de perdê-la de vez. E eu precisava fazer algo de bom para outras pessoas antes de... Bem... Mas cravar uma estaca em você? Não, isso não é bom. Você não é uma ameaça. E eu não sou uma assassina.
— Algo de bom?Ela tinha até um pouco de razão, mas havia desatado numa frenética tagarelice emotiva. Estava escondendo alguma coisa de mim. Eu já havia sentido isso enquanto dançávamos.
Ela estava tensa demais, não parecia totalmente preparada para se entregar.
— Por que você precisa fazer algo de bom antes de...?
Ela aninhou a cabeça em meu peito, e eu a puxei para meu colo.
Apoiado contra a janela, eu a abracei, nua e quente. Queria beijá-la, acariciar sua pele macia, e recomeçar a fazer amor com ela.
Porém, eu não brincaria com a óbvia dor que sabia que ela estava sentindo.
— Estou morrendo.
Ela disse delicadamente. Agora, as lágrimas haviam cessado. Ela falava com clareza, porém vagarosamente.
— Mal de Huntington. Logo, essa doença afetará minha dança, porque ataca os músculos e mata rapidamente em seguida. Não existe cura.
Dei-lhe um abraço apertado, não querendo desistir dela por qualquer coisa, visível ou invisível.
O mundo podia ser extremamente cruel com os mortais.
— Passei um ano treinando para ser uma assassina. Um homem me abordou depois de uma reunião do grupo de apoio. Ele me falou sobre vampiros e me provou que eles existiam. Ele disse que eu podia fazer o bem exterminando vampiros. Que eles faziam mal aos mortais. E... era um meio de matar aquilo que eu não podia ter.
— A eternidade.

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Bite Me
FanfictionComo vampira, Samanun Anuntrakul jamais conhecera mulher mais intrigante que Korkamon Armstrong. A tailandesa esperou semanas até que ela desse o primeiro passo e não se decepcionou quando compartilharam uma sedutora dança em um clube de tango em Pa...