Flutuando num sonho de desejo com perfume de canela, voltei à superfície com um gemido e um suspiro. Abrindo os olhos, olhei para cima e vi os olhos mais escuros e sensuais que já havia fitado na vida. Droga, era a vampira.
Empurrei-a, mas percebi que me mantinha pendurada em seus braços. Aquilo resultou num desajeitado tropeço para longe dela, e uma queda que me levou a agarrar a maçaneta da porta da frente da minha casa.
Minha porta?
— Como você descobriu onde eu moro?
Ela se recostou contra a soleira da porta, tranquila e encantadora em seu terno risca de giz, típico do tango argentino.
— Você vinha me seguindo. Eu vinha seguindo você.
— Apenas na pista de dança, companheira.
— Não minta para mim, linda assassina. Todas as noites eu sentia sua presença quando deixava o clube. Sempre vigilante. Eu me perguntava quanto tempo levaria para você se aproximar de mim. Jamais sonhei que tal aproximação fosse ocorrer na pista de dança.
— É mesmo?Coloquei a chave na fechadura.
— Esse foi o meu erro. Eu deveria ter cravado a estaca em você na primeira noite em que o vi.
— E por que não o fez?Caminhei no interior escuro e frio de minha sala de visitas, fazendo um gesto para que ele me seguisse.
Estava cansada demais para discutir.
A adrenalina correndo loucamente por minhas veias havia me roubado a energia.
Virei-me para encontrar uma vampira na soleira da porta, encostada na parede e dando um falso sorriso.
Ah, inferno.
Com um gesto casual de minha mão, eu havia lhe dado permissão para entrar. Agora, ela podia entrar livremente, sempre que quisesse.
Será que não aprendi nada durante meu treinamento no último ano?
— Você nunca fez isso antes, fez?
Ela se aproximou, e eu tive a prudência de sacar minha estaca, que, surpreendentemente, ela devia ter recuperado e colocado em minha bolsa.
— Para trás, vampira.
Ela andou exatamente até o local da estaca e pressionou o peito contra a ponta que eu mesma havia afiado. Retrocedi, mas não cedi.
Ela examinou a sala, notando o amontoado de coisas sobre a escrivaninha de pau-rosa ao meu lado, a poltrona chaise longue afundada em almofadas de veludo, e pelo corredor onde a porta do meu quarto se encontrava aberta. Ela agarrou a estaca e a segurou firmemente contra o peito.
— Qual é o seu nome?
— Kor... Korkamon Armstrong.
— Korkamon.Ela repetiu, fazendo o nome soar sexy como eu jamais a ouvira na vida.
— Estou lhe dando uma pequena amostra aqui, Korkamon. Por que você não o faz?
— Eu... Não sei.Agarrei a estaca. Franzi a testa.
— As coisas não têm de ser assim. Você tem de grunhir para mim e exibir seus caninos.
— Igual aos vampiros do beco? Eles poderiam ter matado você.
— Eu sei.Tomei-lhe a estaca das mãos e a joguei por sobre meu ombro. Foi difícil encontrar uma explicação para o que fiz em seguida, apenas que meu coração insistiu para que eu seguisse esse passo de dança em particular.
Pressionei meu rosto contra seu ombro e as palmas de minhas mãos contra seu peito. Buscando segurança.
Uma assassina se aninhando nos braços de uma vampira?
Aquilo era errado, sob vários aspectos.
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Bite Me
FanfictionComo vampira, Samanun Anuntrakul jamais conhecera mulher mais intrigante que Korkamon Armstrong. A tailandesa esperou semanas até que ela desse o primeiro passo e não se decepcionou quando compartilharam uma sedutora dança em um clube de tango em Pa...