Lucero havia chegado do trabalho há algumas horas e já havia se deparado com situações entre suas duas filhas que lhes pediram para irem à uma festa da empresa do pai de Milena, melhor amiga delas. Mesmo sendo meio de semana, a mulher resolveu permitir essa saída por saber que eventos de trabalho acabavam cedo e era um ambiente familiar, onde os anfitriões eram seus velhos amigos de anos. Ela lia revista sentada no sofá da sala enquanto aguardava suas meninas se arrumarem.
− Vocês estão demorando a sair, vai ficar tarde, hein? Não vão passar muito tempo na festa. – Lucero falou alto para ser ouvida no quarto.
− Eu já estou pronta, mãe, a Gi que leva mil anos para se pentear. – Lucerito apareceu na sala, revirando os olhos e balançando as pulseiras dos braços.
Lucerito e Giovana costumavam se dar bem, tirando as implicâncias normais entre irmãs que Lucero sempre soube driblar para que não acontecessem com frequência.
− Também já terminei, sua chata. – Giovana se aproximou, bufando.
− Comportem-se, crianças, vocês não podem sair brigadas, são a companhia uma da outra. – Lucero advertiu.
− Não se preocupe, mãe, a gente não se larga nem se quiser se matar. – Lucerito riu, dando um soquinho no ombro de Giovana.
− É isso aí. – Giovana assentiu, sorrindo. – Podemos ir?
− Claro, mas vão com cuidado, fiquem sempre juntas e cheguem em casa antes de uma hora da manhã. Se não tiverem com quem vir, me avisem que eu vou buscá-las.
− Ah, qual é, mãe?! Mas já são dez horas. O papai deixa até às duas e meia. – Giovana falou indignada.
− O papai manda lá na casa dele, aqui quem manda sou eu e vocês têm que viver de acordo com as minhas regras, achei que já soubessem disso. – Lucero falou como se fosse óbvio.
− É melhor do que não ir, Giovana. – Lucerito falou, agarrando o braço de Giovana.
Giovana assentiu, novamente revirando os olhos. Apesar de tentar, ela sabia que não adiantava argumentar com Lucero, intransigente como sua mãe era, a moça era capaz de perder a pouca liberdade que tinha, ainda mais com Lucerito sempre acatando suas decisões sem relutar nem um pouquinho.
− Então vamos logo, agora cada minuto conta mais do que nunca. – Giovana falou com tédio e ia saindo com Lucerito quando Lucero as interrompeu outra vez.
− Ei! E o meu beijo? – Lucero fez bico.
Lucerito sorriu, se abaixando para beijar o rosto de Lucero e abraçá-la com força, fazendo a mulher retribuir, feliz. Sua primogênita sempre foi mais fácil de lidar e essa era sua sorte, pois ela não aguentaria duas versões de Giovana que a enxergava como uma inimiga dentro de casa.
− E você, não vem se despedir? – Lucero se levantou, sorrindo sem graça para Giovana que continuou parada onde estava.
Giovana hesitou um pouco em se aproximar de Lucero, mas também a abraçou e beijou. Não era que não amasse a mãe, ela só não fazia mais o tipo de quem vivia atrás de carinho.
− Eu amo vocês, queridas, divirtam-se, mas com responsabilidade. – Lucero falou sorrindo, ainda segurando o rosto de Giovana com as duas mãos.
Giovana e Lucerito concordaram e se despediram outra vez de Lucero, finalmente saindo de casa. A mulher voltou a se jogar no sofá, suspirando. Mesmo estando cansada e precisando se acordar cedo para trabalhar no dia seguinte, ela sabia que a insônia faria presença até suas filhas voltarem. Aquelas meninas eram suas companhias e por mais que fosse difícil ser praticamente mãe solo, já que seu ex marido, Manuel, só servia para lhe desautorizar, ela não se via sem suas eternas crianças.
~ ♥ ~
Quando Giovana e Lucerito chegaram à festa, a parte burocrática de discursos e apresentações já havia passado, o que deixava o lugar mais animado para os jovens, com jogo de luz e música alta. As irmãs já entraram dançando e pegando drinks sem álcool dos garçons que circulavam pelo salão, já que Renato, o pai de Milena, tomava todo o cuidado para não deixar menores de idade se embebedarem em suas festas. E por falar na amiga, foi a primeira pessoa que elas encontraram, já circulando por ali.
− E aí, minhas gatas?! – Milena gritou animada ao ver Lucerito e Giovana.
Giovana e Lucerito também simplesmente gritaram e começaram a trocar abraços e beijos entre amigas ao mesmo tempo que dançavam. Elas passaram horas daquele jeito até que Milena foi chamada por Renato para falar alguma coisa e as outras decidiram descansar um pouco no bar. Pela primeira vez desde que havia chegado, Giovana parou para prestar atenção em quem estava ao redor e seu olhar logo caiu em um homem de paletó mais à frente, distraído ao conversar com um dos convidados da festa. A moça sentiu seu coração disparar ao ver aquele rosto esculpido pelos deuses de perfil e a bundinha avantajada que levaria qualquer mulher à loucura.
− Uau, quem será aquele gato ali? – Giovana perguntou baixinho, apontando para o homem discretamente.
− Não sei, deve ser sócio do tio Renato. – Lucerito deu de ombros, dando um gole em sua bebida.
− E se eu fosse lá falar com ele? – Giovana perguntou presunçosa.
− Está louca, Gi?! O cara tem o dobro da sua idade. – Lucerito encarou Giovana, como se ela fosse louca.
− E daí? Eu sempre gostei de homens mais velhos. – Giovana falou com um sorriso safado no rosto. – Eu vou até lá e não venha atrás de mim. – ela enfatizou, ajeitou o cabelo e saiu a passos decididos.
Lucerito suspirou, observando Giovana se aproximar do homem e começar a conversar, sendo imediatamente retribuída. A irmã só sabia de uma coisa, quem não gostaria nada daquela novidade seria Lucero.
~ * ~
Volteeeeeei!
Giovana já conheceu e se interessou por Fernando, mas Lucerito tá certa em se preocupar 😐
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Entre Dois Amores
RomanceLucero era uma mulher separada, mãe de duas jovens, Lucerito e Giovana. Além de lidar com seu trabalho estressante de psicóloga e um ex marido folgado, a bela loira também atravessava uma fase difícil com sua caçulinha Gi, uma adolescente rebelde qu...