Próxima Estação?

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O termo primordial para uma boa convivência era a confiança, e isso era algo que não existia entre minha tia e seu capataz. Eu seria cruel se dissesse que estava gostando de imaginar sua cara de surpresa quando soubesse que ele tem passado informações dela para nós? Não tanto quanto ela já foi, tenha certeza. No entanto, demorou alguns dias para chegarmos ao ponto de conversar com ele como estamos agora. Isso porque Madara e Shino decidiram ser cautelosos em sua aproximação, e também para termos tempo de conseguir algo contra ele caso decida voltar seu apoio a Kaguya ou se estiver nos enganando. Todo cuidado é pouco.

Estávamos a poucos dias da festa beneficente dos Uchiha, na qual fariam a revelação pública de Madara. Os jornais e revistas já estavam ansiosos pela notícia e por qualquer furo que pudesse dar ênfase às suas superstições. Fugaku, apesar do medo, estava radiante por ter o irmão de volta ao que ele chama de "vida humana de verdade". Não julgo, pois o modo como Uchiha viveu durante esses anos foi de luto e isolamento. Já Mikoto estava com um humor indefinido, mas claramente feliz pelo retorno do "irmão" .

A festa haveria de realizar-se na mansão dos Uchihas, e para aumentar a inquietação de Kaguya, decidimos arriscar e não usar as lentes. Com a notícia do retorno de Madara, os olhos de muitos estariam voltados para ele, afinal a festividade teria como tema um baile de máscaras. Todavia, sabíamos que para minha tia, que já nutria suspeitas sobre mim, qualquer detalhe seria motivo de desconfiança. Haku repassou a ela informações cuidadosamente preparadas, revelando apenas como crescemos e com quem, omitindo a verdadeira identidade de nossos pais, afirmando que Matsuri nos havia adotado e criado até o presente momento. Madara entraria na historia como um membro desconhecido da família. Haku não diria a ela claramente, pulando essa parte.

Madara, trajando um terno escuro, encontrava-se pronto, mais sério que de costume, assemelhando-se a um caçador prestes a capturar sua presa. Sorri satisfeita, embora estivesse tão nervosa com o reencontro com aquela mulher que um calafrio me percorreu, acompanhado de uma queimação no estômago que subia até a garganta, uma sensação horrível.

Pouco a pouco, os convidados adentravam o salão principal. Observava o movimento, apoiada no batente que dava à escadaria, quando percebi uma presença ao meu lado. Apesar da sutileza em aproximar-se, seu aroma amadeirado com notas de whisky o denunciou, algo tão característico deles.

- Espera por sua dama? - indaguei.

- Quase isso. Apenas parei para verificar se a garota de meu irmão está bem - olhou-me surpreso -, está bem?

- S...sim.

- Meu irmão não ficará nada contente com o que vou dizer e tampouco se alegrará por eu ter notado isso primeiro, mas - hesitou -, teus olhos, Hinata, são fabulosos, caem-lhe tão bem.

- Ah! Obrigada, Itachi-san. Tua lente também lhe cai bem.

- Sem formalidades, somos quase parentes.

- Eu não diria isso - sorri. Olhei novamente para a entrada e avistei Ino, esplendorosa em seu vestido rosé, que fez questão de entrar com sua máscara na mão, para logo ser avistada por Itachi. - Tua dama chegou. Suponho que não devas deixá-la só, especialmente com a perna à mostra assim; há muitos observadores.

- Tens razão, não posso cometer um crime hoje; afinal, o foco é outro.

Com isso, colocou sua máscara, ou metade dela, que deixava um olho com a lente vermelha em destaque. Era uma máscara peculiar, de cor preta quase fosca, com detalhes em seus contornos e um maior no topo, quase como um sol, porém negro, com dois pontos vermelhos em seu centro. Desceu a escadaria, arrancando um enorme sorriso da loira.

Last Heirs ' The BastardOnde histórias criam vida. Descubra agora