Capítulo 05🔥

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- Sua tola! Como pode perder a caixa que eu encomendei, sabe o quanto ela me custou? -Hadrian estava furioso, como eu nunca o tinha visto antes. - Você vai pagar pelo seu desleixo, criança tola!

Sua mão pesada veio de encontro ao meu rosto, e com o impacto os meus joelhos cederam ao piso amadeirado do cortiço. A cada tapa, eu sentia as lágrimas brotarem e rolarem como pedra pelo meu rosto.

Eu o odeio tanto, tanto, que o tamanho do ódio não pode nem ser mensurado. Me recuso a gritar ou a fazer qualquer barulho se quer, não daria esse gosto a ele.

As bofetadas só acabaram quando a mão dele ficou muito ferida e inchada. Eu não conseguia sentir mais o meu roto, com o passar do tempo ele ficou anestesiado. A dor física era muito menor da mental que eu sentia. Muito. Muito. Menor.

Fiquei encolhida no chão, aguardando ele ir embora para eu me levantar.

Subi com muito custo as escadas, indo em direção ao meu quarto, e agradeci aos deuses pelo idiota de mais cedo ter me dado dois frascos de tônico curativo. Deuses, esses curativos não serão suficientes, não existe curativo que tampe essa dor que sinto.

Eu não podia fazer nada a não ser receber cada tapa que Hadrian me desferia, se eu tivesse o matado, os aliados dele me perseguiriam, não importa o quanto eu fosse boa em fugir e me esconder, eles me achariam. Viver o tempo todo com medo deles me encontrarem, só me traria mais perturbação. Não demoraria muito tempo para que o meu nome entrasse no livro dos mortos. Por conta disso, a morte dele precisa ser bem planejada, e por enquanto, tenho problemas maiores para me preocupar.

Não me recordo a hora ou o momento em que adormeci, mas a escuridão do meu subconsciente era muito melhor do que a minha realidade. Pelo menos nos sonhos eu tinha uma família, eu sorria e eu era feliz. Pena que uma hora ou outra acordamos e a realidade volta a ser dura como antes.

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A primavera havia chegado em Olimpo, com direito a tulipas roxas, brancas, rosas e azuis, trazendo vida ao reino e esperança a todos. Se passaram três meses desde a surra que recebi de Hadrian, ninguém a não ser nois dois sabemos do ocorrido, e é assim desde sempre.

O que me faz abrir os olhos a cada dia e seguir em frente é o desejo de vingança.
O macho idiota de uns meses atrás, me disse, que eu não tenho por quem lutar, e é verdade. Porém, eu luto por dois sentimentos, o ódio e a vingança, se não fosse por eles nem sei o que seria da minha vida. Pois tudo o que um dia eu já amei foram tirados de mim, e isso fica marcado na alma, não sai com o tempo e nem com um bom banho, as cinzas desse fatídico dia mancham a criança que um dia eu fui e a fêmea que hoje eu sou.

Quando você vive a tanto tempo presenciando o quanto o mundo é cruel e ruim, naturalmente a sua pura e ingênua inocência definha e morre.

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Minhas adagas de fogo queimam sutilmente os troncos das árvores da Floresta de Bromélia. Depois de horas treinando a minha pontaria, até que vejo uma pequena evolução.

O sol estava se pondo, as cores rosa e amarelo-alaranjado se misturavam, e se espalhavam em porções no céu. É como se os deuses estivessem planejando um ataque de fúria, com chamas douradas, visando um fim trágico a todos. Um fim maravilhosamente lindo de se ter.

Uma porção de água molha o meu rosto.

-Anda meio distraída ultimamente, Cel. -disse Odin.

- Que Nada. Vamos continuar. -digo ao limpar com a manga do casaco a água de meu rosto.

- Não sei não ein. Você está estranha. - o rosto dele demonstra incredulidade. Ele não acredita em um pingo das mentiras que eu conto, pois bem, nem eu acredito mais.

- Estou somente esgotada de tanto usar magia. Essa preparação para o campeonato está me sugando.

Preciso treinar a minha magia, pelo fato de eu não fazer ideia do que me aguarda, e nem dos perigos, ela é a minha única vantagem, e última alternativa. Será o que me manterá viva ou o motivo da minha morte, caso alguém tente me envenenar com a flor Passiflora.

- Melhor darmos um tempo então. - os olhos dele se estreitam, mas se suavizam no fim.

- Ok. -pego o cantil de água em minha mochila e sento na sombra de uma Árvore Aroeira.

Faltam apenas um mês para o campeonato do rei, estou treinando feito uma louca para sobreviver a essa loucura. Sei que vou sobreviver. Preciso sobreviver.

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