Capítulo um.

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— Então, Sam? Você não parecer ser o tipo de cara que curte cidades pequenas.

Sam olhou levemente para a frente, sorrindo para os olhos azuis que pareciam tão cansados ao falar. Sam também estava cansado, mudar de cidade sempre era complicado.

— Minha família mora lá, Cas.— Sam murmurou, assoprando a franja e dando mais um gole longo no suco de laranja a sua mesa.

As pálpebras do moreno a sua frente enrugou ao que ele sorriu fraternalmente, como se apenas aquilo sanasse a todas as suas dúvidas.

— Tudo bem, vou reformular a pergunta. Os Winchester não parecem gostar de uma cidade pequena.

Samuel sorriu, jogando um pouco do cabelo para o lado enquanto observou Gabe jogar um guardanapo nos ombros, terminando de fechar oque Sam esperava ser a última caixa dali.

— Crescemos ali. Com família eu me refiro somente ao meu irmão e ao nosso vizinho, Bobby. Meus pais moram a dois dias daqui, Cas.

Sam sorriu, aquilo não era realmente um problema para si. Seu cunhado fora por bastante tempo seu maior ouvinte quando Sam se cansava do mundo e precisava desabafar com alguém. Sam confiava sua vida a Castiel, e ele sabia disso pois confiava cegamente em Cas cuidando de Gabe, oque era a mesma coisa.

— Você tem uma vida aqui, Sam. Emprego, estabilidade...

Castiel não estava, de fato, reclamando. Quer dizer, aquilo seria a maior ajuda que alguém já o dera na vida e provavelmente Castiel jamais conseguiria agradecer.

— E o Gabe.

Sam completou, sorrindo para Gabe enquanto o mesmo parecia xingar alguma coisa.

— E o Gabe.

Castiel repetiu, sorrindo ao observar como Sam olhava para seu irmão, parecendo que ele era o único homem do mundo. Cas adorava isso, saber que seu irmão mais velho não teria mais o fardo de cuidar de si, e que agora alguém finamente cuidava dele. Cas amava.

— Mas esse mesmo Gabe disse que queria uma vida tranquila, em uma cidade fofoqueira que fica a mais de 1.000Km daqui, e eu não poderia estar mais feliz. Ele vai reabrir a padaria lá, Dean me disse que Ellen tinha deixado-a para ele.

Castiel ouvia tudo atentamente, e sinceramente sentia como se já conhecesse Dean. O heterocromo falava tanto de seu irmão mais velho que era impossível Castiel não conhecê-lo, mesmo que superficialmente.

Sabia que Ellen fora, no passado, uma esposa de Bobby que de acordo com Sam era um pai pra si.

— E Dean vai dar o espaço para você?— Castiel estava genuinamente curioso.

Sam sorriu com carinho ao ouvir Castiel mencionar o nome de seu irmão, por algum motivo tinha certeza absoluta de que eles se dariam bem.

— Sim. Ele disse que não precisa e esperava que Gabe e eu fizéssemos bom uso. Vamos fazer.

Castiel puxou as pernas para a cadeira, olhando ao redor enquanto repousava o rosto em um dos joelhos. Tinha algumas mesas ali, apenas as que Gabe não conseguiu vender, o sol se colocava a nascer naquela fria manhã de domingo e Castiel pegou a pensar no rumo que sua vida estava tomando.

— Sam, você e o Gabe e, bem, agora o Jack também— Sorriu com carinho ao falar do último citado —são a única família que eu tenho.

Sam o olhou, imaginando o rumo que aquela conversa tomaria.

— Cas, se você me agradecer mais uma vez eu vou ter um ataque, sério.

Castiel soltou um arzinho pelo nariz.

— Não tem como não agradecer.

— Claro que tem, Castiel. Somos uma família.

Castiel levantou os olhos e sorriu, finalmente se permitindo relaxar ao receber ondas frescas do sol naquela manhã fria.

•••

Gabriel estralou o pescoço, bocejando alto enquanto esticava os braços, observando Sam entrar na loja de posto e comprar besteira para eles.

— Quer trocar, Gabe?

O citado olhou pro lado, vendo seu irmãozinho, com Jack nos braços, perguntar.

Castiel encostou-se na grande, chique e cara caminhote de Gabe e Sam. Lembrava da felicidade do casal ao finalmente conseguir comprar seu tão sonhado carro.

— Claro que não. Faltam apenas duas horas para chegarmos a tão sonhada Moonvale.— Gabe sorriu, pegando seu sobrinho no colo.

Castiel observou a cena, levemente chateado ao olhar para a criança e perceber o quão igual ela era do pai, Lúcifer.

— Como Lúcifer pode abandonar o próprio filho?

Suspirou, olhando para a criança que era, legalmente, sua.

— Ele sempre foi um merda. — Gabriel resmungou, dando o dedo para o loirinho agarrar. Esse que soltou um resmungo infantil.

— Não para Kelly.

— Bem, ela morreu. A única pessoa que lúcifer amou morreu na sua frente, dando a luz a uma criança que ele quis desde o início abortar. É compreensível, mas não muda o fato dele ser um merda.

Castiel fez uma careta. Lúcifer era um ótimo irmão, se fosse sincero. Era o mais velho dos três e sempre, sempre demonstrou ama-los. Na verdade, cuidou sozinho da casa a qual moravam até Gabe completar 18. Castiel jamais o esqueceria.

— Não é verdade, Gabe. — Castiel protestou, seu irmão estava no erro? Sim. Mas isso jamais apagaria tudo aquilo que ele fez por eles, desde sempre. — Lúcifer amava você. E me amava também e nós sabemos disso.

Gabriel resmungou quando sua mão, outrora limpa, começou a ser babada por uma criança chorona.

— Sim, é verdade, Cas. Mas ele ainda abandonou o filho.

Castiel revirou os olhos, decidindo encerrar o diálogo por ali. Lúcifer tinha inúmeros erros, mais também tinha seus acertos aqui e ali.

•••

Castiel tossiu um pouco, colocando o bebê conforto no chão e olhando ao redor. A casa era um pouco empoeirada, mas estava ótima!

Quando Sam o chamou para lá, disse que uma casa estava à venda e que ele podia compra-la para Castiel, mas o moreno negou no mesmo instante, pegando suas economias bastante gordas e comprando a casa.

Castiel não era pobre. Quer dizer, ele não passaria fome. Tinha uma conta para um dinheiro para faculdade a qual ele nunca foi, então, estava tudo bem. Conseguiria viver tranquilamente e criar seu filho, principalmente após conseguir um emprego que sabia que Gabe o daria.

Sam e Gabe ficariam na casa do moreno mais alto, já que Dean tinha a sua própria e a propriedade Winchester era habitada por ninguém.. bem, talvez alguns fantasmas aqui e ali, somente.

Como se estivesse marcando presença, Jack começou a jogar os bracinhos, dando alguns gritinhos finos e infantis. Castiel sorriu, passando a mão pela cabeça cabeluda da criança.

Jack estava no auge dos seus 7 meses, aquele moleque ficava gritando e jogando os braços pro alto o tempo todo.

— Vamos alimentar você, meu amor?

New City | Destiel | Short FicOnde histórias criam vida. Descubra agora