O Primeiro Encontro.

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Assim que o primeiro bebê se desprendia do corpo de Rhaenyra, a futura herdeira do trono se rendia as lágrimas. Seus braços se moveram de maneira instintiva para pegar o recém nascido no colo e um enorme sorriso preenchia seu rosto, sorriso este que não durava muito. Segundas contrações foram sentidas, levando todos a surpresa.
Logo após o menino; uma menina havia nascido.

Visenya havia chegado para a paz, ela era o que Rhaenyra havia pedido tanto para os Deuses, pois, diferente de seus irmãos, ela havia nascido com os fios platinados.
A grande maioria dos boatos de bastardia haviam se apaziguado após aquele dia, até mesmo Alicent havia repensado melhor sobre seu julgamento.

Por ter sido a única de cabelo platinado, Rhaenyra havia decidido que o sobrenome da pequena princesa seria Targaryen ao invés de Velaryon.
Tal feitio não havia sido tão bem aceito assim por Corlys, resultando em uma breve discussão familiar que fora rapidamente resolvida.

Durante a infância a pequena princesa era extremamente apegada ao irmão, faziam tudo que podiam juntos.
Comiam, liam, rezavam, brincavam e pregavam peças em Aemond e Aegon.
O ovo de dragão colocado no berço de Visenya nunca havia eclodido, porém, em uma de suas visitas a Pedra Do Dragão a jovem acabou tendo uma conexão inesperada e inexplicável com o dragão do antigo Rei Jaehaerys.
Vermithor havia se tornado ranzinza com a idade e solidão, ameaçando tudo e qualquer coisa que ousasse se aproximar, porém, quando seus olhos cruzaram com os olhos violetas assustados e curiosos da garotinha, o laço se formava de maneira imediata.
A garota desde então nunca mais parou de importunar o irmão devido a diferença de tamanho de Vermithor para Arrax.

Quando a notícia da usurpação do Trono surgiu, Visenya foi capaz de manter Daemon em sã consciência, esse era um dos dons da Targaryen; a compreensão, a razão.
Jacaerys e Lucerys haviam dado a ideia de irem pedir apoio ao invés de enviar corvos e a princesa também pediu para ir, mas, Rhaenyra prontamente negava. Se Visenya se ausentasse, sabe se lá quanto tempo levaria para Daemon se entregar ao ódio e a loucura.

— Meu dragão deve dar tipo... Uns 56 do seu. - A voz suave da princesa podia ser ouvida por Lucerys que estava ajeitando os pertences para ir a Ponta Tempestade. — Mamãe deveria ter me enviado.
— O meu é mais rápido, mais novo. Logo estarei em casa, deixe essa besta velha descansar. - O moreno revirou os olhos e riu baixinho enquanto se aproximava da princesa para depositar um beijo suave em sua testa. — Lhe amo. - Ele disse em valiriano.
— Também lhe amo. Volte logo. - Visenya respondia na mesma língua materna.

Lucerys nunca mais voltou e agora quem havia se entregado para a loucura; era a própria princesa.

E no meio de todo esse caos, lá estava ele.
Benjicot Blackwood, filho do pequeno guerreiro que havia tentado conquistar Rhaenyra muitos anos antes.
Quando o rapaz descia da embarcação e respirava o ar de Pedra Do Dragão ele já sabia que algo muito interessante lhe esperava.

Durante o banquete de recepção oferecido pela Rainha Rhaenyra os olhos do moreno estavam fixos apenas em uma coisa: Visenya Targaryen.
A jovem princesa estava com um longo vestido preto, os fios platinados levemente emaranhados. Desde a partida de Luke ela havia se recusado a utilizar outra cor.

— Vou me deitar. - A platinada murmurava baixinho para a mãe que acenava em concordância.

Quando a escuridão finalmente engolia o castelo Visenya se sentia segura para sair de seus aposentos. Um longo manto sujo tampava a roupa de montaria que usava e assim ela se esgueirava em silêncio até conseguir chegar aos estábulos sem que ninguém a visse ou ouvisse, ao menos era isso que havia pensado.
Ela não esperava que Benjicot estivesse acordado, sentado em meio a escuridão amolando uma de suas adagas enquanto contemplava a vida e a guerra que estava por vir.
Assim que ouvia o resmungo do cavalo vindo do estábulo sua feição se tornava curiosa e ele se rendia a vontade de ir bisbilhotar.

— Olhe só. Um ato de coragem. - O rapaz murmurou para si mesmo ao ver a luz do luar iluminar os fios platinados da garota que havia montado o animal. — Uhm... Tola. Irá voar para a morte. - O homem estalava os lábios em um som de insatisfação e decidia por fim montar em um garanhão para segui-la, não poderia deixar aquilo acontecer.

A princesa estava tão focada em seu objetivo de chegar até Vermithor que só notou o barulho de algo a seguindo quando o cavalo de Benjicot estava perto o suficiente para correr em círculos em volta do cavalo dela.
Ela se assustava, seus olhos confusos passeavam pelo animal, tentando decifrar quem diabos estava montado nele, porém, tudo que via era um enorme manto preto com bordados vermelhos.
Sons de risada também arrancavam arrepios da garota que tentava a todo custo sair daquela emboscada, mas, quanto mais cavalgava, mais ele a rondava.

— Visenya... Vá dormir. - A voz do rapaz tirava um suspiro de medo da garota, ela não se lembrava há quem pertencia.
— Vá embora! - Ela esbravejou em resposta.

A resposta de Benjicot foi simplória... Ele decidiu avançar frente a frente ao cavalo da Targaryen e só parou quando ambos cavalos se assustaram com a possível batida.
O moreno retirava o manto, mostrando o rosto para a garota.

— Sua mãe já recebeu visitas o suficiente do estranho. Volte para o seu quarto. - Era tudo que saía dos lábios do rapaz antes dele puxar as rédeas para o lado oposto, sumindo na escuridão.
— Mas... Quem? O quê? - A platinada murmurava em confusão enquanto olhava continuamente para os lados.

No fim, as palavras do Blackwood tiveram efeito sobre ela, fazendo com que ela retornasse para o castelo e desistisse da ideia suicida de tentar matar Aemond sozinha.
Visenya se sentava na poltrona presente em seus aposentos enquanto observava a lua pela janela.

— O rapaz é um doente. - Ela murmurou para si mesma, tentando retirar o rosto do moreno de sua mente.

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