Visenya deveria ter voltado na mesma velocidade em que havia partido e a falta de resposta estava deixando Rhaenyra apreensiva.
É claro que uma briga nos céus envolvendo três enormes dragões pôde ser vista e assistida por vários e logo as fofocas começaram a se espalhar por tabernas, puteiros, vilarejos até em fim chegar no povo nobre.
Quando isso caiu sob os ouvidos de Ben, ele simplesmente destruiu todo o cômodo em que dormia com os soldados.— EU OS MATAREI! - O moreno berrava enquanto batia em tudo que estava em seu campo de visão.
Anos antes, quando todos ainda moravam juntos em King's Landing, Aegon havia tido uma brilhante ideia: Presentear Aemond com um porco trajado de dragão.
— Genial. - Jacerys disse entre risos.
— Ele ficará muito bravo. Eu faço as asas! - Lucerys saía correndo em busca de tecidos.
— Por quê o silêncio? Você sempre participa. - Aegon debochou ao notar que a sobrinha mantinha os olhos grudados no livro que estava lendo.
— Limites existem e eu creio que este é o de Aemond. - A pequena princesa respondia. — Não irei participar de algo que o deixará triste por semanas, talvez meses. Todos temos nosso tempo, meu ovo também não eclodiu e eu conquistei Vermithor. - Visenya estava sendo sincera pois também iria se chatear se aquilo fosse com ela, pois tinha passado por uma situação parecida.
— Você é insuportável. - O príncipe respondeu em meio um suspiro.
— E você bêbado.Mesmo perante as advertências da princesa, os garotos fizeram a brincadeira mesmo assim; e o resultado era como o esperado.
Ninguém sabe como ou onde, mas, Aemond simplesmente desaparecia.
Alicent estava desesperada culpando os filhos de Rhaenyra enquanto Aegon jogava a culpa da ideia em Jacaerys.
A platinada enquanto apenas observava a situação de longe, já tinha uma certa noção de onde o tio estava, em uma outra brincadeira anterior ele havia se escondido em uma pequena caverna das florestas que rondavam King's Landing.
Quando finalmente encontrava o pequeno buraco dentre as árvores ela se esgueirava por ele, até adentrar o local úmido e escuro; e lá estava Aemond.— Sua mãe está desesperada. - Visenya disse baixinho. — Volte para casa.
— Um porco Visenya, um porco!Naquele dia os pequenos trocaram horas de diálogos e sentimentos que tinham sobre a Coroa, sobre a responsabilidade.
A relação de ambos desde então era firme, até o acontecimento em Pedra Do Dragão.
Quando Lucerys tirava o olho de Aemond, ele se tornava uma pessoa completamente diferente, Visenya não o conhecia mais.E agora; anos após, lá estava Aemond, se esgueirando para a mesma caverna e se deparando com Visenya sentada ao chão, com uma mão sob a barriga, provavelmente ferida.
— Sua mãe está desesperada, volte para casa. - Ele disse com ironia enquanto lentamente retirava a espada da bainha.
— Vai me matar? - A platinada murmurava baixinho.
— Talvez. - Aemond se abaixava suavemente para ficar na mesma altura da garota que estava no chão.
— Aegon morreu? - O questionamento veio de maneira sincera e curiosa.
— Para sua infelicidade não, mas, para a sua felicidade e para a minha; ele está incapaz. Talvez metade de seu corpo não funcione mais. - O único olho do rapaz percorria de maneira curiosa pela feição da jovem.
— Sua felicidade... Você almeja o trono então. - Ela se ajeitava e murmurava levemente de dor. — Aemond... Você se arrepende?O príncipe sabia bem do que aquela pergunta se tratava.
Um momento de silêncio entre ambos foi estabelecido, até finalmente ele decidir falar.— Foi um acidente, queria assusta-lo. Quando Vhagar se irritou eu dei os comandos na língua comum, não em valiriano. - O homem respirava de maneira profunda, desviando o olhar para o chão. — Queria me vingar, queria um olho. Não a morte do garoto.
No exato momento em que Aemond desviava o olhar para o chão e abaixava a guarda, Visenya retirava a mão da barriga que não estava ferida; era apenas atuação para ele pensar que ela estava fragilizada. Sua mão se agarrava na espada jogada ao seu lado e em um movimento limpo ela a enfiava na barriga do homem, torcendo-a logo após para ter certeza que havia o destruído por dentro.
— Um dia lhe amei como irmão, lhe protegi sob minhas asas, e você destruiu meu amor. - Ela disse baixinho enquanto o olhava no olho e sentia o sangue quente deslizar da espada até sua mão enquanto ele agonizava.
Lucerys havia sido vingado.
E assim; com vários dias de atraso que as grandes asas de Vermithor voltaram a cobrir Pedra Do Dragão.
Visenya havia voltado sem homens, sem a espada, com partes da armadura queimadas, quebradas e com um olhar completamente vazio.
Quando a jovem se desprendia da cela e deslizava pela asa do dragão até o chão ela já se encontrava com Rhaenyra e Daemon que estavam boquiabertos com a situação da garota, não sabiam o que falar.— Recomendo planejarem o ataque final, Aemond está morto. - Visenya jogava a safira do olho do príncipe aos pés da Rainha. — E Aegon é agora um moribundo, não demorará perecer.
— Visenya... - Rhaenyra murmurou baixinho, então os boatos eram verdadeiros. Ela corria para agarrar a filha em um forte abraço. — Eu jamais deveria ter lhe enviado sozinha... Minha pobre garota, minha doce garota... Mil perdões.Daemon se abaixava para pegar a safira no chão com um sorriso intenso estampado em seus lábios, Vhagar e Sunfyre não eram mais ameaças... O Trono estava mais próximo do que nunca.
Benjicot que estava em estado de alerta nos últimos dias, saía correndo para ir de encontro com a princesa assim que ouvia os rugidos de Vermithor.
Visenya já havia se desprendido dos braços de Rhaenyra e estava tentando explicar o ocorrido quando sentia os braços do homem agarrarem seu corpo em um abraço apertado.— Céus! O que fizeram com você? - Ben se afastou do abraço observando algumas queimaduras e cortes. — Quem fez isso?
A Rainha e Daemon trocaram olhares de rabo de olho, ali finalmente tinham entendido que já era tarde demais tentar separar os dois.
— Quem!? - Ele insistiu na pergunta.
— Aegon e Aemond fizeram uma armadilha... Perdi os cem homens, mas, consegui dar baixa em um deles. - A platinada tentava se explicar enquanto afundava o rosto no peitoral do homem.
— Filhos da puta... - O ódio começava a subir pelo corpo do guerreiro de maneira intensa. — Eles não são honrados, não há honra em um ataque pelas costas. — Matarei cada um dos soldados que os acompanharam, cada um de seus apoiadores. Se algo tivesse acontecido com você...Quem observava de longe era Otto e Daeron, assim que seus olhos captavam a pequena safira na mão de Daemon, um olhar entre eles foi trocado.
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Bloody Sins
FanfictionAssim que o primeiro bebê se desprendia do corpo de Rhaenyra, a futura herdeira do trono se rendia as lágrimas. Seus braços se moveram de maneira instintiva para pegar o recém nascido no colo e um enorme sorriso preenchia seu rosto, sorriso este que...