"Mikaela...
Mikaela...?
MIKAELA!— Hã? Ah, oi Elena. Desculpe, o que você disse? — Perguntei para a menina parada à minha frente.
Elena, minha irmã, estava com um biquinho fofo nos lábios. Suas sobrancelhas finas estavam franzidas e as bochechas gordinhas, infladas. Ela tinha a pele um pouco mais clara que a minha e seu cabelo era liso. Os olhos eram mais puxadinhos e a boca, mais fina.
Nós somos tão diferentes, mas somos irmãs. Eu sei que somos!
— É sua vez. — Apontou para o monte de carta no chão em que estávamos sentadas.
A sala é grande e espaçosa. Possui paredes pintadas de um azul bem clarinho, um sofá de couro e uma estante chique com uma televisão enorme.
A pilha de cartas terminava com um +2 vermelho. Estamos jogando UNO.
— Você me botou para comprar? — Perguntei em um tom de indignação e ela gargalhou, concordando com a cabeça? — Você acha isso bonito, pirralha?
Elena gargalhou mais alto e eu fui para cima dela, atingindo sua barriga com minha arma de cosquinhas. O som gostoso de sua risada entrava pelas minhas veias e ia direto para o meu coração, enchendo-me de alegria também.
Esse momento... É perfeito.
Mas acabou assim que a porta da frente bateu.
— Mikaela? — Chamou uma voz feminina. Os passos dessa pessoa eram acelerados e pareciam percorrer toda a casa. — Elena?
Não demorou muito para que a dona da voz chegasse até nós. A mulher era alta e possuía cabelos cacheados, cheios e longos como o meu, porém, mais claros. Sua pele era tão escura quanto a minha e seu corpo, bem esculpido. Os olhos eram de um castanho claro que brilhava, o nariz era fino e a boca, volumosa. Ela se parece tanto comigo.
— Oi, mamãe. Chegou cedo. — Elena comentou e ofereceu um sorriso para a mulher que sorriu de volta.
Ela... É muito parecida comigo. Até o sorriso. Mas... Há algo nela em que não combinamos e isso é o seu olho roxo por trás da maquiagem mal feita. Consigo ver o inchaço no globo ocular esquerdo e também consigo ver que suas mãos estão tremendo levemente.
O que aconteceu com essa mulher?— Mãe... O que houve com... — Parei quando ela me lançou um olhar repreensivo e apontou discretamente com a cabeça para Elena que, agora, estava juntando as cartas do UNO.
— Vocês já comeram? Eu trouxe comida chinesa. — A voz se afastou junto com seus passos leves pela casa. Elena levantou-se sorrindo e pulando em direção à cozinha e eu permaneci quieta, sentada no mesmo lugar e me perguntando, onde ela havia conseguido aquele novo hematoma. Foi aquele monstro de novo?
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Generais de Combate
FantasyMikaela não se lembra de como foi para dentro daquela fonte de água, nua e cercada por homens desconhecidos. Ou melhor... Ela não se lembra de nada. Nem mesmo de seu nome ou aparência. Como se tivesse acabado de nascer de novo, o mundo a sua volta é...