- Volte amanhã - falei finalmente, sem olhar para Nick. - Vou pensar e te dou uma resposta.
Nick assentiu, parecendo aliviado, e se virou para ir embora. Observei enquanto ele se afastava, sentindo um nó no estômago. Assim que ele desapareceu da vista, minha tia Sthella começou.
- Belila, você tem que aceitar essa bolsa. É uma chance única.
Revirei os olhos e me virei para encará-la.
- Sthella, você pode, por favor, cuidar da sua vida? Eu sei o que é melhor pra mim.
Ela balançou a cabeça, frustrada.
- Você ainda é muito rebelde, Belila. Isso é exatamente o que seus pais teriam querido para você.
Senti meu corpo ficar tenso.
- Os únicos que podiam mandar em mim eram meus pais. Não você.
Sem esperar pela resposta dela, subi para o meu quarto e peguei as chaves da minha bicape preta. A única coisa que me fazia sentir perto dos meus pais era essa bicape. Minha mãe tinha pintado uma rosa vermelha na traseira do carro, e meu pai havia coberto tudo com adesivos coloridos, por dentro e por fora. Eu amava aquele carro mais do que qualquer coisa.
Desci as escadas correndo, ignorando os protestos de Sthella, e saí de casa. Precisava ir à minha antiga casa pegar algumas coisas que pertenciam à minha mãe, especialmente um pingente que ela guardava no porão. Ela sempre dizia que me daria esse pingente quando eu me casasse, mas nunca teve a chance.
Dirigi até a casa antiga, cada esquina e cada rua me trazendo memórias dolorosas. Estacionei a bicape e entrei na casa vazia, cada cômodo uma lembrança dos momentos felizes que vivi com meus pais. Desci ao porão, onde o pingente estava guardado.
Peguei o pingente com cuidado, sentindo um misto de tristeza e conforto. Era um pedacinho da minha mãe que eu podia carregar comigo.
Na volta para a bicape, senti o coração apertar quando percebi que o tanque de gasolina estava quase vazio. Continuei dirigindo, mas não demorou muito para o carro começar a falhar e, finalmente, parar no meio da estrada.
- Merda - murmurei, batendo no volante.
Enquanto eu tentava pensar no que fazer, um carro super chique se aproximou e parou ao meu lado. O motorista, um homem loiro com um sorriso confiante, baixou o vidro.
- Precisa de ajuda? - perguntou ele. - Posso te dar uma carona até o próximo posto.
Olhei para ele, desconfiada.
- Quem é você?
- Giovanni Morgan - disse ele, saindo do carro e se aproximando de mim. - E você?
- Belila - respondi, sem querer dar muitos detalhes.
- Prazer, Belila. - Ele sorriu de um jeito que me fez sentir desconfortável. Giovanni era incrivelmente lindo, com cabelos loiros e olhos que pareciam brilhar. - Vamos, eu insisto. Você não vai querer ficar aqui sozinha.
Relutante, aceitei a carona. Durante o trajeto, Giovanni tentou puxar conversa várias vezes, mas eu evitava responder com mais do que um "sim" ou "não". Ele parecia estar dando muito em cima de mim, e eu definitivamente não estava interessada.
Finalmente, chegamos ao posto de gasolina. Agradeci a Giovanni, que insistiu em esperar até que eu enchesse o tanque da bicape.
- Obrigada pela ajuda, mas eu posso me virar agora - disse, tentando ser educada, mas firme.
- Claro, Belila. - Ele me lançou outro sorriso. - Mas se precisar de algo, estarei por perto.
Enquanto eu abastecia o carro, sentia que aquele encontro com Giovanni não seria o último. Algo nele me deixava inquieta, mas naquele momento, eu só queria voltar para casa e tentar decidir o que fazer com a proposta de Nick.
Com o tanque cheio, voltei para a casa da minha tia, a mente cheia de dúvidas e decisões difíceis.
Quando finalmente cheguei em casa, Sthella me lançou um olhar preocupado, mas não disse nada. Fui direto para o meu quarto, precisando de um tempo sozinha. Liguei o chuveiro e deixei a água quente cair sobre mim, tentando lavar um pouco do estresse do dia.
Depois do banho, vesti meu pijama mais confortável e me joguei na cama. Peguei o celular e abri o Wattpad, procurando por uma fanfic para me distrair. Perdi a noção do tempo lendo, imersa em histórias que, por um breve momento, me faziam esquecer dos meus problemas.
Ainda cheia de dúvidas sobre a proposta de Nick e a estranha sensação deixada por Giovanni, acabei adormecendo com o celular na mão. A última coisa que vi antes de fechar os olhos foi o pingente da minha mãe, brilhando suavemente na luz do abajur.
Humm.. um loiro em jogo! , será que eles vão se ver novamente ou foi apenas um encontro inesperado qualquer ?