Capítulo 04

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Adam

Noelle ficou calada o dia inteiro. Era estranho vê-la tão quieta, perdida em pensamentos, sem interagir com ninguém. Talvez estivesse envergonhada de ter sido pega comigo no banheiro. Mas tio Phil parecia não se importar. Eu sentia que poderia falar sobre banheiros com ele o dia todo sem que eu visse um traço de vergonha em seu rosto.

Mas sempre que o doce olhar de Noelle se erguia para mim, seus lindos olhos verdes pareciam em fúria.

Por que ela parecia tão brava? Achei que tivéssemos nos divertido no banheiro. Aquele momento deveria ter sido o suficiente para ela dizer que me amava e esquecer essa história de término.

Soltei um leve suspiro e caminhei pelo quarto grande da casa do Senador Johnson, sem ânimo algum para ficar. Será que ela sabe o quanto gosto dela? Sabe das coisas que fiz e deixei de fazer por ela?

Noelle, você está tentando me deixar confuso. Joguei-me sobre o sofá com uma das minhas revistas de oficina mecânica.

— E a sua ex? — perguntou Alicent, sentando-se no sofá em frente a mim.

Suspirei e virei uma das páginas..

— Por favor, não se refira a Noelle desse jeito. Ela não é minha ex.

— Ah, é?

— Sim. Ainda estamos resolvendo isso. Fui para a casa dos avós dela, e foi muito bom. Noelle estava linda e interagiu comigo muito bem.

Sentir Noelle quase completamente entregue a mim foi incrível. Se eu pudesse levá-la para todos os banheiros, não me importaria de ser conhecido como um pervertido pela sua família. Noelle me deixa maluco.

Alicent riu, mordendo o cordão da sua blusa.

— Você é louco. Deveria parar de assombrar essa pobre garota. Noelle é uma daquelas menininhas cor-de-rosa que gostam de rapazes como o Ken, que anda de carro vermelho com capota aberta. Típicos otários jogadores de futebol americano.

— Isso me faz querer vomitar — digo. — Mas não era esse tipo de cara que ela queria. Engomadinhos com a jaqueta do time deviam fazer ela revirar os olhos.

— Você era tão ridículo daquele jeito — riu.

— E você era uma péssima atriz! — rebati. — Você poderia fazer mais por esta casa. Não fique apenas vadiando nos seus livros com a bunda colada no sofá. Me incomoda que você seja um peso morto.

Ela riu.

Alicent é sobrinha do senador. Começou a morar aqui depois dos dezesseis e se tornou minha companhia, e meu incomodo constante. Não passa de uma mulher preguiçosa, mas é inteligente para sacar as coisas. Contudo, não era boa para minha interação com Noelle; eu fazia o máximo para ficar o mais longe possível dela quando Noelle estava aqui.

Logo meu celular tocou. Olhei para a tela e vi as iniciais FLP.

— Você não vai atender?

— É só mais trabalho — voltei a folhear a revista. — Não estou a fim de fazer isso desta vez. Ele tem um ótimo pessoal. Já estou cansado dessa bagunça.

— Seu pai está ligando e você não vai atender? Vai deixá-lo irritado.

Ergui os ombros e apenas desliguei o aparelho.

— Ele vai superar.

— E você deveria superar o seu término. Noelle não é a garota certa para você, priminho. Ela não vai conseguir lidar com a sua verdade.

Talvez Alicent tivesse razão. Minha verdade escura e sombria acabaria com Noelle. Mas todas as vezes que eu olhava para seus olhos brilhantes e via seu jeito impulsivo, louco e brincalhão, me fazia sentir algo diferente. Ela sempre era gentil e doce. Não ligava para o cara de capuz. Ela me aceitava como eu era, mesmo sem me conhecer profundamente.

🌕🌕🌕

**1 ano e meio atrás**

Noelle não saía da minha cabeça. Eu queria que ela fosse minha. Mas e se ela não gostasse de mim? Não gostasse de saber quem eu sou? Eu a assustaria? Ela fugiria de mim?

Depois de descobrir que tinha sentimentos por ela, passei os dias a seguindo, me aproximando cada vez mais de forma sorrateira, até o momento em que eu podia sentir claramente o cheiro do seu perfume doce. Então, ouvi uma conversa que mudou tudo. Toda a minha aflição, medo e dúvidas se esvaíram como fumaça.

— Então, Noelle, nos diga. Está saindo com alguém?

Ela riu, se encolhendo sobre a cadeira de forma adorável e completamente tímida.

— Não, não estou saindo com ninguém.

Uma das suas amigas da mesa colocou as mãos nas coxas e curvou o corpo.

— Como assim? Não encontrou ninguém interessante?

Noelle olhou para cima, pensativa, e balançou a cabeça.

— Pode-se dizer que conheci alguém interessante.

Parei no mesmo instante de mexer no teclado do laptop e a encarei.

— Ótimo! E vocês transaram?

Noelle revirou os olhos.

— Sarah — a repreendeu.

— Qual é? Você sabe que precisa transar. Transei com três caras diferentes esta semana, e devo dizer que foi incrível!

Revirei os olhos. Puta.

Noelle apenas sorriu e balançou a cabeça.

— Eu só vou "transar" depois do casamento - disse ela, me fazendo parar de mexer no teclado. Só depois do casamento?

Suas amigas riram.

— Você não é religiosa.

— Mas eu escolho transar depois do casamento.

— Por quê?

— Porque assim eu não vou enjoar do meu marido e vou aprender a gostar de sexo.

Deixei uma leve risada escapar e voltei a mexer no laptop fingindo estar trabalhando. Engraçadinha.

Suas amigas riram.

— Tudo bem. E já sabe que tipo de cara vai se casar?

Noelle assentiu.

— Um rapaz gentil, prestativo, engraçado, que me faça rir, caridoso, que seja uma boa pessoa e de boa família...

Deixei um sorriso escapar. De boa família? Minha família não é das melhores, mas não acho que seja isso seja um problema. Somos bons em disfarçar.

— Fala sério!

— O que foi? O que tem de errado em querer ficar com alguém que me faça sentir completamente à vontade? Quero me sentir apaixonada por ele todos os dias porque ele me faz sentir assim. Quero que ele seja o cara que faz a coisa certa, que ajude as pessoas e seja prestativo.

E nesse mesmo instante, fiquei pensativo. Respirei fundo e então me levantei da cadeira saindo daquele lugar.

Então era isso que ela queria? Um rapaz bom e de boa família? Alguém que a fizesse sorrir e que a tocasse só depois do casamento? Eu poderia ser esse homem. Posso ser o melhor para que ela seja apenas minha. Suas condições são como ordens para meu corpo, das quais eu cumpro com deleite, Noelle.

Eu serei o melhor, pode ter certeza disso.

A Verdadeira Face Do LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora