Capítulo 8

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A varanda da casa de Dawril era, sem dúvida, a mais bonita que eu já tinha visto. Eu apreciava a simplicidade. Nada exagerado, nada extravagante, nada luxuoso. Apenas normal.

As duas árvores em frente às escadas de entrada deixavam as pétalas caírem sobre a brisa, levando-as para longe.

Caramba. O que está acontecendo comigo?

- Adam? - chamou Dawril.

- Oi?

- O que está fazendo aqui? Poderia ter me mandado uma mensagem ou me ligado.

Ergui os ombros.

- Eu estava passando por perto. Sua casa é o único lugar onde me sinto confortável no momento.

Ele riu.

- O filho do senador vindo até minha humilde casa... Faz tempo que não te vejo por aqui. Seu pai não está mais te mandando trabalhos?

Respirei fundo.

- Ele até está tentando. Se eu ao menos atendesse suas ligações...

- Está recusando os pedidos? Por causa da sua namorada? - perguntou, sentando-se ao meu lado.

Permaneci em silêncio.

- Qual é, seu pai nos paga muito bem.

- Matar alguém vale muito mais do que ele nos paga.

- Nós não matamos ninguém, pelo menos ainda não.

Fiquei em silêncio.

- Sabe... Com o dinheiro que você ganha pelos trabalhos, poderia ter se mudado para um daqueles hotéis caros da cidade - comentei.

Ele sorriu.

- É, mas essa casa é da minha mãe. Ganhei de herança e, sendo sincero, não há outro lugar onde eu gostaria de estar - respondeu.

Eu o encarei, confuso.

- Por quê?

- Porque ela carrega valiosas lembranças. É onde eu e minha mãe esquentávamos comida em lata e dançávamos ouvindo Elvis.

Soltei um ar de riso e voltei a olhar para frente.

- As únicas lembranças que tenho são de viver naquela casa assombrada, completamente sozinho, cercado por quadros horríveis. E a comida era a única coisa que salvava aquele lugar.

Ele riu.

- Bem, nem todos tiveram a infância que você teve. Ser um dos filhos do senador... Tem muita vantagem mesmo.

Então, é assim que as pessoas pensam sobre mim? Um homem sortudo que nasceu com o privilégio de ser filho do senador... Mas a verdade é que eu apenas nasci por conveniência, e ao crescer, fui visto apenas como um objeto de satisfação.

Meu pai já tinha dois filhos no seu primeiro casamento. Depois do falecimento de sua esposa alguns anos depois, ele acabou levando a vida como um homem misógino, e nisso, engravidou uma linda jovem que havia aparecido em seu caminho. Ele era contra o aborto e, por coincidência, precisava de outra mulher para fins próprios. Agarrando aquela oportunidade, ele se casou com a mulher que engravidou, tornando-se mais uma vez um grande homem com uma bela companhia.

Mas, por algum motivo, eu era uma criança complicada. Irritada e descontrolada, mas meu pai viu potencial nisso.

🌕🌕🌕

**13 anos atrás**

Sentado no banco em frente à diretoria, ouvia a diretora dizer suas reclamações. Meus punhos estavam vermelhos, e meu nariz escorria com o choro de raiva que eu sentia ao bater naquele garoto.

A Verdadeira Face Do LoboOnde histórias criam vida. Descubra agora