CAPÍTULO UM

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Riverbroke

    Minha vida sempre foi uma grande bagunça. Cresci em um orfanato, não conheci meus pais e a única família que eu tenho me odeia por algo que eu nem compreendo. Mas até que eu estava me saindo bem nesses seis anos em que sou maior de idade e respondo pelos meus atos.

    Sempre fui estudioso, inteligente e bem direto naquilo que eu quero. Assim que completei dezoito anos, saí do orfanato e arrumei um emprego que ajudaria a pagar minha faculdade de medicina. Quando a situação começou a apertar, tive que fazer o impensável e usar o dinheiro que meus pais me deixaram de herança.

    Agora formado, eu só preciso de um lugar bem pacato para morar e viver escondido de qualquer problema que tente me alcançar. Por sorte, minha melhor amiga veio do interior, do interior da Califórnia e seria lá onde eu iria fazer minha residência. Riverbroke é uma cidade com pouco mais de dois mil habitantes e seria o último lugar onde Apolo iria me procurar.

    A paisagem do lado de fora do carro aos poucos mudou de urbana para árvores tão altas que cobriam o céu. O celular em minha mão me lembrava da mensagem que havia recebido alguns dias atrás. Eu estava feliz, contente com a minha graduação e o meu sonho se realizando.

    “Estou de volta e sei onde você está.”

    Essa maldita mensagem me fez ficar paranoico, com medo e de cara fechada durante toda minha formatura. Foi graças a Amélia que eu não surtei. Para falar a verdade, se não fosse por ela, acho que eu nem teria terminado meus estudos.

    Apoiei meu cabelo castanho na janela do carro e soltei um suspiro cansado. Apolo me persegue desde que tinha dezoito anos e tentava me adotar, contando mentiras para mim e me assustando com ideias malucas. Para minha sorte ele tinha sido preso, mas pelo visto o desgraçado conseguiu sair da cadeia.

    — Quer escutar uma música?

    A voz de Amélia me tirou de meu devaneio. Olhei para minha amiga e encarei seu rosto. Ela claramente estava tentando me animar, já que é a única que sabe de todas as histórias do meu passado.

    A garota de cabelos castanhos, olhos verdes e pele branca, ligou o rádio em uma estação qualquer e rapidamente uma música da Katy Perry começou a tocar. Amélia balançou o corpo, dançando sentada no banco do motorista e me convidando para acompanhá-la na cantoria.

    Soltei um riso fraco e desisti de ficar emburrado, deixando minha voz desafinada se juntar a dela. Diferente dela, tenho o cabelo castanho mediano, olhos azuis, algumas sardas pelo rosto, mas que se concentram um pouco mais no nariz e o rosto reto com um queixo quadrado. Os meninos do orfanato me chamavam de Max Steel quando queriam me atormentar.

    Não me considero feio, sempre chamei atenção por minha beleza e não sou hipócrita para ficar colocando defeito onde não tem. Minhas imperfeições mesmo estão na minha vida miserável e no meu péssimo gosto para homens tóxicos. Eu não sou bom com romances, o máximo de tempo que fiquei com um cara foi uma semana durante minha adolescência e só acabou porque ele tinha sido adotado.

    — Vai dar tudo certo, Ares — disse ela, assim que a música acabou. — seu irmão não tem como saber que você está indo para a casa dos meus pais.

    — Eu sei, só não quero que ele me arranje mais problemas do que eu já tenho.

    — Se você quiser eu peço a espingarda do meu pai emprestada.

LUNARES - COMPANHEIRO DO ALFA (EM HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora