CAPÍTULO QUATRO

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Adaptação

    O silêncio dentro do carro de Ethan era palpável. Não nos conhecemos direito, apesar de eu tê-lo beijado no banheiro daquele bar.

    — Não finge que não gostou, nosso alfa é mil vezes melhor que qualquer outro cara que você tenha saído antes.

    Ignorei o que esse lobo disse e tentei não pensar em Ethan. Se fosse para rolar algo, não teríamos sido impedidos antes. Eu só tenho que me conformar com essa ideia e aprender a controlar meu lobo.

    — Amanhã eu vou te levar até aquela minha amiga bruxa, ela vai te explicar como as coisas funcionam por aqui.

    — Pensei que você fosse fazer isso — disse, sem querer encará-lo.

    — Não posso, tenho que me encontrar com a alcateia e contar sobre a mordida. Você é um de nós agora, mas isso não significa que vão gostar de você.

    Soltei um suspiro, mais uma vez eu preciso da aprovação de uma nova família. Essa tem sido a minha sina desde que me entendo por gente. A espera de ser aceito por alguém que me ame da mesma forma que eu os amo.

    Tudo isso sempre foi um saco, mas também sempre me deixou destroçado no dia seguinte. Quando eu voltava para o orfanato, todos ficavam me encarando e comentando. Falavam que eu tinha alguma maldição e que jamais seria adotado por alguém. Que eu seria igual ao meu irmão quando eu crescesse.

    — Ei, tá tudo bem? — Ethan levou a mão até meu joelho e me encarou por alguns segundos, antes de voltar a focar na estrada.

    — Sinceramente? Eu não sei. — Suspirei, encarando a mão dele me tocando. Meus pelos se eriçando no toque de pele com pele. — Só estou cansado de sempre ter que me adaptar a uma nova família. Achei que Amélia seria a última vez, mas agora eu tenho que lidar com uma alcateia de pessoas-lobo.

    — Foi como eu disse, você não precisa ficar aqui. Pode voltar para a cidade grande quando quiser. Só moramos aqui por ser um lugar pacato e pacífico, difícil de caçadores nos achar.

    — Meu plano nunca foi voltar para Los Angeles. Eu vou me tornar um médico aqui, trabalhar e me manter longe de encrenca. Mas parece que o destino está rindo de mim agora.

    — Você vai ficar? — Ethan deu um meio sorriso, mas disfarçou quando viu que eu estava olhando. — Sobre ser médico, existem regras de que lobos não podem ter cargos importantes que afetam a cidade inteira. Sinto muito, mas você não pode trabalhar no hospital.

    Esperei ele dizer que isso era uma pegadinha, mas Ethan não fez isso. Soltei um som de indignação e senti meu peito doer. Até mesmo o meu sonho foi tirado de mim.

    Ethan estacionou o carro em frente a uma cabana, não era tão grande quanto a casa de Amélia, mas parecia ser bem espaçosa e bem cuidada.

    Havia diversas árvores ao redor e eu conseguia ouvir o som de uma cachoeira ao longe. Não tinha outras casas por perto, acho que ele deve morar sozinho aqui.

    Pelo menos agora eu sei que ele é solteiro. Saímos da Dodge Ram dele e Ethan me guiou até sua casa. A porta foi aberta para mim e ele deixou que eu entrasse primeiro.

    Quando a luz foi acendida no interruptor ao lado da porta de entrada, pude ver melhor como era a decoração da casa dele.

    Havia um sofá marrom de três lugares, uma mesa de centro redonda com o tampo de vidro, um Playstation 5, uma televisão relativamente grande pendurada na parede e uma revista pornô aberta em uma página onde dois caras transavam com uma mulher.

LUNARES - COMPANHEIRO DO ALFA (EM HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora