CAPÍTULO TRÊS

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Transformação

    Eu não sabia ao certo o que fazer. Não sei se eu corro de minha amiga ou se fico para tentar entender o que estava acontecendo comigo.

    Tentei me mexer, mas minhas pernas falharam e eu acabei caindo de cara no chão, ou melhor, de focinho no chão. Andar nas quatro patas é mais difícil do que parece.

    O Sr. e a Sra. Jones estavam ao lado de Amélia, mas não pareciam surpresos com o que haviam presenciado. Principalmente a mulher, que me encarava com pena, mas sem um pingo de medo.

    Vi Amélia se levantar, ela parecia cautelosa. Será que ela estava com medo? Preciso garantir que não vou machucá-la, não quero minha amiga com medo de mim.

    Amélia se aproximou, enquanto eu tentei me levantar e novamente minhas patas fraquejaram. Cai para frente, ouvindo o resmungo de dor de minha amiga.

    Ouvi o arquejo dos pais dela e quase que instantaneamente sinto algo me empurrar para trás. Tudo o que consegui ver fora um vulto preto, ainda maior do que eu rolar pela terra enquanto rosnava para mim.

    Senti dor, reclamando alto e ouvindo minha própria voz de lobo choramingar.

    — Daniel, não! — gritou a voz de Melissa, mãe de Amélia.

    Levantei o olhar e me espantei em ver um enorme lobo preto me encarar em fúria. Seus olhos eram vermelhos, muito parecidos com os do lobo que me mordeu, ele rosnou e avançou lentamente na minha direção.

    Pensei em levantar e fugir, mas não sabia controlar meu corpo nessa forma. Era assim que eu iria morrer? Na forma de um lobo branco e por um lobo maior do que eu?

    De repente, escuto um uivo grosso e que definitivamente eu já ouvi antes. Não sei como consegui distinguir, mas sabia que era o mesmo que tinha me ajudado antes.

    Senti meu corpo formigar e uma voz surgir na minha cabeça.

    — Alfa.

    Um novo vulto pulou entre o lobo preto e eu, soltando um rosnado de aviso. O lobo cinzento estava de costas para mim, seu pelo eriçado e o rosnado ficando ainda mais alto.

    — Daniel, aquele lobo é amigo de Amélia — Disse a voz de Henry.

    O lobo preto, suspeito que se chama Daniel, mesmo nome do crush que Amélia tinha quando era mais nova e morava aqui em Riverbroke, se afastou e parou ao lado de Melissa.

    Eu sentia meu corpo cansado e quando o lobo cinzento me encarou, seus olhos vermelhos brilharam. Meu coração se acelerou e por algum motivo, ele era atraente demais.

    — Meu alfa.

    O vi se aproximar de mim, seu focinho fungar em meu pescoço e seu cheiro, por algum motivo, ser de eucalipto. O lobo colocou o focinho embaixo do meu pescoço e me levantou, me ajudando a ficar de pé.

    Ele era mais alto que eu, mas lentamente seu tamanho diminuiu, os pelos desapareceram e ele ficou em duas patas, antes de seu rosto tomar a forma do rosto de Ethan. Além disso, ele estava completamente pelado, o corpo musculoso, o peitoral com pelos loiros e uma tatuagem com forma de ondas na altura da cintura.

    — Preciso que volte ao normal, garoto da cidade. — Tentei conversar com ele, mas tudo o que saiu foi um lamento em forma de um uivo baixo. — Você consegue, apenas pense em voltar ao normal.

    Imaginei meu corpo humano de novo e um formigamento surgiu. Senti meu corpo se moldar novamente e dessa vez, pelo menos não estava doendo. Minhas patas voltaram a serem mãos e fiquei de pé, encolhendo até voltar ao normal.

LUNARES - COMPANHEIRO DO ALFA (EM HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora