Sonhos
Eu nunca achei que pudesse tirar a vida de alguém, ainda mais de três pessoas em um curto período de tempo. Eu, um médico formado, alguém que deveria salvar vidas, arranquei a cabeça de três homens com mordidas.
Eles mereciam, isso eu sei, mas cabia a mim decidir?
Quando voltamos para casa, ainda na nossa forma de lobo, eu nem esperei por Ethan. Apenas voltei a minha forma humana, o que foi extremamente fácil, e corri para meu quarto. Tranquei a porta e me encostei contra a parede, encarando o teto.
Sou um assassino. Meu irmão foi preso por menos, o que vai acontecer comigo? Sei que jogamos os corpos naquele penhasco, mas será que eles tinham família? Talvez pais e mães esperando que os filhos voltem, mas isso não vai acontecer.
Ouvi os passos de Ethan do outro lado, ele devia estar como eu, pelado e todo sujo de sangue. Me encolhi, abraçando meus joelhos. Percebi que ele hesitou por alguns segundos, parando em frente a porta, mas logo deu duas batidas fracas.
— Ares, posso entrar? — Fiquei em silêncio. — Suas emoções estão mais afloradas agora que é um lobo, não fica pensando no que você fez.
— Me deixa sozinho, Ethan.
— Tudo bem, vou estar aqui se precisar de mim. Tome um banho e descanse, lobinho.
Novamente ouvi os passos de Ethan, dessa vez indo em direção ao quarto dele.
Encarei minhas próprias mãos, estavam sujas de sangue e terra. Minha boca tinha gosto de morte e meu corpo estava dolorido da caçada.
Senti meus olhos se encherem de lágrimas, escorrendo por minhas bochechas e pingando no chão. Kyros estava silencioso, parecia respeitar meu momento, assim como Ethan.
Me levantei do chão e peguei minhas coisas, levando para o banheiro. Ethan não estava no corredor, parecia estar na cozinha, então aproveitei para tomar meu banho em paz.
Levei algum tempo dentro do banheiro. Queria o mais rápido possível tirar aquele gosto de sangue humano de minha boca. Meu estômago revira ao pensar nessas coisas e principalmente no que eu fiz.
Quando saí do banheiro, voltei para o quarto e o tranquei. Me joguei na cama, abraçando meu próprio corpo. Pensei em contar para Amélia, mas acho que isso não é algo que se diga por telefone. Talvez eu não conte para ela, melhor minha amiga não saber que sou um assassino.
Não sei quanto tempo fiquei naquele quarto, encarando a parede de madeira escura, mas pude ouvir Ethan bater na porta algumas vezes. Da primeira ele veio avisar que o jantar estava pronto, mas não tinha estômago para comer algo agora.
Da segunda vez ele avisou que iria deixar o prato do lado da porta, que se eu sentisse fome era para comer. Mais uma vez recebendo silêncio, pude ouvi-lo suspirar preocupado.
Não quero deixá-lo daquela forma, mas também não tinha coragem e vontade de sair da cama. Apenas o ouvi se afastar, murmurando algo para si mesmo.
Fechei meus olhos, deixando o cansaço me vencer e antes que eu pudesse evitar, eu estava sonhando.
No meu sonho, eu caminhava por alguns corredores. As paredes de madeira escura, quadros de santos e pinturas religiosas estavam pregadas na parede. Além de crucifixos e imagens de Jesus.
Rapidamente reconheci o orfanato onde eu cresci. Vi um garoto de cabelos castanho-claros correndo por mim, ele ria e logo atrás dele um outro garoto. Esse negro, de cabelos cacheados e olhos verdes.
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LUNARES - COMPANHEIRO DO ALFA (EM HIATUS)
LobisomemApós receber uma mensagem de seu irmão, Ares se vê na obrigação de se esconder de novo. Pedindo ajuda para sua melhor amiga, ele consegue passar as férias da faculdade na cidade natal dela. O tempo que passará em Riverbroke servirá para finalmente c...