Os Contos de Nova Atlântica III: O Pináculo de Sangue

V: O Renascimento da Corte

Por mais que gostaria de imediatamente retornar para Nova Atlântica, no fundo, queria retribuir o favor que foi me dado pela Corte, isso sem contar de que queria ajudar Carmen e Dario a se reerguer. Ambos pareceram surpresos quando retornei junto de Lady, ainda na forma de pelúcia flutuante.

— O que você está fazendo aqui? — Questiona Carmen. — Você não pode perder tempo

— Ajudar quem me ajudou não é perda de tempo. — Respondo em diligência, fazendo Dario abrir um largo sorriso, Carmen apenas sorri discretamente soltando um suspiro em seguida. — Além do que, agora que Belfegor deu no pé, é a oportunidade perfeita para tirar qualquer resquício do Equinócio daqui. Sem contar com a ascensão de vocês com a Corte.

Ambos apenas concordam com minhas palavras e por meu lado, agora iria ajeitar a coluna enquanto notava as equipes de busca bem ao longe, recolhendo os corpos e por sua vez, fazendo as necessárias investigações nos arredores do Museu Regional dos Lagos. Já passava do meio dia quando conseguimos nos reunir na Fábrica de Barulhos Incríveis, confesso que era um pouco engraçado ter que ver o casal procurando o lugar mais escuro por motivos óbvios, no fim, infelizmente apenas nós três havíamos sobrevivido ao caso então, o momento era bem pesado.

— Vamos ser objetivos, a polícia daqui já tem conhecimento sobre parte do sobrenatural, então, estão mais preocupados com achar culpados pelo lado do Equinócio do que algo para nós. — Explicou Dario. — Eu vou entrar em contato com algumas autoridades locais e já providenciar um novo local. O povo está fervoroso o suficiente para entender e aceitar o nosso lado.

O plano foi executado com rapidez, enquanto Dario estava procurando as autoridades, o que foi engraçado levando em conta de que tanto ele quanto muitos outros estavam usando vários tipos de cobertura como guarda-sóis ou mantos. Carmen discursava no meio da praça cativando a atenção e também um desejo de fúria dos moradores que estavam escondidos, ameaçados por circunstância do Belfegor, enquanto o discurso se desenrolou, uma pequena comoção se fez naquela tarde.

— Vocês mataram os nossos homens, mulheres e crianças porque simplesmente não aceitavam os comandos e os bons investimentos que Lorde Belfegor nos proporcionou! — Gritou um civil.

— A troco do nosso direito de ir e vir, mal podíamos sair de casa sem ter que justificar o que e porque estávamos simplesmente andando, mesmo quando se era para conseguir sangue nos postos ou simplesmente

Sua voz claramente era um apoio fervente do Equinócio, assim como tínhamos o lado de quem era a favor da Corte. Não adiantaria provar nosso ponto, era só uma perda de tempo, não demorou nada para que o estopim fosse a interferência dos guardas (com sobrenaturais inclusos) para a separação dos dois grupos, para evitar uma confusão em massa. Respiro fundo bastante frustrado por ver que o Equinócio ainda tinha as suas raízes bem consolidadas, e a ausência do Belfegor não iria mudar tal fato.

— Vocês são apenas sanguessugas que não enxergam que vocês são o erro aqui! — Ouço uma outra voz, lançando algo em minha direção.

Aquela ofensiva tinha sido muito lenta, mas o suficiente para romper as amarras do manto que usava, fazendo o tecido cair e enfim, causar uma comoção em minha direção, afinal, ninguém ali sabia que eu podia caminhar livremente sob a luz do sol. Não gente, minha pele não brilhou e muito menos eu ardi em uma coluna de fogo, meu nome não é Edward. Ao contrário, a luz parecia fazer efeito algum, era como se fosse um humano, assim como a maioria dos protestantes a favor do Equinócio.

— Quem jogou a faca? — Questiono com uma ira contida, sentindo que os olhares do público ainda estavam em minha direção. — QUEM JOGOU A FACA?!

Os guardas voltaram sua atenção em minha direção, gritando enquanto apontavam suas armas, gritos que não passavam de zumbidos em meus ouvidos, minha atenção estava voltada para um braço erguido, envio o dedo indicador na direção daquele braço.