Marcas da promessa

As suas promessas e a minha verdade

2024

—— Chris, eu 'to simplesmente cansado de andar por aqueles corredores e você simplesmente ignorar a minha existência. Eu 'to exausto de nunca ter tido a oportunidade de te chamar de alguma coisa além de amigo, já que você sempre se envergonhou de mim. O problema sou eu? Porque se for.. Eu prefiro morrer de angústia do que sofrer sem motivo.

—— Seung, amor.. Não é assim, conversa comigo por favor..

Seungmin ficou estático e em silêncio por alguns instantes, seus olhos refletindo uma mistura de mágoa e questionamento. Chan, por sua vez, sentia a tensão no ar, ciente de que algo profundo estava prestes a ser revelado.

—— Christopher, olha, sinceramente.. Pra mim não dá mais. - O ambiente pesou, e Chris tentou esconder que engoliu em seco. O semblante sério de Seungmin não era lá o que ele estava acostumado, precisava admitir. - Eu sei que eu e você vivemos muitas coisas importantes juntos e sendo bem sincero eu nem lembro da minha vida sem você.. - Seungmin, definitivamente, usava da ironia como sua válvula de escape nesses momentos. Por isso, riu sem humor. Falar isso, ainda olhando no fundo dos olhos brilhantes do australiano, era quase como dar uma facada em si mesmo. Porra, como doía. O inferno daquela marca em formato de coração queimava em sua pele. E sinceramente, ele pensava que se não fosse por ela, Chan nem ao menos estaria falando com ele. - Mas hoje em dia.. Eu tenho quase certeza que pra mim o que são memórias, pra você não basta de uma lembrança vazia. Vazia como alguém em estado vegetativo. Eu penso, vale tanto a pena assim sustentar um relacionamento inteiro, de uma vida, por puro orgulho? Por que eu simplesmente não nasci pra isso. Antes, eu pensava que ia passar. Eu te via escondendo a porra desse coração e eu ainda tinha esperanças. Eu tinha esperanças que ao invés de ser aquelas mulheres bonitas com o seu braço em volta delas, seria eu. Mas eu sempre fui o motivo da sua vergonha. Engraçado, eu poderia ter acabado com milhares dos seus relacionamentos infantis usando só uma ligação. Uma ligação ou uma foto sua nos meus braços, de noite, após uma boa foda. Mas isso iria ferir muito o seu ego, não iria? - Christopher, perplexo diante das palavras de Seungmin, lutava para formular uma resposta. As palavras atingiam seu coração como uma tempestade, desvelando verdades que ele tentara ocultar. O silêncio se estendia, e a marca em formato de coração pesava como um fardo insuportável. A tristeza nos olhos de Seungmin era evidente, enquanto Chan se via confrontado com a magnitude de suas escolhas e o custo de sua própria vergonha. Seungmin respirou fundo antes de prosseguir, mergulhando nos sentimentos guardados por anos. —— Você prometeu. Você prometeu pra mim que estaríamos juntos, mas algo mudou. Desde que nos entendemos por gente, eu sempre estive aqui, Christopher. No entanto, ultimamente, sinto que estou perdendo você. - Seungmin tinha um péssimo, ou não, hábito de falar de forma mais culta e formal enquanto estava com raiva. Chan costumava achar fofo, porém nesse dia em específico, nada mais lhe dava temores do que isso. Parecia um pesadelo.

A verdade era que Bang Chan, no momento, tinha um dicionário de palavras em sua garganta. O que ele não estava esperando é que todas elas estivessem trancafiadas no meio de seus medos e inseguranças. Ele formou quase 425 possibilidades para resolver a situação, como um louco faria. Seus neurônios pensaram como nunca haviam, estava a beira de um colapso. Sabia, e como sabia, que tudo aquilo era a sua culpa. Como poderia fazer essa situação chegar a isso? Merda, simplesmente não poderia perder Seungmin.

Estar no escritório da empresa não ajudava em nada. Sendo bem sincero, queria estar no seu apartamento agora. Entretanto, mesmo estando longe do seu espaço de moradia, sua casa estava bem na sua frente e ele sentia que algo iria desmoronar, por incompetência sua.
Chan permanecia em sua cadeira de couro, observando as palavras de Seungmin ressoarem no ar como um eco amargo. Nesse momento, o que ele mais queria era se fundir com o assento. Odiava que precisava ter uma atitude imediata e simplesmente não conseguia mexer um músculo. Capaz de se levantar e ficar tão nervoso, ao encarar o amor da sua vida quase indo embora da mesma, que iria acabar urinando em suas calças. O que costumava ser um refúgio, tornou-se o palco sombrio de uma crise que ele nunca imaginou enfrentar. Cada palavra proferida por Seungmin parecia abrir uma ferida, e a marca de coração pulsava com uma intensidade dolorosa.