Marcas da promessa

Jantar à luz de velas

O L D D A Y S

Naqueles dias etéreos de juventude, quando o sol parecia pintar promessas douradas no horizonte, Chris e Seung frequentemente se encontravam atrás da escola. Com o céu aberto acima deles e o cheiro de grama recém-cortada ao redor, eles conversavam sobre futuros tão brilhantes e vastos quanto o céu de verão.

—— Imagine só - Chan começava, os olhos brilhando com um misto de travessura e sonho, - um pequeno apartamento em Busan, perto do mar. Você, eu, e talvez um cachorro? Ou dois? - Ele ria, lançando pedras no ar, observando-as girar e cair, como se tentasse medir a distância de seus sonhos.

Seungmin, sempre o mais pragmático, mas igualmente encantado por essa visão, sorria e entrava na dança da imaginação junto com o grandão.

—— Eu vou ensinar futebol para nossos netinhos enquanto você pinta aqueles quadros bonitos do pôr do sol, e então eu vou me gabar de ter um dilf ao meu lado - Ele traçava linhas imaginárias no ar, delineando o esboço de uma vida compartilhada, com cada gesto tecendo mais apertado o tecido de seu futuro comum.
Às vezes, ao cair da noite, enquanto o céu se tingia de laranja e rosa, eles falavam sobre casamento, seus rostos iluminados pela luz suave do entardecer.

—— Você acha que as pessoas vão entender? Tipo, o problema então não seria a marca.. Mas sim a visão das pessoas com um casal gay.. - O mais velho perguntava, a voz carregada de uma ansiedade doce, vulnerável.

—— Quem se importa com o que eles entendem? - Chan respondia com uma convicção feroz, pegando a mão de Seungmin e apertando-a. – Enquanto nós entendermos um ao outro, isso é tudo que importa. - E nesse aperto, havia uma promessa, tão profunda e firme quanto a terra sob o carvalho, uma promessa de permanecerem juntos contra qualquer tempestade.

E assim, entre risadas e sonhos compartilhados, entre o crepúsculo e o canto dos grilos, Chris e Seungmin teciam sua tapeçaria de amor e esperança. Cada palavra, cada olhar e cada silêncio partilhado eram fios dourados em uma promessa de futuro, pintando o retrato de uma vida entrelaçada com paixão, amor e um compromisso inabalável um pelo outro.

[...]

Não poderia acreditar que, finalmente, depois de tanto lá estava ele. O australiano parecia um sonho distante, daquele que você tem vontade de viver mas sente que não está preparado. Mas hoje é diferente. Fitou a casa em sua frente, que mais se assemelhava a um chalé, ou uma toca de hobbit, com suas paredes cobertas de vinhas e uma porta de madeira arqueada que parecia convidar segredos antigos a serem compartilhados sob seu teto baixo.
Subitamente sentiu paz.

Seungmin hesitou na entrada, seu coração batendo num ritmo acelerado, quase incapaz de acreditar que o reencontro estava realmente acontecendo. Após aquele breve encontro na estação de metrô, onde seus olhares se cruzaram em um tumulto de emoções, eles haviam conversado por mensagens. Christopher havia oferecido sua casa como um ponto de encontro, uma chance para conversarem, mas mesmo com os planos feitos, Seungmin sentia uma pontada de incerteza, imaginando se Chan realmente acreditava que ele apareceria.

Ao adentrar, viu Bang Chan de costas, ocupado com uma chaleira sobre o fogão. Não pôde deixar de fazer uma nota mental: Testar a capacidade de suas unhas nas costas bem trabalhadas na academia. O ambiente era acolhedor, pontuado pelo cheiro de madeira e uma leve essência de canela vinda de algum lugar desconhecido. Era um refúgio longe do mundo, um espaço apenas deles, embora Seungmin apenas estivesse começando a redescobri-lo.

—— Channie... - sua voz saiu mais suave e trêmula do que pretendia. Ao ouvir seu nome, Chan virou-se, um sorriso hesitante cruzando seu rosto ao mesmo tempo em que um brilho de reconhecimento e algo mais — talvez medo, talvez esperança — acendia seus olhos.