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Há silêncio nessa manhã, assim como estava quando cheguei em casa na madrugada, sem sinal algum de vida. Meu quarto sempre foi como um local seguro dentro desse ambiente hostil. Eles nunca reclamaram quando fechava a minha porta e por assim seguimos até hoje, é como se criasse uma barreira para não ter que nos misturarmos.
Me deparo com o silêncio, e ele sempre foi uma das coisas pela qual aprecio. Amo o silêncio, porque nele não preciso fingir uma risada, minha bochechas podem relaxar e meus lábios se fecham, não preciso sorrir. A angústia está aqui, passei a noite pensando em como irei encarar meus amigos após tudo o que ouviram na noite passada.
Aproveito mais um pouco dos lençóis super confortáveis e relaxo todo o corpo, meus cabelos caem no meu rosto, respiro fundo sentindo o cheiro do shampoo. Gostaria de deixar meus cachos crescerem, quem sabe até na altura do ombro, mas instantaneamente a voz de Celeste ecoa na minha cabeça, até isso é tirado de mim, uma forma dela me controlar.
Sinto falta, uma falta de ter com quem contar, de ter uma mão fazendo carinho em minha cabeça, me dizendo que tudo vai ficar bem, que estou no caminho certo, ou me apoiando a mandar a publicidade à merda e sumir de Nova York, afinal ninguém daria falta, sou uma peça completamente substituível nesse jogo.
Como podemos sentir falta de algo que nunca tivemos? Acho que os filmes e livros acabaram me moldando a acreditar que se tivesse recebido amor e carinho dentro de casa, eu não seria tão miserável como sou hoje.
Discuti algumas vezes em terapia o motivo do toque físico ser tão aversivo para mim, e as respostas não são nenhuma novidade, nunca os tive, e quando tive, eram para destilar críticas, portanto o simples fato de imaginar uma pessoa tocando em meus cabelos, minhas costas de forma carinhosa, se tornam algo que não sei lidar, não sei como reagir e muito menos tenho coragem de me permitir gostar. Tenho medo de acreditar em um carinho que pode ser quebrado em instantes e assim mais uma frustração para a minha coleção.
O jeito que encontrei de não ser mais machucado, foi me fechar, barrar qualquer tipo de contato próximo, uma análise básica que não precisaria de teorias baseadas em Freud para explicar, apesar da minha psicóloga me dar uma explicação um pouco mais afundo, a qual concordei com a cabeça de frente para ela sentado na mesma poltrona de todas as vezes. O divã é algo que evito durante as sessões, não tive a coragem de me deitar de costas para ela e divagar sobre minhas emoções, talvez por ter essa desconfiança de tudo e de todos ao meu redor.
Não encontro nenhum recado no meu celular e muito menos na mesa de café da manhã vazia, julgo que a funcionária da casa, que passou menos de um mês, tenha sido demitida. Sendo assim, busco algumas coisas na geladeira e preparo meu café da manhã, sem pressa, como a insônia tomou conta da minha mente, acabo tendo tempo suficiente para me alimentar, aproveitando que meus pais provavelmente viajaram, ou saíram mais cedo do que de costume, se é que dormiram em casa.
Aprender a cozinhar foi como aprender a sobreviver, após a demissão de Martha quando eu ainda era criança, nenhum outro funcionário parou nessa casa. Trabalhar para os Styles é difícil e acredito que encontravam outro trabalho pelo mesmo salário facilmente. Não os julgo, se tivesse a chance de sair pela porta e nunca mais retornar, faria o mesmo.
São nesses dias que estou sozinho nessa cobertura que costumo cozinhar, é terapêutico, estar ocupado com os ingredientes, temperos e colocar em prática algumas receitas que aprendo assistindo programas de televisão, ou até mesmo chefes que dão aulas nos seus canais pela internet. Minha mente fica tranquila e a música é sempre bem vinda para me fazer companhia.
Saboreio os ovos mexidos em cima de um pão que tostei com manteiga e faço um expresso na máquina.
Gaspar me espera como todos os dias, avisando ao meu chofer que estou pronto para sair, em poucos minutos o carro está parado na frente do apartamento. Não encontro Louis essa manhã, sair alguns minutos mais cedo tem suas vantagens.
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It's up to you
FanfictionEm meio aos arranha-céus reluzentes e festas da alta sociedade de Manhattan, dois jovens herdeiros de impérios rivais em empresas de comunicação e publicidade, vivem vidas de riqueza e privilégios. Acostumados a ter tudo o que o dinheiro pode compra...