Nine

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Boa leitura, votem e comentem por favor 🗽

Despertar após uma crise de ansiedade e de choro vem carregado de dores no corpo e de um aperto no peito que ainda dói, mesmo que um pouco menos sufocante.

Despertar ao lado de Louis, com a sua mão em meus cabelos, é sem dúvida uma experiência diferente. Com a certeza de que ele não foi embora e não me deixou depois de presenciar uma das minhas feridas mais profundas sangrar para fora e escorrer por todo o seu chão, chuveiro e cama, é definitivamente muito bom. Tão bom que não sei como entender o sentimento como um todo.

A claridade atinge o quarto, os feixes de luz do sol entram pelas janelas aquecendo os nossos corpos. Demoro um tempo para criar coragem e abrir os olhos, coragem esta que preciso ter para encarar Louis, encarar a minha própria insegurança e a verdade que veio a tona na noite anterior.

Apesar de ter ficado com algumas pessoas durante a minha vida, me entregar por completo para alguém nunca aconteceu. Não tinha a fantasia de que seria um príncipe em um cavalo branco e a minha primeira vez seria totalmente especial, com alguém pelo qual nutria sentimentos e quem sabe fosse mútuo. Até porque, não consigo acreditar que uma pessoa possa nutrir sentimentos por mim a ponto de fazer o sexo ser algo marcante e especial.

Entretanto, gostaria que pelo menos eu me sentisse confortável para avançar esse passo e por isso, com vinte anos, no segundo ano de faculdade, eu era virgem.

Julgo pelo calor que adentra no quarto, que já se passam das dez horas da manhã, não faço a mínima ideia do horário que adormeci, e apesar de sentir que meu corpo ainda precisa de descanso, sou tomado pela enxurrada de pensamentos que não deixariam que eu dormisse por mais algumas horas.

O toque em meus cachos mostram que Louis já está acordado, seus dedos enrolam nos fios de forma carinhosa e me permito aproveitar essa carícia tão nova e gostosa. Me sinto aliviado por não ter ido embora na madrugada, por ter aceitado o pedido dele para ficar, o que me mostrou que de fato ele não estava mentindo ao dizer que deseja me conhecer por completo, inclusive os dias ruins.

Essa prova foi importante e é por isso que me sinto na obrigação de ser sincero com ele, de expor o que estava se passando na minha cabeça quando desatei a chorar e tentei fugir, ir para longe, ficar sozinho e que ninguém além de eu mesmo pudesse ver o lado que luto para tentar esconder.

Não é aquele tipo de obrigação que devo algo a ele, apesar de achar que sim, mas também por ser sincero o suficiente comigo. Quero ficar, que ele me queira e que queira ficar.

Admitir pra mim mesmo que quero Louis perto, ao meu lado, é assustador. O que pode acontecer se depois de reconhecer que estou sentindo além do que um desejo carnal e a sensação de adrenalina por fazer algo escondido, ele me deixar?

Com o entendimento de que a rejeição sentida ontem a noite foi além dele rejeitar o meu corpo, foi o medo dele me rejeitar por inteiro. De desistir do que quer que estejamos tendo, quando nem ao menos pudemos aproveitar tudo o que imaginei para viver sendo nós.

Sei que terei uma das conversas mais difíceis da minha vida, expor um pedaço de um Harry, um pedaço quebrado, que não se encaixa nos outros, por todos estarem destruídos, com rachaduras, com cantos desgastados, peças soltas e jogadas.

Se estivesse sozinho na minha casa agora, torceria para que ele escondesse o que percebeu, que não tocasse no assunto e seguisse sua vida, e claro, doeria como um inferno. Louis merece muito, merece uma pessoa que é boa, que lhe retorne tudo o que ele entrega de bom, que o faça se sentir tão especial como ele é. Não sou essa pessoa, se fosse uma pessoa boa, não estaria sendo egoísta em pedir para ele ficar, deixaria ele ir para encontrar um amor.

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