Six

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Boa leitura, votem e comentem por favor 🌸

Posso tentar buscar na minha memória os dias em que acordei desse jeito, a busca vai tão longe que me vejo com poucos anos de idade, acordando animado para uma noite de natal, na qual me fora prometido uma bicicleta.

Era manhã de natal e a neve cobria as ruas de Manhattan, tentei ficar acordado para ver a chegada do papai noel, mas falhei dormindo ao lado da lareira. Estávamos na casa do vovô e dou risada com essa lembrança. Sim, eu tinha três anos, e podemos pensar que a nossa infância não é tão lembrada, mas esse dia em específico guardo uma foto no meu caderno de couro marrom até hoje.

Foi durante uma sessão com minha psicóloga que conseguimos acessar essa memória, a lareira não era de fato uma lareira das quais o papai noel pode descer e entregar os brinquedos, mas qual a diferença para uma criança que tinha uma criatividade enorme e que acreditava fielmente que o velhinho do Polo Norte existia?

Minha decepção foi quando rasguei os presentes e não encontrei a tal bicicleta, após levar uma bronca de minha mãe por ter rasgado as embalagens e feito uma bagunça na sala. Uma bagunça que indicava que naquela casa existia uma criança que só estava determinada a brincar e viver uma infância feliz.

Meu avô logo questionou o motivo do choro, fiquei escondido atrás do grande pinheiro, tentando não fazer muito barulho para não ouvir mais gritos de Celeste. Naquela manhã do dia 25 de dezembro, meu avô enxergava o menino de olhos verdes, pequenino e com cachinhos que cobriam a cabeça, ele me colocou no seu colo e disse que meu cabelo era igual ao da minha avó e que isso o deixava muito feliz por ter uma lembrança do grande amor da sua vida.

Na época não entendia que as lojas ficavam fechadas nesta data e que nessa altura do ano, a maioria dos brinquedos estavam esgotados, e muito menos tinha noção do poder de um sobrenome Styles. O que me faz sorrir ao lembrar desse dia e guardar a foto, é que meu avô me viu, me escutou e me acolheu. Esse foi o presente mais especial que recebi em toda minha vida.

Hoje com vinte anos de idade, sinto a esperança novamente em meu peito, a esperança de que posso ter pessoas que de fato vão me olhar com carinho, que irão escutar meus sentimentos sem nenhuma repressão.

É dessa maneira que acordo em uma segunda-feira, após um final de semana completamente atípico, que troquei beijos lentos e ardentes com Louis Tomlinson. Isso não é irônico? Ter uma esperança de algo bom acontecendo na minha vida com o cara que é o meu inimigo, um inimigo aos olhos dos meus pais, um inimigo que não irá me mostrar o que é amor, segundo as palavras de Alexander.

Será que vai ser sempre assim? Sentimentos confusos e contraditórios. Esses dois dias em que estive na presença de Louis, me vi pela primeira vez agindo sem pensar muito, só de fato vivendo. Deve ser assim que a maioria das pessoas vivem, sem tanta ansiedade e medo.

A contradição das coisas boas que senti estando ao lado dele, ou quando a boca de Louis estava junto da minha, era da voz de Alexander em minha mente, me puxando, como se eu não pudesse abaixar todas as barreiras criadas para que uma pessoa acessasse o Harry de verdade. Principalmente se tratando de um Tomlinson.

Seria mentira se dissesse que os muros que levantei estivessem totalmente no chão, não estão. Mas posso ter criado uma certa janela na qual eu pulo para o outro lado quando subo naquela maldita moto, ou quando vejo o brilho nos olhos azuis.

Posso confirmar que a adrenalina é o que está me movendo, é ela que está me trazendo certa esperança, apagada aos quatro anos de idade após o falecimento do meu avô.

A incerteza do que irá acontecer a seguir me dá um certo receio de como me comportar, de como irei passar o tempo das aulas ao lado dele. Conheço Louis desde sempre, mas esse Louis que estou dando a chance de conhecer agora, é um bem diferente da imagem que eu tinha anteriormente, uma imagem que ainda existe aqui dentro, que me amedronta com a possibilidade de não conhecer mais.

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