Assim que chegaram no navio o rapaz olhou para a filha que chegar na cozinha correu para as panelas, ela estava calada e frenética cozinhando. Ele estava tão surpreso quanto ela e não sabia ao certo como abordar a garota, ele ficou um tempo analisando a cozinheira, tentando encontrar nela alguma indicação de poder começar a falar. Não obtendo, ele abriu a boca para falar algo, mas se calou quando sua filha falou primeiro.
-O ajudante dela era parecido com você.
-Como é que é?
-Eu achei – ela disse dando de ombros
-Você tá de sacanagem né?
-Não
Ele ficou olhando perplexo para a moça que continuava olhando as panelas.
-Se quiser sair dessa ilha podemos ir. – ele disse
A moça ficou um tempo olhando para as panelas e após um suspiro, olhou para seu pai. Era nítido como ele se preocupava e talvez fosse nítido no olhar dela como ela se sentia parte, pertencente a alguma coisa quando ele estava por perto, a alma dela conhecia a dele muito bem e talvez ela fosse a única que tivesse esse acesso irrestrito ao coração do pai, voltar para ele após três anos, foi como voltar para casa depois daqueles dias que são muito longos.
-Acho que não precisa – ela disse o olhando – Só não estava preparada. Fui visceral demais.
-Está confusa? Eu posso tirar suas dúvidas se quiser.
-Eu só... – ela não sabia como colocar em palavras, ou melhor, nas palavras certas. – Não sei explicar.
-Tenta
-Eu olhei ela e minha cabeça começou a pensar, imaginar... sei lá, doeu em mim, quando eu vi a pessoa que se recusou a ter qualquer vínculo comigo.
-Doeu no sentido de sentir falta?
-Nao! Não dá pra sentir falta de algo que nunca se teve, né? Ela, a presença dela me fez duvidar de algo que eu tinha certeza.
-Posso saber o que é?
-Vai me achar idiota
-Eu nunca te acho idiota - ele disse a olhando - Acho os outros idiotas, mas você não!
Ela riu, não de deboche ou sei lá o que. Aquele riso que a gente da porque nós sentimos bem. Aqueles que duram cerca de 3 segundos.
-Vai me contar? - meu pai perguntou
-Ela fez eu ter dúvidas sobre ser realmente querida e merecer viver. Porque... Se a pessoa que me deu a luz, que me gerou não me quis, não me achou digna de ser amada, porque outros achariam? - quando ela escutou as próprias palavras percebeu o peso delas, então ela tentou amenizar - Mas é bobagem, logo passou.
-Nao, não passou - ele disse olhando a filha preocupado.
-Nao... - ela concordou - E talvez, pai. O pior foi eu ter visto que ela não me criou porque não quis mesmo, ela não me parece ser louca ou incapaz de criar uma criança. Ela só não quis mesmo.
-Que pena pra ela - Zoro disse a olhando a filha - Você é a melhor pessoa que conheço, ela que perdeu. - ele suspirou - Eu não sou bom pra essas coisas de falar bonito igual o cozinheiro de bordel, mas, você merece estar rodeada de pessoas que te mostrem como você é amada. E pode até ser que as vezes você precise ser a pessoa que vai pegar na sua própria mão e dizer que vai ficar tudo bem, mas enquanto eu estiver aqui, vou sempre lembra-la disso!
-Pai - ela falou sorrindo e olhando o mais velho
-Que foi?
-Voce é a melhor pessoa que conheço!
Eles ficaram ali conversando por um bom tempo, ela terminou o oniguiri, serviu e ficou comendo ali com o pai dela. Enquanto comiam, Zoro ficou olhando a sua garotinha e viu como o tempo passou, ela estava virando uma mulher maravilhosa e ele se sentiu grato por ela estar entrando no mundo adulto de mãos dadas com ele, o espadachim queria que ela fosse tão feliz a ponto de esquecer desses detalhes sobre a vida dela que fazem mal.
Ele amava tanto essa filha, tanto que chegava a doer. Apesar de amar o bando do qual fazia parte, sua pessoa favorita ali era sua garotinha, ele a amava a ponto de morrer por ela, matar por ela e principalmente viver por ela.
Com ela, ele se sentia confortável em ser diferente.
E nele, ela encontrou alguem que sempre seria leal a ela.
Nela, ele tinha alguém que o amava e adorava não pela aparência ou pelo que ele tinha, mas por quem ele era.
Nele ela encontrou alguém que quando dizia que queria saber o que ela pensava ou estava sentindo realmente perguntava querendo saber a resposta.
Ela o amou, mesmo quando ele não era a pessoa mais fácil de ser amada.
Enquanto ela falava em cada gesto Zoro notava o quanto sua filha estava crescida, ela ria e o som era bonito, era um tesouro ver ela crescendo, poder observar a cada dia ela se tornando, bem... ela! Por isso se irritou ao perceber que eles estavam ali porque alguém lá fora a rejeitou. Alguém feriu o coração da sua menininha, o valor dessa moça na sua frente era intangível, ela não deveria se preocupar em provar o quanto ela era boa e digna de ser amada, afinal, ela era boa e era digna de ser amada!
-Pai? Tá me ouvindo? - ela disse o trazendo de volta a realidade
-Desculpa filha, não escutei.
-Eu percebi - ela o olhou gentil, ela sempre era gentil - A comida não está boa?
-Nao é isso!
-O que é então?
-É outra coisa...
-Nao quer me contar?
-Filha - Zoro disse se levantando - Eu preciso sair!
-Pai, o que houve? - Ela perguntou preocupada
-Guarda esses oniguiris pra mim, vou voltar pra comer todos.
-Pai, onde você...
Ela ia perguntar, mas ele saiu antes. Ela ficou sem entender nada e ele foi atrás daquela mulher...
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A filha do Zoro - Imagine One Piece
FanficZoro não teve nove meses para se preparar para ser pai, ele tinha que decidir o que faria naquele momento e então resolveu viver a maior aventura da sua vida, criar Kuina, sua filha.