∆ Capítulo| 3

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Yve Gordon

Eu olhava pela janela fazia muito tempo. Ainda não havia amanhecido e aquela maldita neblina nunca se dissipava. Procurava qualquer sinal, qualquer rastro do carrasco que vi na praça. Não havia nenhum indício dele ou da mulher que tentara me alertar. Ela era como eu? Também estava perdida e veio parar aqui por engano? Talvez, eu nunca soubesse a resposta. Decidi que precisava me virar. Vasculhei o prédio em busca de suprimentos e consegui algumas ataduras. Tratei dos meus ferimentos da melhor forma possível, mas a minha barriga ainda era um empecilho, roncando alto e com mais intensidade do que antes. Gemia, esfregando a mão sobre o abdômen, tentando acalmar a fome avassaladora. A minha blusa de mangas compridas estava úmida, mas aos poucos, tanto as minhas roupas quanto o meu cabelo começaram a secar.

Sem conseguir esperar mais, resolvi sair do prédio. O homem permanecia no mesmo canto em que eu o encontrei, abraçando os próprios joelhos enquanto murmurava coisas que eu nao entendia.

" Eu sou culpado..."

" Somos todos culpados."

" Essa é a sentença pelos nossos pecados."

Confesso, Insisti por tempo demais até perder a paciência. Ele não parecia com fome, cansado ou até mesmo temeroso. Mas eu não ficaria aqui até morrer, ou pior, me encontrar novamente com o grandalhão com a piramide de ferro na cabeca. O ar frio e úmido me envolveu novamente, e a névoa espessa tornava cada passo uma jornada em si. A cidade, silenciosa e deserta, parecia respirar a própria desolação. Caminhei pelas ruas, os meus olhos atentos a qualquer movimento, a qualquer som que indicasse perigo ou, com sorte, ajuda. As construções ao redor eram antigas e decrépitas, com fachadas que narravam décadas de abandono. Algumas portas estavam entreabertas, e eu sentia o olhar invisível da escuridão dentro delas. Evitava olhar diretamente, temendo o que poderia encontrar. Mesmo assim, a fome e a necessidade de encontrar respostas me impulsionavam a seguir em frente.

Passei por uma lanchonete velha, sua placa pendendo perigosamente de uma corrente enferrujada. Rusty Fork Diner. Li rapidamente. Entrei hesitante, esperando que talvez houvesse algo comestível ainda dentro, o que parecia ser impossível, mas eu tinha outra opção? O cheiro de mofo e decadência era forte, e as mesas estavam cobertas de poeira e restos apodrecidos. Procurei na cozinha, mas tudo que encontrei foram latas vazias e equipamentos quebrados. Resignada, saí da lanchonete e continuei caminhando pela rua principal, que parecia não ter fim. As sombras dançavam na neblina, e a cada esquina virada, meu coração acelerava, esperando encontrar o carrasco ou alguma outra criatura sinistra. Cada ruído me fazia saltar, e a cidade parecia brincar com os meus nervos.

Finalmente, avistei uma biblioteca. Seu letreiro estava desbotado, mas ainda legível. Era a biblioteca pública da cidade. Grandes escadas que levavam às portas pesadas e de madeira antiga, assim como todo o resto da construção em tons brancos. Havia bandeiras penduradas logo acima, em mastros bem firmes nos suportes. Estranhei quando percebi que uma delas estava faltando, como se tivesse sido arrancada, mas Ignorei, ao era hora para bancar a detetive daquele lugar. Precisava encontrar algo que pudesse me ajudar a sair desse pesadelo que parecia nunca acabar. Estava dentre, esperando encontrar alguma orientação, talvez um mapa ou qualquer pista sobre onde eu estava e como sair dali. Normalmente, em lugares assim que costumávamos encontrar itens importsntes como esses. O interior era sombrio, com estantes altas que formavam corredores labirínticos. O chão estava coberto de papéis e livros velhos, espalhados como se alguém tivesse vasculhado freneticamente. Enquanto explorava, encontrei um diário empoeirado em uma mesa. Eu estava desesperada demais para me deparar com qualquer coisa, e literalmente, tudo serviria neste momento. Abri com cuidado, as páginas amareladas e frágeis contando uma história de alguém que também havia ficado preso em Silent Hill. As anotações eram desesperadas, cheias de medo e confusão. Mas em uma das últimas páginas, uma frase chamou minha atenção. "A saída está onde tudo começou." O que isso significava?

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