O Leão de Daemon e os Sete Pecados é apenas mais uma história situada na Pauliceia Desvairada, também conhecida como São Paulo, onde um bebê prestes sentir o sopro da morte, foi escolhido por Daemon para abrigar a alma de um de seus Quatro Cavaleiro...
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Sam desfez sua franja, mostrando uma pequena, mas assustadora para Rico, cicatriz no meio da testa, que deixou o jovem assassino incomodado e intimidado o bastante para se explicar:
- Eu juro pela vida dos meus pais que não fiz isso e jamais atiraria em você, nem naquela época, nem hoje! - Então por que eu fui internada com um tiro na cabeça e um no ventre? Você é a única pessoa que sabia que eu estava...
- Grávida...
O silêncio tomou o apartamento, os acontecimentos de 8 anos atrás ainda assombravam os dois, uma lágrima caiu dos olhos de Samara, deixando Rico ainda mais tenso e desconfortável com aquela conversa:
- Sama... Cissa...
Rico olhou diretamente para a estante, havia um item que lhe chamou a atenção, sapatinhos de bebê da cor lilás, aquilo só deixou o clima ainda mais pesado, por um instante, Rico pensou:
"Foi um puta erro vir aqui... talvez seja melhor vazar..."
Mas o assassino logo olhou para a celestial, seu coração, sim, esse coração tão frio e calculista na maioria do tempo, foi incapaz de ignorar a tristeza daquela que há 8 anos, poderia ter sido a mãe do seu filho:
"Não... preciso encarar isso de frente, chega de fugir, porra!"
- Cissa, eu não atirei em você... tava ocupado com o Chacal... quando você levou o tiro... eu... eu tentei me aproximar, mas a tal Capitã Botafogo te acudiu e disse para que eu nunca me aproximasse de você...
- A Capitã Botafogo estava no Brasil, ela só foi para o Paraguai por minha causa... Enquanto você sequer teve a decência de me visitar?!
- A polícia tava me caçando, além disso, a Rackelly veio comigo, não podia arriscar a vida dela... Peraí, você disse que a Capitã Botafogo tava no Paraguai?
- Ela foi a primeira pessoa que eu vi no hospital...
- Aquela filha da...
- Não ouse...
- Como não? Ela nos enganou...
- Ela me criou como uma filha, como ousa dizer que ela faria isso?
Rico olhou para Sam, seus olhos mostravam indignação e... decepção, a celestial estava saindo da caverna, ele não a julgava, pois sabia do passado dela com a Capitã Botafogo, sua lealdade devota e quase cega por ela, Rico respirou fundo e como não costumava fazer, pensou no que ia dizer à seguir:
- Eu sei que ela é a razão de você estar viva, que ela te deu um propósito de vida, que ela foi um alicerce quando sua família inteira morreu... mas ela nunca foi confiável Cissa...
- Não ouse falar mais sobre isso e nem me chamar de Cissa, diga logo, como vai encontrar a Bergamaschi?- Questiona Samara, irritada.
- Eu estarei em um baile de máscaras na segunda e me encontrarei com Bergamaschi, mas só posso ir sozinho, preciso que você, investigue o evento e se puder, entre sob disfarce!
- E-está bem, mas não será fácil e se estiver me enganando...
- Você vai me prender, certo, diferente da sua mamãe postiça, não estou mentindo, aliás, eu... posso dormir aqui?
Samara quase engasgou ao ouvir o pedido de Rico, e completamente sem graça, ela tentou argumentar diante daquele pergunta inusitada:
- O quê? Mas eu te prendi há uma semana...
- Aquilo? Ah, já estamos quites, eu já não ligo pra essas coisas, além disso, ainda precisamos descobrir o que aquela vadi... boa senhora da Capitã Botafogo está tramando, prometo não fazer nada que você não goste, nem falar sobre o que rolou no Paraguai!
Samara relutou por uns instantes, sua expressão não escondia a tensão e indecisão que sentia naquele instante, a mente e o coração daquela mulher lutavam entre si:
"O que estou fazendo? Recebendo uma aberração de Daemon em minha casa, com ele insultando a mamã... a Capitã Botafogo, mas... mas ele não é só isso, ele é um bom ser humano... está cozinhando para mim, é nítido que ele ainda me... que ele ainda sente algo por mim, quando poderia ter me matado... mas ele tentou me matar e matou nossa bebê há oito anos... foram palavras da Capitã Botafogo, ela não é mais confiável... eu... eu... Deus, como pude ser tão hipócrita?"
E aquilo que para alguns, parecia algo completamente inusitado e até impossível, começou à se tornar realidade, e a resposta de Samara foi:
- Pode!
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