Capítulo 3 - Pequena Jude

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     Pulamos agora para quando Jude já estava um tanto que crescida, se me lembro bem, ela tinha oito anos na primeira vez que dançou quadrilha em época de festa junina na escola, me lembro com extrema nitidez daquele dia.

     Estava eu dormindo profundamente em um sábado, estive trabalhando no escritório de meu pai naquela época como advogada. Teria sido uma semana difícil, eu havia acabado de ganhar uma causa da qual um trabalhador teria recebido seu salário com irregularidades de uma empresa na Baixada Santista, eu teria chegado de uma viagem de 2 horas já tarde da noite que realizei de volta para casa logo após o término do julgamento.

     Nessa madrugada, Jude abre a porta do quarto onde eu e Jhonatan nos adormecíamos:

     - Papai? Mamãe? Vocês estão acordados? – exclamava ela, não sei se fiz certo mas, ignorei-a completamente e segui com meu sono.

     - O que houve, querida? – respondeu Jhonatan à ela.

    - Eu tive um pesadelo e... estou com medo.

     - Venha cá minha doce Jude. – ela deu a volta na cama e foi até o outro lado, onde estava Jhonatan e, então, se abraçaram.

     - Posso dormir aqui? Com vocês?

     - Claro pequena, apenas fique comportada, sua mãe está muito cansada.

     Jude ficou lá dormindo conosco, eu acordei somente algumas horas depois, cerca de oito horas da manhã. Jhonatan já estava acordado e se arrumando para o trabalho, antes de sair, adentrou o quarto onde agora só Jude permanecia dormindo, beijou sua testa e saiu para então vir ao meu encontro.

     - Nossa filha é realmente muito linda! – afirmou ele

     - Não tinha como ser diferente.

     - Hoje serei rápido, apenas irei checar alguns pacientes e logo voltarei para casa.

    - Que horas?

     - Só depois das três da tarde.

     - Não esqueça da apresentação dela na escola.

     - Um menino está se aproximando da nossa filha e você acha que eu vou deixar algo como isso passar? Nem se eu morrer no caminho!

     Rimos e conversamos enquanto tomávamos café, Jhonatan era realmente especial, eu o amava muito.

     Mais tarde, comecei a arrumar Jude para a festa junina, uma das festas tradicionais brasileiras mais lindas. Ocorre normalmente por todo o mês de junho, foi trazida por intermédio dos portugueses à colônia no século XVI. De início, era uma festa que homenageava santos juninos através de missas, procissões e algumas danças populares, logo, foi se misturando com outras culturas que se desenvolveram no país, como a indígena, a afro-brasileira e a sertaneja. Sendo assim, comemorada de diferentes formas pelo país.

     Eu vesti Jude da forma mais tradicional possível, um vestido xadrez que se dividia entre branco e rosa, como ela mesmo escolheu, uma fita vermelha que rodeava a cintura, deixei seu cabelo cacheado volumoso como ela adorava, além de algumas pintinhas pretas nos dois lados das bochechas que ficavam dentro de um círculo avermelhado em cada lado.

     - Será que o Yuri estará tão bonito como eu mamãe? – perguntava ela para mim.

     Jhonatan estava inconformado, no bom sentido da palavra, em como em tão pouco tempo sua pequena filha já estava falando de um garoto. Já na festa, ela se animou quando viu ele de longe, com uma camisa xadrez vermelha e preta, um chapéu de cowboy e, uma calça e uma bota preta que combinavam. Jhonatan olhou os dois se abraçando nas frente de nós e dos pais dele com um sorriso muito discreto.

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