Capítulo 4 - Londrina

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      Eu tive uma surpresa o tanto que inesperada, ainda naquele mês. Eu descobri que estava grávida de novo. Jhonatan e eu teríamos um segundo filho, isso pareceu uma boa coisa, estávamos mais estruturados naquela altura, além de já possuir experiência como mãe.

     Fui de imediato contar para minha mãe:

     - Que benção minha filha, que benção! - disse ela após ouvir a notícia. 

     Todos se animaram com a notícia, até a pequena Jude se encantou com a ideia de ter uma irmã (ou um irmão), ela passou a conversar com minha barriga como se já estivesse algum ser vivo dentro.

     Apenas Jhonatan não se animou, pensou em todo o compromisso que teria de ter um novo bebê em casa, ademais, a clínica em que ele trabalhava não recebia muitos pacientes já havia algum tempo. Se preocupava com o fato de não conseguir arcar com a responsabilidade de alimentar mais uma boca.

     Jhonatan então, sugeriu uma ideia um tanto que radical.

     - Eu estive pensando meu amor. – dizia ele – por que não nos mudarmos para a minha cidade natal, onde está toda minha família?

     - Está falando de Londrina?

     - Sim, exatamente.

     - Não sei se isso seria uma boa ideia.

     - Acho que seria, as despesas por lá são mais viáveis do que as de São Paulo, a segurança é maior e andei sondando algumas ofertas de emprego por lá.

     - E quanto ao meu trabalho?

     - Creio que não será necessário você trabalhar enquanto estivermos por lá, poderá apenas cuidar da casa sem maiores preocupações, conseguirei dar conta de tudo sozinho!

     - Mas e meus pai aqui?

     - Eles ficarão bem, estamos a tanto tempo necessitando deles para tudo que acredito que, agora, merecem um pouco de paz.

     Eu não discuti muito apesar de ter tomado ódio da ideia de me privar somente aos serviços domésticos, por outro lado, descansaria mais durante a gestação, além de ter mais tempo para me atentar à Jude. Jude sempre se mantinha neutra, temia isso pois era impossível saber o que ela estava pensando, sempre ouvi falar que crianças nessa idade costumam falar muito, mas, Jude era desde cedo foi uma menina reservada.

     - Ficará bem ao se despedir de seus amigos? – perguntei à minha pequena.

     - Não tenho muitos amigos, não vai fazer tanta diferença. – respondeu ela de uma maneira seca.




     Então embarcamos na Rodovia Castelo Branco rumo ao estado do Paraná, estávamos em meu carro, mas Jhonatan conduzia, iríamos revezar durante a noite, principalmente, por se tratar de uma viagem de cerca de 6 à 7 horas.

     Minha última visão da Grande São Paulo se dividiu entre as comunidades de Osasco e Itapevi, com as mansões de Alphaville, somente uma parcela do que representava a desigualdade social no nosso país. Embora parecesse esse o final da cidade, ainda havia muitos pequenos bairros menores em volta da grande metrópole, sendo assim, perdíamos a noção de quando de fato estávamos fora da região urbana. Conforme nos afastássemos das regiões metropolitanas, entravamos em choque com o verde que ainda restava da antiga e da predominante terra, a Mata Atlântica, uma floresta colossal que foi engolida pela civilização urbana do sudeste brasileiro.

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