Capítulo 17 - Paixão

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Hzethel seguiu sério como se nem tivesse escutado a voz do anjo que estava em sua frente. É claro que ele já tinha ouvido falar de um dos anjos com as mais belas asas divinas. Mesmo tentando ignorar a presença e ameaça do anjo que estava a sua frente, Hzethel parou mas continuou segurando Zerachiel que parecia tentar acordar agora. O anjo que apareceu era Abel, um dos anjos mais íntimos de Zerachiel. O mesmo se assustou depois de ouvir Zerachiel grunhir.

– O que você fez com ele?! Céus, Zerachiel. Você provou da impureza das bebidas humanas?

Abel dizia enquanto se aproximava do anjo que estava tonto. O anjo maior pegou o braço do anjo menor e colocou em seu ombro para levá-lo, mas Hzethel o acompanhou e colocou o outro braço do anjo em seu ombro para ajudar a levá-lo.

– Você já fez muito, deixe Zerachiel em paz agora.

– Não seja estúpido. Você nem sequer sabe para onde levá-lo.

O demônio deu um sorriso como o de predador que acabou de capturar sua presa. Abel não gostava daquele seu sorriso e muito menos daquele seu olhar malicioso. Mas ele estava certo, Abel realmente não sabia para onde  levar seu amigo cujo ainda estava em sua forma carnal e não espiritual.

– Tenho certeza de que foi você quem ofereceu bebida para ele. Vocês são seres completamente imundos.

Enquanto ambos andavam carregando Zerachiel, Abel olhou para o demônio e o repreendeu. Hzethel não ligava muito e então sorriu canto de boca.

– Hum, você deveria experimentar um pouco. Tenho certeza de que um anjo forte como você iria apreciar bastante o sabor.

– Não, obrigado.

Hzethel pensou na forma honesta e ignorante como o anjo maior respondeu. Ele queria socar o anjo com aquela tamanha astúcia, mas ele percebeu outra coisa além disso. O anjo estava olhando para Zerachiel com outros olhos. Olhos preocupados e sedentos por algumas coisas a mais. Aquela preocupação toda não era de apenas uma simples amizade angelical, parecia ser outro tipo de atração e uma que Hzethel conhecia muito bem. Aquele anjo não sabia esconder seus sentimentos. Hzethel riu da situação e Anel se perguntou qual a graça.

– Você é tão perverso... Qual a graça?

– A graça aqui é você.

Abel franziu a testa com sentimentos de raiva enquanto Hzethel sorria malicioso. Ele já sabia das intenções do anjo e queria brincar com isso. Abel ficou quieto com esperança de que Hzethel continuasse.

– Você tem sentimentos por Zerachiel, não é? Haha, que patético! – Hzethel riu provocando – É engraçado pois vocês nunca poderão ficar juntos já que são seres divinos. Oh, será que você irá virar um anjo caído por causa disso? Que interessante.

A cada palavra que saia da boca de Hzethel, Abel sentia um ódio imenso e vontade de acabar com aquele demônio naquele segundo. Isso estava irritando Abel, mas também o fez pensar sobre isso.

– Você é louco se pensa uma coisa miserável como essa! É melhor se falar seu demônio, antes que -!

Antes de Abel conseguir terminar a frase, ele notou alguém o chamando. Eram outros anjos que estavam chamando Abel de volta para seus afazeres, mas Hzethel não podia escutar já que era um demônio. Abel suspirou irritado e logo soltou Zerachiel fazendo com que o mesmo se apoiasse agora apenas em Hzethel. Abel olhou ameaçador para Hzethel.

– É melhor você não fazer nada com ele, ou vai ver o que posso fazer com você.

O tom da ameaça de Abel não surtiu efeito algum para Hzethel que apenas viu o anjo ficar em sua forma espiritual agora e partir. Zerachiel grunhiu novamente parecendo mais tonto.

– Seu amigo não consegue nem ser sincero.

[...]

Quando eles chegaram no hotel, Hzethel deitou o anjo na cama com tamanha facilidade já que o mesmo era bem mais leve do que ele pensava. Os botões da camisa do anjo ainda estavam abertas e Hzethel percebeu o rubor em seu rosto. Zerachiel se remexia na cama como uma cadela no cio e aquela camisa aberta não ajudava muito. Talvez se Hzethel estivesse bêbado ele não pensaria duas vezes antes de atacar esse corpo vulnerável, mas mesmo assim ele resolveu brincar um pouco com aquilo.

– Você é muito bobo para um anjo da guarda... Deveriam ter colocado um anjo com mais experiência para essa missão.

Hzethel olhou para seu rosto novamente e se sentou na beirada da cama enquanto Zerachiel se remexia e murmurava algumas coisas. Hzethel viu que o colar que Zerachiel geralmente usava nesse corpo estava apertando sua garganta e se aproximou para tentar ajeitar isso, quando de repente Zerachiel gemeu um pouco com alívio daquilo. Certo, isso foi o suficiente para deixar Hzethel exitado. Ele se perguntava como aquela simples reação o deixou desse jeito. Seus sentidos começaram a aguçar depois daquilo. O cheiro do odor dos dois corpos, a maneira como o anjo se movia e grunhia. O demônio sempre foi obcecado por essas características. Hzethel analisou a cena e então só ali percebeu que estava sedento por aquilo. Sedento por ele.

Mesmo sendo cruel e imundo como todos os enxergavam, ele não queria fazer aquilo. Não seria nada do agrado dele fazer com alguém quase inconsciente. Talvez se Zerachiel estivesse pelo menos um pouco acordado e o repreendendo como sempre. Nesse caso, talvez ele não teria se controlado. Hzethel precisava urgente daquilo e então saiu do hotel as pressas e se dirigiu para o motel mais próximo, afinal, não era tão tarde.

[...]

Quando Zerachiel acordou, ele se sentiu completamente fraco e com uma ressaca daquelas. Quando ele se ajeitou e olhou ao redor, não encontrou Hzethel em nenhum lugar. Mas onde diabos aquele ser estava? Oh, não.

Zerachiel rapidamente se levantou e saiu correndo para a cada da menina a qual estava sob sua proteção. Ele estava agora em sua forma espiritual e quando chegou lá, Hzethel também não estava presente. Ele suspirou em alívio e então viu a menina indo para a escola e não pensou duas vezes antes de acompanhar a menina até a escola. Mesmo odiando aquele bastardo, algo parecia errado mas Zerachiel não ligou.

Na volta da escola, Alice seguiu tranquilamente segura e alegre com sua mãe enquanto Zerachiel acompanhava a a menina. Algo estava errado ali. Quando a menina voltou para casa e entrou em seu quarto, Zerachiel a acompanhou e em seguida sentou na janela observando a rua enquanto a menina brincava. Ele se perguntava onde estava aquele bastardo maluco e também se perguntava o porquê dessa dor aguda na cabeça. A última coisa que ele se lembrava da noite passada era ele competindo com outro demônio e bebendo até não aguentar mais.

A visão de Zerachiel de repente focou em um homem atravessando a rua e quase sendo atropelado. Ele se perguntava o porquê aquela silhueta era tão familiar. Foi aí que ele percebeu que era Hzethel.

– Mas o que...!

O anjo gritou da janela o nome de Hzethel. Mesmo aquele demônio estando em sua forma carnal, ele podia ver e ouvir o anjo. Hzethel olhou para cima e viu o anjo da janela, mas não ligou e continuou andando. Foi nesse momento que Zerachiel pulou a janela e rapidamente estava em sua forma carnal. Ele seguiu Hzethel já que o mesmo não parou de andar.

– Hzethel! Ei, pare bem aí seu bastardo!

Hzethel não parava nem por um segundo de andar parecendo cada vez mais desesperado por fugir do anjo que o chamava. Zerachiel então se aproximou mais e puxou seu braço com força fazendo o maior dessa vez o encarar. Hzethel olhou com raiva.

– Onde você estava e porque está fugindo agora?!

– Isso não é da sua conta e é melhor me soltar se não quiser perder essas belas mãos angelicais.

Aquilo era estranho demais. Hzethel estava o tempo todo tentando não olhar para Zerachiel que já estava impaciente.

– Pare de bobagens. O que aconteceu com você?

– Está se preocupando demais com um ser imundo como eu. Está tendo sentimentos por mim por acaso?

Zerachiel piscou incrédulo e depois se aproximou mais de Hzethel para tentar entender suas expressões.

– Essa foi a coisa mais ridícula que eu já ouvi! Pare de enrolação e me conte de uma vez...!

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⏰ Última atualização: Jul 01 ⏰

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